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quarta-feira, janeiro 07, 2015

Charlie Hebdo, a testemunha privilegiada

a cartoonista Corinne Rey, popularizada pelo petit-nom de "Coco" estava horrorizada e em estado de choque ainda no local do tiroteio, quando foi contactada por telefone pelo jornal l`Humanité, e descreveu o que tinha acontecido: "eu tinha saido para ir buscar a minha filha à creche, mas quando abri a porta do edificio estavam dois homens encapuzados e armados que nos ameaçaram brutalmente. Eles queriam entrar, ir para a redacção em cima, eu digitei o código. Eles atiraram sobre o Wolinski, o Cabu ... durou cinco minutos ... eu refugiei-me debaixo de uma mesa. Eles falavam francês perfeitamente ... e reivindicavam ser da al-Qaeda" - o retrato da testemunha é da autoria de Théo Robin copiado de um écran de vídeo. Este outro também está impecável. Alguém que "ia a passar" por ali e achou importante filmar para que se soubesse que os dois atacantes falavam perfeitamente francês e eram da al-Qaeda, como se sabe uma sinistra organização inexistente. Londres já tinha tido um episódio semelhante, Madrid também, faltava Paris, que acontece agora precisamente no momento que em a situação de crise económica se agrava e é necessário criar um clima de medo (auto-controlado pelos individuos)  para evitar que os governos assumam abertamente a repressão.

A tragédia de hoje traz novo terreno fértil para mais histeria xenófoba e criminosa contra o Islamismo, mais uma actualização da velha cruzada religiosa do fundamentalismo cristão liderada pelos neoconservadores norte-americanos a coberto da estafada teoria do "choque das civilizações". Dizem as fontes oficiais ter sido um "ataque terrorista de "islamistas fundamentalistas" em retaliação contra as sátiras "anti-Islão"... mais uma boa desculpa para aumentar a psicose securitária no ocidente, e claro a paranóia no controlo biopolítico da população; por exemplo e mera coincidência (e a noticia é de hoje mesmo) o "governo britânico quer infantários a detectar crianças em risco de se tornarem terroristas" (fonte). Ou seja, este atentado que beneficia a extrema-direita é um golpe terrível que atinge uma das nossas principais conquistas civilizacionais: a liberdade de expressão politica - quem se manifestar dissidente das ideias dos neocons no poder é terrorista!

Esta semana, a capa do jornal satírico evoca o livro lançado esta quarta-feira e que está a provocar polémica em França. "Submissão", um romance de Michel Houellebecq, conta a história da ascensão de um muçulmano à presidência de França, levando à instauração da poligamia e do uso do véu, com o próprio narrador do romance a a converter-se ao Islão para manter o seu emprego.
O livro já lidera a lista de pré-encomendas na Amazon francesa e tem sido defendido e atacado com garra nos meios políticos e culturais, havendo quem o compare a "1984" de Orwell e quem o acuse de servir para abrir caminho à extrema-direita de Marine Le Pen. (Esquerda.net) - o Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM), que representa a comunidade muçulmana em França e é presidido pelo imã da Grande Mesquita de Paris, repudiou o massacre no Charlie Hebdo, afirmando que "este acto bárbaro de extrema gravidade é também um ataque contra a democracia e a liberdade de imprensa". Ea pergunta é: se toda a gente, cristãos e muçulmanos estão de acordo no essencial sobre direitos democráticos, quem fomenta, paga e publicita este tipo de publicações provocatórias que vão sempre no sentido xenófobo de diabolização do Islamismo?

"What's more insulting to the Prophet than satirical cartoons is the murder of innocents in his name"
Declaração do Exército Árabe Sírio:
"O que aconteceu em França não é nada mais que as políticas do (governo) francês a fazerem ricochete. Nós não desejamos o que estamos a ver na Síria a ninguém, nem mesmo aos nossos inimigos. Mas foi esse mesmo governo (francês) que apoiou os tumultos na Síria, permitindo que movimentos extremistas sentissem que eram imparáveis, o que foi atingido como resultado das suas acções. E por isso eles são os únicos culpados". (Syrian Arab Army)

5 comentários:

Diogo disse...

Quem ganha com tudo isto? Evidentemente, os complexos militares-industriais (sobretudo o americano) que precisam de guerra para fazer dinheiro. E a quem pertencem os complexos militares-industriais? Ao Grande Dinheiro que já controla todo o planeta.

Thor disse...

"falavam perfeitamente francês e eram da al-Qaeda, como se sabe uma sinistra organização inexistente."


ora nem mais. a Al-Qaeda (literalmente 'A Base') não passa de uma fachada para operações da CIA...e mesmo da mossad.
é um mero fantoche do americo-sionismo e não uma 'organização terrorista islâmica'.

eu já nem te vou chamar a atenção para o facto de continuares a misturar Nazismo com neocons, porque não quero estragar o teu post que até está 80% ou 90% certeiro e razoável.

xatoo disse...

a História nunca se repete em termos exactamente iguais, tem de ser vista de modo dialéctico, como coisa que evolui consoante a evolução das classes, das formações sociais e meios tecnológicos em presença. Nazismo e Fascismo são duas formas extremas de impôr o Capitalismo, impedindo a sua falência. A questão que se põe desde a eclosão do Neoconsevadorismo a partir do 11 de Setembro é igualmente evitar o crash capitalista usando toda a espécie de criminalidade ao seu alcance. Não existem diferenças substanciais, excepto na forma, entre os regimes impostos mobilizando as massas por Hitler, Mussolini ou Obama - só que desta vez, graças à divulgação em massa da informação alternativa, já existe por parte das populações uma razoável compreensão do desastre, por um lado, por outro lado, cada vez mais idiotas a pensar que a crise se resolve em beneficio da maioria recorrendo aos Le Pen, Auroras Douradas e outros energúmenos.

Anti-ZOG disse...

"Nazismo e Fascismo são duas formas extremas de impôr o Capitalismo, impedindo a sua falência."

O Fascismo e o Nazismo são formas extremas de capitalismo mas a América capitalista andou a bombardear á força toda estes países até ficarem em cinzas.

E depois vemos aqui a acolá defender as politicas do Putin na Rússia, que é um regime de "direita" no sentido mais cultural diga-se. Eu até nem desgosto do Putin e é sabido que a Rússia apoia(não muito abertamente) alguns partidos Nacionalistas na Europa.

Anti-ZOG disse...

Anti-ZOG disse...
"Russia does not need Muslim minorities. Minorities need Russia, and we will not grant them special privileges, or try to change our laws to fit their desires, no matter how loud they yell ‘discrimination’. We will not tolerate disrespect of our Russian culture. We better learn from the suicides of America, England, Holland and France, if we are to survive as a nation. The Muslims are taking over those countries and they will not take over Russia. The Russian customs and traditions are not compatible with the lack of culture or the primitive ways of Sharia Law and Muslims.
When this honorable legislative body thinks of creating new laws, it should have in mind the Russian national interest first, observing that the Muslims Minorities Are Not Russians."
- Vladimir Putin
"The politicians in the Duma gave Putin a five minute standing ovation."

Gostam do Putin, mas são fanáticos defensores da imigração e das fronteiras abertas.
Se este discurso for feita pela Marine Le Pen já é extremismo, fascismo, xenofobia, extrema-direita etc. Agora se for o Putin, ou se for o Líder Chinês ou outro qualquer que não seja europeu ai já não refilam.
As coisas não encaixam.