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quarta-feira, maio 31, 2006

onde estás tu? Deus?

"Esta fábula de Jesus Cristo tem-nos resultado muito proveitosa"
Papa Leão X






* afinal no Céu também havia, pelo que se pressupõe que continue a haver, leitores de Eça de Queiroz - o negócio de Fátima visto 40 anos antes, em 1879, no "Crime do Padre Amaro":
A profecia de Gouveia Ledesma

segunda-feira, maio 29, 2006

Desde que um jornal meta as mãos numa história, os factos perdem-se para sempre, mesmo para os protagonistas
Norman Mailer





ora diga-nos,
em que jornal se pode ler uma recensão do livro de Anselm Jappe,"As Aventuras da Mercadoria", nestes termos:

Tornou-se banal dizer que o mundo não é uma mercadoria, que é imperativo repudiar a «mercantilização» da vida. No entanto, ninguém ousa abordar a questão central: de onde advém exactamente esta impostura, esta inversão da realidade geralmente atribuída ao dinheiro e ao consumo? Marx respondeu a esta questão há mais de um século: os seres humanos fetichizam o «valor», fabricam um conceito todo-poderoso, um novo deus que nada tem a ver com a realidade das suas vidas nem com as respectivas necessidades.

"Há alguns anos muita gente estava disposta a acreditar no “fim da história" e na vitória definitiva da economia de mercado e da democracia liberal. Considerava-se que a dissolução do império soviético era uma prova da inexistência de alternativa para o capitalismo ocidental. Partidários e inimigos jurados do capitalismo estavam igualmente convencidos desse facto. E, segundo essa opinião dominante, a partir daí a discussão deveria girar apenas em torno de questões de pormenor acerca da gestão da realidade existente.
De facto desapareceu completamente da politica oficial toda e qualquer luta entre concepções divergentes e, salvo algumas excepções, passou também a estar ausente a própria ideia da possibilidade de imaginar uma maneira de viver e de produzir que fosse diferente da que se impôs. Esta última parece ter-se convertido por toda a parte no único desejo dos homens. Porém, a realidade verga-se às ordens com menos facilidade do que os pensadores contemporâneos. Nos anos que se seguiram à “vitória definitiva” da economia de mercado, esta mostrou mais fragilidade do que durante as cinco décadas precedentes, como se na verdade a derrocada dos países do Leste não tivesse sido mais do que o primeiro acto de uma crise de proporções mundiais".


"O desemprego real cresce por toda a parte, e uma vez que a causa reside no enorme salto de produtividade decorrente da revolução informática, nada poderá inverter essa tendência nem a de desmantelamento do Estado social. Estas duas tendências, em conjunto, geram a marginalização de uma parte crescente da população, mesmo nos países mais ricos, que entram em regressão relativamente aos padrões vigentes durante um século de evolução social.
Quanto ao resto do mundo, encontram-se umas quantas ilhas de bem-estar e de democracia new-look no meio de um oceano de guerras, de miséria e de tráficos abomináveis. E não se trata de uma ordem que, sendo injusta, fosse pelo menos estável: a própria riqueza encontra-se constantemente sob ameaça de desmoronamento.

As Bolsas financeiras, com movimentações cada vez mais irracionais e sujeitas a colapsos cada vez mais frequentes em países modelo com a Coreia do Sul, a Indonésia oua Argentina, anunciam aos olhos de qualquer observador, mesmo o mais leviano, um cataclismo a breve prazo. Enquanto se vai esperando, há uma espada de Dâmocles suspensa sobre a cabeça de todos, ricos ou pobres: a destruição do ambiente. Neste domínio, cada pequeno melhoramento da situação que se consegue levar a cabo num determinado sítio é acompanhado por uma dezena de novas loucuras praticadas em outros locais do mundo".
* leia mais,sobre o livro de A.Jappe no blogue "Pimenta Negra"

relacionado:
* "Do Marxismo à Crítica do Valor" - por Ulrich Leicht
* A sociedade do espectáculo trinta anos depois, por Robert Kurz
* o DN publicou uma entrevista com o autor, da autoria de José Mario Silva, na secção de "Artes"

domingo, maio 28, 2006

o Ouro do Reno

A primeira parte da tetralogia "O Anel dos Nibelungos" de Richard Wagner, "O Ouro do Reno", estreia hoje no Teatro Nacional de São Carlos.

Ilustração de Franz Stassen, Berlim, 1914

Alberich, o elfo negro, despoja o Ouro do seu estado natural através da fundição do Anel. De posse do Anel submete os Nibelungos ao seu poder absoluto; porém o Poder do Anel implica a sua renúncia ao Amor. A renúncia de Alberich é uma espécie de auto -maldição, a destruição da sua própria natureza. A segunda maldição, depois de Wotan lhe ter roubado o anel, acompanhará todos aqueles que doravante possuirem o Anel. Com a maldição e a acção de Alberich começa a destruição da Natureza. (gravura central). A ordem mundial foi violada. As filhas do Rio (o Reno), as criaturas elementares Woglinda, Wellgunda e Flasilda (gravura superior) ficam impedidas de procriar os seus filhos no Tempo.
Erda, a deusa da Terra, desce às profundezas do Mundo, num sono cósmico profundo. (gravura inferior)

"Richard Wagner escreve em "A arte e a revolução", em 1849:«Estamos longe de poder reconhecer na arte dos nossos teatros públicos a verdadeira arte dramática, a obra única, indivisível e grandiosa do espírito humano. O nosso teatro limita-se a fornecer um espaço complicado para uma apresentação atraente de factos cénicos isolados, superficialmente interligados, defeituosamente artísticos ou, para ser mais exacto, artificiosos.» Considerando que a ópera, como espelho da sociedade, se encontra em decadência, Wagner empreende a sua reforma. Pretendendo reaproximar o homem da verdade original, da essência, da qual tinha sido afastado pela sociedade, pela palavra, pela História o compositor encontrará, no conceito de ópera como obra-de-arte-total, inspirado no modelo da tragédia antiga, o veículo privilegiado de aproximação a esse estado primeiro" (do programa do SC)
Wagner foi um revolucionário do seu tempo, comprometido com a 1ª Internacional Socialista, que participou Revolução de Dresden e que foi obrigado a pedir asilo politico na Suiça, mas a informação oficial sobre essas referências é geralmente omitida, em beneficio do grande artista ad-nihilum, sem conotações com a realidade, com os problemas do povo onde se inseriu, muito menos com as analogias que possam porventura ser extrapoláveis para a nossa época, aqui e agora.
















Graham Vick, mundialmente famoso pelas encenações de clássicos transpondo-os para ambientes contemporâneos é o responsável pelo "Ouro do Reno" nesta versão do São Carlos em Lisboa, e promete fazer sensação. Razão tem a critica ultraconservadora para "recear o pior",,, que, ainda antes da obra ser estreada, não se têm feito rogada em carpir as previsiveis mágoas.
Realmente as suspeitas são fundamentadas. Só para levantar uma pequena ponta do pano de cena, num teatro completamente transfigurado ( a acção desenrola-se na plateia e os espectadores estão no palco) a peça termina com Wotan, Alberich, Mime e Fricka - os Poderosos cantando o quadro final do alto da magestosa Tribuna Presidencial do Teatro, enquanto do bôjo da plateia se abre uma caverna por onde emerge um missil militar, pronto a ser utilizado - enquanto os elementos do coro, que estavam misturados com os espectadores, cidadãos normais como eles, deambulam atarantados (submetidos).
Num país normal, até para efeito de se rentabilizarem, estas coisas são televisionadas e transmitidas depois para divulgação para o grande público, que não dispõe de condições de acesso aos teatros das elites. Mas no caso, o teatro de São Carlos é patrocinado em exclusivo pelo Millennium BCP- Opus Dei. O que significa que o entendimento destas coisas dificilmente sairá do campo de observação das supracitadas elites. Bilhetes de 25 a 70 euros.(dias 28, 29 e 30 Maio; 1, 2 e 4 Junho) - Lotações Esgotadas.

Encenação - Graham Vick (ver entrevista ao Guardian)
Direcção musical - Emilio Pomàrico
Coreografia - Ron Howell
Cenografia e figurinos - Timothy O'Brien

Graham Vick: "Ninguém é dono de nada, somos apenas guardiães de uma forma de arte. Não se pode pretender conhecê-la melhor que ninguém, ser dono da verdade absoluta, porque a essência da arte é um mistério"

o Elenco:
Wotan - Stefan Ignat ***
Loge - Will Hartmann *****
Fricka - Judith Nemeth ****
Freia - Tatiana Serjan
Erda - Gabriele May ****
Donner - Michael Vier
Froh - Stefan Margita
Alberich - Johann Werner Prein ****
Mime - Peter Keller ***
Fasolt - Keel Watson
Fafner - Friedemann Röhlig
Woglinde - Andrea Dankova
Wellgunde - Dora Rodrigues
Flosshilde - Cornelia Entling

Não cabe neste espaço a apreciação da obra em si, apenas referir que "O Anel de Nibelungo", a que depois do prólogo, se segue "A Valquiria", "Siegrefied" e o "Crepúsculo dos Deuses" é a mais completa e ambiciosa obra da história da ópera, ou até mesmo tida como o ideal wagneriano de "Obra de Arte Total" (Gesamtkunstwerk) correspondente às teorias expressas no ensaio "A Obra de Arte do Futuro" escrita por Wagner cerca de 1850. A tetralogia tem dado origem a diversas interpretações, condensando um potencial inesgotável. Tragédia mítica, alegoria politica e social, drama ecológico onde as forças da Natureza retiradas da sua ordem se vingam e degradam de forma suicida, metáfora do paradoxo que é a lei, história natural do capitalismo (segundo Bernard Shaw), inauguração da utopia,,, "uma outra leitura, presente nos esboços de Wagner, remete para o homem que cresce para uma consciência mais completa de si próprio. Já não necessita dos deuses, vendo-os apenas como expressão e razão para a sua servidão interior e exterior"
para aprofundar o tema:
(ler artigo de Cristina Fernandes no suplemento Mil Folhas de 27/Maio)

* o Castelo de Walhalla numa encenação tradicional - Wotan promete pagar aos Gigantes que o construiram (uma óbvia alusão à classe operária) a deusa Freia, embora nunca tivesse pensado em cumprir a promessa.

* a Musica Erudita, na Wikipédia

sábado, maio 27, 2006

Rock in São Paulo

Sobre os recentes acontecimentos em São Paulo, no Brasil, outro tipo de contabilidade a fazer será a dos que se conseguem escapar desta luta de classes elevada a condições extremas - por exemplo, a menina Roberta Medina filhinha brasileira do Roberto Medina organizador do Rock-in-Rio de Lisboa, acaba de se naturalizar portuguesa.
O evento é patrocinado pelo Millennium-BCP-Opus Dei
O problema dos 140 mil presos revoltosos que puseram São Paulo em estado-de-sitio é que não têm patrocinadores à altura,,,video)

O governador de São Paulo, Cláudio Lembo, afirma que o problema de violência no Estado só será resolvido quando a "minoria branca" mudar sua mentalidade. "Nós temos uma burguesia muito má, uma minoria branca muito perversa", afirmou. "A bolsa da burguesia vai ter que ser aberta para poder sustentar a miséria social brasileira no sentido de haver mais empregos, mais educação, mais solidariedade, mais diálogo e reciprocidade de situações."
No Brasil, a ausência de Reforma Agrária expulsou milhões de pessoas do campo; e as cidades incharam. Hoje o capitalismo brasileiro não tem empregos nem soluções para toda a gente que se aglomera nos grandes centros urbanos. O actual governo, de orientação neoliberal, é a continuação mimética do anterior conduzido pelo sr. F. H. Cardoso. O Brasil, sob Lula, é um país escravizado aos credores da Wall Street. Para estes há sempre dinheiro, para as necessidades do povo nada (excepto algum assistencialismo, com as bençãos do FMI & Banco Mundial). A situação social torna-se, então, explosiva. A marginalização de enormes camadas da população — provocada e mantida pela política reaccionária do actual governo e dos seus antecessores; criou um caldo de cultura para saídas aberrantes.


É o que se verifica hoje em S. Paulo, onde o crime organizado faz uma prova de força paramilitar com o corrupto aparelho de estado brasileiro. A barbárie existe dos dois lados.
É de recordar a tese de István Mészáros de que hoje, nesta fase do capitalismo, quando o desemprego já se tornou estrutural, os rendimentos deveriam ser desligados do trabalho prestado. A repartição do Produto Social por todos os cidadãos, independentemente do seu trabalho, merece ser posta na ordem do dia. No caso de um país submetido como o Brasil, isso exigirá obviamente que o Produto cesse de ser desviado para o capital imperialista. Este constitui o verdadeiro inimigo.


*Resenha histórica do PCC, das contradições de São Paulo e do Brasil, por Hector Benoit
* A vida nas Favelas
* Os Meninos de Rua

* Nos próximos dois anos, meio milhão de brasileiros deverão estar atrás das grades. Mantendo-se a tendência actual, seria preciso construir um novo presídio a cada 15 dias. Ao mesmo tempo, o Brasil possui a segunda maior frota de helicópteros particulares do mundo.
Onde é que isso vai dar?

* Duas semanas depois dos crimes que deixaram a população da maior cidade do país em pânico – e por mais que a situação seja complexa demais para se afirmar quem são os responsáveis por isso –, a parcela conservadora da sociedade aponta o dedo para os defensores dos direitos humanos, agora, vítimas de ameaças - Uma suástica desenhada no banco da paróquia da Mooca, em São Paulo. Foi este o recado dado ao Padre Júlio Lancelloti nesta semana, depois que as organizações de direitos humanos intensificaram as denúncias de abuso e críticas à atuação da polícia na repressão aos ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC)

sexta-feira, maio 26, 2006

a feira do Livro e o mercado

A palavra ainda nos pode resgatar a todos
Arundahti Roy

9 em cada 10 portugueses não lêem.
e os que lêem, lêem o quê? – a avaliar pela maioria do que se vê nas listas dos top de vendas, lêm merda.

Mandam as boas regras que se deve ler; ler para se conhecer, aprender,,, para se ser culto, presume-se. Então, devemos ler o quê? – se fizermos fé no mercado e seguíssemos as ofertas mais apelativas, apresentadas cuidadosamente embrulhadas no marketing de avultados investimentos, breve teríamos a carola literalmente atafulhada de margaridices, ritices, dansBrownszadas e outros especiméns de literatura light “de grande êxito” de venda em supermercados a preços de saldo. Grandes quantidades de exemplares vendidos a baixo preço geram lucros fabulosos para as máquinas editoriais, ao mesmo tempo que se cumpre o objectivo nacional das elites, que é tão simples como promover, financiando, a manutenção do estado geral de estupidificação das pobres massas de alarves. É possível adquirir um calhamaço de 552 páginas da autoria de um locutor de Tv por 22 euros (Editora Gradiva), ou uma biografia americana (!) de Mao por 30 euros com 866 páginas!. No outro lado do espectro, obviamente o lado bom, um pequeno opúsculo que edita o discurso “Arte, Verdade e Politica” do prémio Nobel deste ano, Harold Pinter, com apenas 52 páginas custa 9 euros (Editora Dinossauro). Uma colectânea de poemas de Pasolini (Editora Assírio&Alvim) custa 20 euros. O “Código da Vinci”, 450 paginas custa 14 euros. Estamos a falar de censura institucional por via administrativa empresarial?
Mas há mais formas de intervenção,alem do preço, cerceando, com a finalidade de desacreditar, o uso da palavra escrita.











O “Financial Times”, um barómetro infalível, e bem apetrechado filosoficamente, na avaliação da qualidade do que se edita no campo da Literatura universal, tem uma opinião desfavorável sobre José Saramago. A critica literária do jornal despacha o livro “Ensaio sobre a Lucidez” (“Seeing”, na versão inglesa agora traduzida) com um seco “decididamente frustrante como ficção”, ao mesmo tempo que enleva a tradutora Margaret Jull dizendo que ela fez “um trabalho notável tornando claro, preciso e legível um texto palavroso e enrolado". Sem dúvida, um tratamento eficaz, para uma obra que custa 10 euros.

António de Sousa, Pintura Mural, 2006:


Na recente tentativa de proibir a edição do livro “Couves&Alforrecas” (55 páginas, 8,5 euros), uma critica à escrita subliterária de MargarinaRebeloPinto, que se encobre sob o manto diáfano do auto-plágio, o Tribunal decidiu não dar provimento à providência cautelar que impediria a sua publicação. Mas, na decisão final, a juíza arrogou-se a comentar a sua opinião (ou a do Tribunal?) salientando que o “texto completo da obra de João Pedro George “se contém genericamente dentro da crítica objectiva, embora salpicado por expressões que, para alem de incorrectas e indelicadas, são susceptíveis de se revelarem ofensivas dos direitos do bom nome, honra e consideração da escritora”. Por esta altura do texto, para satisfazer egos com vícios de leitura “à esquerda” cumpre-me enfiar aqui uma caralhada em homenagem ao Luiz Pacheco,,, - senhora doutora Juíza! – quem habilitou vossa Senhoria para tecer juízos de valor sobre o bom nome de trampa?,,, não caberá aos leitores essa tarefa?
É uma vergonha que um tribunal, num país livre, aceite julgar casos destes.

que relação existe de facto actualmente entre a Arte, a Verdade e a Politica?
que o economicismo neoliberal não tenha corrompido?







"O Tempo encobre a Verdade"
Giambattista Tiepolo - Palazzo Sandi - Veneza


“Como escritores tentamos integrar este mundo desintegrado. Encontramo-nos entre a esperança pessoal e a desesperança pública. Na situação em que o mundo está, estamos a escrever de uma zona de guerra. É impossível regressar a casa, ao nosso escritório”
Eduardo Galeano

quinta-feira, maio 25, 2006

Timor "Livre" versus Mercado Livre

Mais uma vez, é tudo sobre o Petróleo!


Observe-se o mapa acima e as improváveis e sinuosas delimitações das linhas que dividem os poços a ser explorados pela Austrália. Porque não passa a linha a meio, como advoga o direito internacional, dividindo as duas zonas em partes iguais? - porque este desenho foi o pagamento pela "ajuda" militar dos Cangurus na intervenção quando foi decidida a "independência". Timor é um porta-aviões Ocidental em terreno hostil, sem grandes custos de manutenção. Uma pequena armada de professores lusos ensinam a lingua portuguesa a uma minoria com a finalidade de formar quadros que sejam úteis à gestão para esta finalidade. O resto da população, que é a grande maioria, permaneceu à margem deste processo, sem quaisquer hipóteses de evolução.
As explorações off-shore de petróleo existentes no Mar de Timor constituem recursos que dariam para a população timorense viver sem problemas. Tudo isto já era sabido quando a principal ineressada, a anglo-saxónica Austrália, foi a primeira a "ajudar" à independência da jovem nação, na sequência do reconhecimento do direito à soberania pela ONU com base na diferenciação da população como grupo étnico, em relação ao ocupante ilegal, apadrinhado em 1975 por Kissinger.
Porém, passados os primeiros tempos de implantação das estruturas do novo país, a triste realidade depressa veio ao de cima: não há nenhum país cujo governo seja regulado pelo Catolicismo implantado como religião de Estado, que não seja socialmente miserável. E, miséria é coisa que não tem faltado aos timorenses.
E se, mais grave ainda, se se notarem algumas preocupações do tipo socializante por parte dos governantes locais, o fim mais que certo é o de serem acusados de "marxistas". O lider dos revoltosos, auto-denominados os "peticionários", Alfredo Reinado diz em entrevista: "Podem mudar de governo 5, 10, 20 vezes, isso não significa nada para este povo.Queremos justiça.
Bingo?
Dá-se um doce a quem adivinhar o que é que os militares portugueses (PS e PSD) e australianos, ambos sob regimes caninamente aliados aos neocons de Bush, vão lá fazer com a intervenção que estão a preparar,,,



* relato dos acontecimentos actualizado a cada momento, no blogue
www.timor-online.blogspot.com
ou em
www.blogs.publico.pt/timor/

quarta-feira, maio 24, 2006

Os Senhores da Guerra - (episódio 4)

o CSP - um grupo militarista na sombra do poderio norte-americano








De Reagan a Clinton


Após estes anos de vacas magras, toda a equipa do CPD regressou ao poder sob a presidência de Ronald Reagan. Este último fora recrutado pela "stay-behind" no início da Guerra Fria, quando era actor em Hollywood. Tinha surgido, nomeadamente, mas campanhas publicitárias de recolha de fundos a favor da Cruzada para a Liberdade (Crusade for Freedom-The Evil Empire), uma associação criada por Allen Dulles (o fundador da CIA) como “chapéu de chuva” para financiar o Comité Internacional dos Refugiados em Nova Iorque (International Refugee Committee in New York).
Este organismo, dirigido por William Casey, tinha por missão fazer entrar discretamente nos Estados Unidos os ex-nazis uteis à luta anticomunista. Durante o periodo do maccartismo, Ronald Reagan tinha igualmente sido utilizado pela "stay-behind" na purga de Hollywood.

Ronald Reagan nomeou o seu ex-agente de ligação William Casey para a direcção da CIA. A "stay-behind" recuperou as suas prerrogativas e multiplicou os golpes baixos, até ao Irangate. Os homens do CPD dividiram-se entre o Pentágono e o Gabinete para o Desarmamento no Departamento de Estado. Rostow e Van Cleave foram nomeados para chefiarem a Agencia de Controlo da Armas e do Desarmamento (Arms Control and Disarmement Agency – ACDA); Richard Pipes tornou-se o kremlinólogo residente da Casa Branca; etc. Ninguém foi esquecido: Jeane Kirkpatrick, que muito se havia empenhado na Coligação para uma Maioria Democrática, também ela foi nomeada embaixadora na ONU; ou Michael Novak, que representara o American Enterprise Unidos na Comissão dos Direitos do Homem; etc. Aqueles que prosseguiam carreira no sector privado foram igualmente recompensados, como sucedeu a Donald Rumsfeld, que se tornara director-geral de uma multinacional, sendo nomeado conselheiro especial da Casa Branca para o controlo das armas.
O presidente Reagan designou a URSS como “Império do Mal” e relançou os programas nucleares e espaciais. As duas Directivas sobre as Decisões de Segurança Nacional (Nacional Security Decision Directives), NSDD-42 e NSDD-85, restabeleceram todo o instituíram as bases legais do mais vasto programa militar da história, a Iniciativa de Defesa Estratégica (Strategic Defense Initiative – SDI), que ficou mais conhecida como Guerra das Estrelas.
Em 1989, tendo atingido o limite constitucional dos seus dois mandatos, Ronald Reagan passou o lugar a George H. Bush. Inscrevendo-se inicialmente na continuidade, o novo presidente suscitou muitas decepções entre os anciões do CPD. Bush pai considerava que a inesperada derrocada da URSS, marcando de facto o final da Guerra Fria, anunciava um período propício à abertura de novos mercados e à pilhagem dos recursos naturais. Os seus antigos amigos pensavam, pelo contrário, que o desaparecimento do único competidor permitia finalmente concretizar o seu sonho de um domínio militar exclusivo.

Pior ainda, em 1993, a chegada de um democrata moralista, William Clinton, evocou para os veteranos da Guerra Fria as dificuldades do episódio Carter. Além disso, durante os anos H.Bush/Clinton, os ansiães do CPD criaram ou reactivaram toda uma série de think-tanks e de grupos de pressão para prepararem dias melhores. O Instituto Americano da Empresa (AEI) fez nascer o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (Center for Strategic and International StudiesCSIS).
O eixo Washington- Tel Aviv foi reforçado através do Instituto Judaico para as Matérias de Segurança Nacional (Jewish Institute for National Securit Affairs JINSA) e do Centro para a Política de Segurança (Center for Security PolicyCSP).
(continua)

terça-feira, maio 23, 2006

o arrastão Carrilho, parte II

"O estertor da politica tem sido, nestes últimos anos, a outra face do triunfo de um mercantilismo cego, que faz da cidadania uma simples pose, um sucedâneo do consumismo" MMC

Sobre o caso do Dinis Maria, o filho de Manuel Maria Carrilho, trazido para a ribalta por via das manipulações e contra-manipulações mediáticas de que vive o espectáculo politiqueiro neo-liberal,,, já quase tudo foi dito, redito e escrevinhado, sem que todavia o essencial ficasse esclarecido. É o costume.








Um dia destes, um intelectual não muito dado a este tipo de espectáculo degradante, em que se transformou a Politica, Augusto M. Seabra, foi condenado em tribunal por ter usado o termo “energúmeno” quando referiu Rui Rio, o presidente da Câmara do Porto, isto em 2003, sem que o seu nome tivesse sido citado, mas apenas o “energúmeno (alguém movido por uma obscessão que gera desacatos políticos e institucionais) que na altura, no exercício do primeiro mandato, “liderava a coligação que geria os destinos da autarquia. O tempo haveria de dar razão a Seabra, por via de factos ocorridos em finais de 2005, na mesma altura em que ocorreu a campanha de diabolização de Carrilho para a Câmara de Lisboa. Acontece que a Sic-Noticias também fez um debate similar sobre a cidade do Porto. Só que,,, vá-se lá saber porquê (eheheh), ao contrário do debate de Carrilho em Lisboa, nos estúdios do Porto não havia câmara televisiva suplementar para filmar os bastidores no final do debate – pelo que fomos privados de ouvir a reacção colérica e os gritos de Rui Rio que, furibundo, ameaçou ir queixar-se a Pinto Balsemão por causa de terem sido escolhidos para comentar o debate dois jornalistas de que o Presidente da Câmara do Porto não gosta. E como não havia câmaras suplementares, também fomos privados de assistir à performance circense do chefe de gabinete de Rui Rio, que se entreteve, por detrás das câmaras que estavam a assegurar a emissão, a perturbar constantemente a prestação em directo dos comentadores convidados. No livro “Sob o Signo da Verdade”, Carrilho desfere um ataque directo aos jornalistas, que trabalham hoje em maior quantidade nas Agências de Comunicação, (apoiadas em paralelo por escritórios de Advogados e Bancos de Investimentos), do que em órgãos de “Informação”, acusando-os de comportamentos promíscuos e cúmplices, apoiando ora uns, ora outros, conforme as lógicas comerciais clientelares do sistema. Era sobre este tema que deveria versar o programa Prós&Prós na RTP. Mas não foi dada a palavra a ninguém independente, apenas às duas facções dos dois partidos únicos do Bloco Central, que se acusaram mutuamente. Pacheco Pereira, na óptica dos seus próprios conceitos, “de sempre a mesma fauna de comentadores que têm sinais comuns onde se reconhecem uns aos outros”, queria provas da “conspiração de interesses” em que se fundaram as acusações de Carrilho e daí não saiu.Muito fraquinho.Branqueada a eleição da Câmara de Lisboa, o sistema de corrupção continua a funcionar em pleno, como se viu na negociata dos terrenos da Feira Popular com a Bragaparques que se manteve, na tentativa de compra do vereador Sá Fernandes, no escândalo do Vale de Santo António – enfim na massificação da densidade de construção em Lisboa à revelia do PDM. Provas?,,, devem estar a brincar com a gente.

Depois de tudo isto, das tricas e das omissões, para a posteridade fica a acusação de Carrilho, de dedo em riste para o director de programação da SIC-Noticias Ricardo Costa - “Você é a face da vergonha do jornalismo português”. É verdade. Ou não fosse o fulano um dos altos-responsáveis do grupo Impresa de Francisco Pinto Balsemão, a eminência parda que entendeu, vá-se lá saber porquê?, poder subverter a poltica em Portugal através de capas do jornal Expresso e da sua cadeia de televisão.

* para aceder ao Livro siga o link+ "entrar", clicando de seguida em "Livros" + "2"+ "Sob o Signo da Verdade"+ pag.1,2,3,etc

* Informação Controlada
Sete em cada dez das notícias publicadas nos diários portugueses têm origem em agências de informação e assessorias de imprensa.
* nos Estados Unidos a situação não é melhor: Relatório The State of the News Media 2006 admite que cidadãos da super-potência estão cada vez mais desinformados.

* concluindo: a nossas sociedades seriam democráticas e o sistema eleitoral seria legitimo se todos os cidadãos tivessem disponivel informação verdadeira num leque da maior diversidade de opiniões. Não é isso que acontece.
A nossa sociedade (construida por delegação nos cipaios locais do Império) "é uma sociedade de Comunicação sem réplica assegurada. As tiranias começam assim",
José Medeiros Ferreira, (DN 16/5)

segunda-feira, maio 22, 2006

Parem de matar apoiados em Mentiras!

Muitos activistas norte americanos, que escrevem em blogues, estão a receber comunicações da "United States Military Academy" a famosa Academia Militar de West Point, avisando-os de que serão responsabilizados judicialmente se referirem ou utilizarem o nome ou frases onde se incluam as palavras "West Point" "US Army", "United States Military Academy", sem prévia autorização expressa do Departamento de Defesa do Estado, infracção que constituiu violação do Artigo 17º do Código Penal dos EUA.

ahahah!ah!,a malta já não se ria assim tanto desde há muito tempo, ahahahah!
Não há cadete que tivesse passado por aquela escola militar que não conheça p/exemplo estes "infractores"





além da empresa de limpezas West Point, ou do West Point Motel,,,

no entanto, a resposta mais "divertida" vem do bloguer Jim Ryan, um antigo cadete de West Point, que fundou a "Liga de Antigos Graduados de West Point contra a Guerra",,,
pergunta ele, e o assunto é sério, se estará "autorizado" a usar esta sigla, uma vez que aprendeu no curso da escola, e jurou, quando jurou bandeira, que os futuros oficiais do Exército dos Estados Unidos "jamais hão-de mentir, enganar, ou roubar, ou tolerar quem o faça"






Quem está a morrer por causa de Mentiras?
Quem mata por causa de Mentiras?
Quem tolera Mentirosos?

www.westpointgradsagainstthewar.org


Senhores altos-dignitários Politico-Militares do Pentágono: Parem de matar apoiados em Mentiras, dediquem-se antes a vender Pizas!

domingo, maio 21, 2006

natal, é sempre que um homem quiser

um Grupo anarquista estilo Robin dos Bosques dá aos pobres um cheirinho do estilo de vida da Alta Roda


Mascarados como um gang de ladrões, vestidos com indumentárias tipo super-Heróis um grupo de Anarquistas que roubava artigos de alimentação de luxo numa série de assaltos a luxuosos restaurantes e lojas gourmet, para depois os entregar a gente de bairros pobres e miseráveis, foram detidos pela policia na cidade alemã de Hamburgo.
Os membros do grupo parecia que se divertiam deliciosamente e de forma bem humorada nos seus raids, o que se reflectia na confusão e nos gags provocados pela sua presença.
Depois de gamarem filets-mignon, rosbife de Kobe, champagne e salmão fumado na loja mais cara de Elbastrasse, entregaram ao funcionário da caixa registadora um vistoso bouquet de flores, antes de darem à sola. Este ultimo assalto, na sequência dos muitos destes ultimos meses deixou, mais uma vez, a sua marca de estilo, sugerindo que os "ladrões" desejavam deliberadamente e primeiro que tudo, fazerem-se notados por mostrar e fazer compreender as condições de desigualdade social existentes na sociedade alemã.


A aplaudir. Gente gira é outra coisa.

sábado, maio 20, 2006

salvar-se-á a liberdade da Internet?

Obra de referência: a "Galáxia Internet" de Manuel Castells (Edição Fundação Calouste Gulbenkian, 2004)










As elites, os patrões e os dirigentes políticos que mandam e têm poder de decisão, têm por livre arbítrio o direito de se deslocar sem atender às fronteiras nacionais. Quem trabalha obedece às delimitações impostas pelas fronteiras do seu país de cujas leis e insuficiências, e claro está,,, do fisco, enfim, das condições de opressão, não se consegue libertar. Nada melhor para o compreender do que os dramas quotidianos que se verificam na eclosão das levas contemporâneas de emigrantes. Mas esta divisão material e fisíca não tem a mesma correspondência no mundo virtual da Internet. A liberdade que serve os propósitos de quem decide os impulsos com que se pretende moldar o mundo, a organização financeira-empresarial em Rede,,,















,,,tem o seu reverso.
Com a globalização as Elites ganharam a mobilidade física para exercerem as suas acções num mundo sem fronteiras; tecnológicamente inventou-se um meio que servisse esses propósitos de comunicação em tempo real, ao serviço dessa classe dominante; mas essa invenção libertou também, paralelamente, forças poderosas no exercício de cidadania, quando agora, dos mais vulgares até aos mais eruditos, todos os cidadãos têm alguma coisa a dizer e acesso para o publicarem, participando na transmissão de informação util socialmente. Um perigo, na medida em que se trata de um contrapoder de facto. E os utilizadores em países periféricos como o nosso ainda nem atingem os 10 por cento.
Não é o caso dos Estados Unidos, onde a grande capacidade de acesso à Rede teve o poder para colocar a credibilidade do Presidente onde ela está. Fatal como o destino, a apetência dos Neocons para controlar a Internet é irresistível e o governo norte-americano dá os primeiros passos nesse sentido.
,,, de lá, até aqui,,, de lá até a todo o lado, vai um pulinho,,,


clique aqui para ver

Estará a Internet em perigo?
Os impulsos que veiculam o conhecimento induzidos na Rede são feitos pelas empresas dos grandes grupos económicos (Google, Yahoo, Microsoft,etc)
Quem deverá controlar a Internet?
o Povo?, os Governos?, ou as Multinacionais?
Existirá neutralidade?
Quem paga!?
São eles, ou é Você!?

Hands Off Internet (Mãos Fora da Internet)

sexta-feira, maio 19, 2006

sobre o 11 de Setembro: o Presidente Iraniano Acusa George W Bush







A imprensa não deu destaque a um longo trecho da carta dirigida por Mahmoud Ahmadinejad a George W Bush em 8 de Maio de 2006. Nela o presidente iraniano põe violentamente em dúvida a versão oficial do 11 de Setembro de 2001. Assim:

“Senhor Presidente, diz em preâmbulo. Os acontecimentos do 11 de Setembro foram uma terrível catástrofe. O assassinato de inocentes é deplorável e horrível, onde quer que aconteçam.[...] Todos os governos têm o dever de proteger a vida, os bens e o bem estar dos seus cidadãos.” Em seguida o presidente iraniano dá a conhecer a sua análise dos atentados: “ O 11 de Setembro não foi uma operação {militar} semelhante a qualquer outra. Teria sido possível planificá-la e executá-la sem uma coordenação com os serviços de informações e de segurança---ou sem a sua infiltração extensiva?” E M.Ahmadinejad continua virulentamente: “Porque razão diferentes aspectos deste ataque permanecem secretos? Porque não se divulgam os responsáveis que negligenciaram as suas responsabilidades? Porque razão os responsáveis e os culpados não são identificados e apresentados à justiça?
Estas graves acusações não tiveram eco nos media. Se elas são partilhadas por um grande número de responsáveis políticos, raros são os que as ousam apresentar publicamente.

Vocês topam o Pentagate?

Não foi preciso esperar muito para que de Washington, indirectamente, viesse célere a resposta (que remédio) - a diferença é que desta feita, ao contrário do parágrafo de Ahmadinejad, o video "com os novos dados" é publicitado até à exaustão nos Media, tambem eles neocons, encapotados ou disfarçados de liberais da treta.

Requisitado pela associação neo-conservadora Judicial Watch o Departamento de Defesa dos Estados Unidos "acedeu" a tornar público o VIDEO , até aqui conservado secreto, do atentado completo no 11 de Setembro contra o Pentágono. A partir daí a imprensa neo-con tem feito coro de que essa apresentação contraria de forma definitiva as análises que têm sido feitas em milhares de sitios internet sobre a veracidade dos acontecimentos. Na realidade o video não contém nenhuns elementos suplementares que alterem as imagens já publicitadas em 2002, onde os vestigios deixados no terreno deixam claro ser absolutamente impossivel terem sido provocados por um Boeing 757-200. A sequência, agora apresentada, ao contrário, confirma a análise do comandante Pierre-Henri Bunel publicada por Thierry Meyssan no seu livro "Pentagate", tese tambem de 2002, repetida aqui, ou por Alex Jones no site PrisonPlanet.
Em nenhum dos dois videos apresentados por Washington se tornam evidentes quaisquer sinais de ter havido qualquer avião:

Video 1 - http://www.youtube.com/watch?v=L75Gga92WO8
Video 2 - http://www.youtube.com/watch?v=TAaP4Z3zls8

Qualquer web-designer com conhecimentos de flash e photoshop sabe como se fazem colagens de fotogramas, já para não referir os profissionais da indústria de efeitos especiais no actual cinema fantástico. Estas imagens que vêem aqui em baixo foram criadas por um deles.
Compare-as com os dois videos. Isto parece o vôo 77 atingindo o Pentágono? visto por uma câmara situada perto num local que ainda ninguem tenha descrito? - agora sim! vê-se perfeitamente o avião! Dá para acreditar. Como você já sabe da marosca, porque lhe foi dito que foi alguém nosso conhecido que fabricou as imagens em computador, agora você não acredita.



Porém, quando não lhes dizem nada, muitos acreditam no que vêem.

quinta-feira, maio 18, 2006

Iraque: Kissinger defende criação de «Grupo de Contacto»

Um dos ideólogos da Nova Ordem Mundial, o assassino Kissinger esteve em Lisboa em "Missão de Paz" e, como foi recebido pelo PR, a "solução" proposta é, provavelmente concertada com o presidente Cavaco. Temos portanto reunidos, à mesma mesa, dois arautos trauliteiros da mesma laia. Como veremos:





Kissinger defende criação de «Grupo de Contacto»:

«A certa altura, temos de perceber se estamos a ter êxito ou não nas negociações. Ninguém quer ir para a guerra: mas este é o desafio mais importante que temos perante nós». Kissinger sugeria assim uma saída negocial para a crise nuclear iraniana porque «a ocupação militar do Irão seria um pesadelo» em que ninguém quer pensar.
Mas por trás da retórica mentirosa, é impossivel esconder as intenções bélicas de agressão, e este é o momento oportuno, quando os EUA, em sinal de que têm a intenção de permanecer militarmente na zona por tempo indeterminado, têm em via de acabamento a

implantação das 8 megaBases Militares construidas no Iraque
basta olhar para o mapa da região, para se perceber qual é o centro da questão

Por outro lado, vários são os analistas que sugerem que seria incomportável para os EUA o financiamento indefenido da actual guerra, por via da previsivel falência do dólar, quando mais a sua expansão, tornando-a extensiva à agressão ao Irão

O Custo da Guerra do Iraque

Os custos financeiros reais da guerra do Iraque para o governo dos EUA podem elevar-se até a US$2 x 10 12 (triliões), afirma Joseph E. Stiglitz, em estudo agora publicado. Este valor é superior em mais de 10 vezes àquele que fora considerado no início da guerra.
O estudo do Prof. Stiglitz, prémio Nobel de Economia, pode ser visto em:
www.gsb.columbia.edu
Como muito bem seria de esperar de um Império, a avaliar pelas forças súbditas participantes que apoiam de facto a invasão e as agressões no terreno, o custo da guerra está longe de ser pago em exclusivo pelos EUA, antes todos os paises que assinaram o tratado firmado na Operação Liberdade Duradoura, são contribuintes financeiros liquidos, o que explica a situação altamente inflacionária nesses paises, mascarada com a situação de défices artificiais para encobrir os custos belicistas astronómicos.
implantação das forças de ocupação


o mundo está mais seguro?

Estima-se que 146.000 iraquianos integram actualmente exércitos privados, sem qualquer controlo politico, transformando o Iraque num Estado de Terror. Recentemente a novidade são os crescentes confrontos que têm envolvido tropas Xiitas contra tropas Curdas. Parece que a par com a tentativa de envolver os apoios dados pelo Irão às facções xiitas, se contrapõe a vontade de a norte, se envolver a Turquia, cujos apoios aos rebeldes que reinvindicam um Estado Curdo se situam na provincia de Hakkari. Tudo isto, junto com a diabolização do regime iraniano com o frouxo e falso pretexto do problema nuclear, acabará por gerar um efeito dominó que alastrará a toda a região, passando-se de micro guerrilhas civis locais para a situação de caos generalizado - este panorama serve às mil maravilhas ao intervencionismo das forças Ocidentais agressoras, se é que não foi, sob a falsa capa da incompetência militar, meticulosamente planeado.
Da grande convulsão politico-militar a que brevemente iremos assistir, provavelmente com o cínico nome de "intervenção pela Paz - a luta pela nova Rota da Seda, desta vez ao contrário, que leva petróleo para a grande fábrica do Mundo - nem os Estados Europeus que, por conveniência, se arredaram do apoio à agressão poderão, desta feita, permanecer de fora - a menos que se aliem mais definitiva e deliberadamente com a Rússia - assumindo-se como um novo bloco antagonista da NATO.

a Nação Curda e a pulverização dos Estados serve o Imperialismo. Têem a palavra as Bombas!?


Segundo se pensa, um dos principais "travões" contra estas intenções é a República Popular da China. Sabe-se que o Irão é um dos principais parceiros económicos da China e que esta depende em grande parte dos seus fornecimentos de petróleo. Que pensarão de tudo isto os dirigentes do Partido Comunista Chinês? até que ponto prevalecerão as "razões económicas" que têm sustentado artificialmente o dólar?

Faz um terço de século que Richard Nixon foi o primeiro presidente norte-americano a visitar a República Popular da China com a qual se iniciava o fim do isolamento internacional chinês. Daqui por mais outro quarto de século estima-se que a China ultrapassará os EUA como a primeira economia do mundo. Na sua relação, a China e os Estados Unidos, esforçam-se por manter um tratamento cordial, que favoreça ambos. Mas, sem dúvida, a perspectiva histórica levá-los-á até à confrontação. A China que Clinton considerava como seu sócio estratégico já é considerada por Bush como um competidor estratégico.
A China é uma potência militar (que possui além do mais 400 missiles nucleares) e tem um sistema que não é propriamente capitalista nem liberal. A sua economia é essencialmente estatizada. No modelo comunista tradicional o dinheiro não é tanto um valor que serve para gerar lucro e capital, mas permanece apenas um meio de contabilidade e de aquisição de produtos e bens indispensáveis. Lá, as empresas são do Estado e estão sujeitas a um plano quinquenal e os directores não podem ser donos das empresas mas apenas seus administradores. A China, sem dúvida, criou um novo modelo que combina o antigo sistema herdado de Mao, com elementos de livre empreendorismo. A empresa privada, que estava impossibilitada de prosperar na antiga União Soviética, tem agora bons alicerces e o capital estrangeiro é benvindo. E é aqui que estão trunfos básicos neste jogo. A China possui $US 260,000 milhões de dólares em títulos do tesouro americano, com os quais pode pressionar os EUA, que teme vendas massivas desses títulos, alterando assim as taxas de juro e de inflação no seu país.

(sobre a China e as relações comparativas com os EUA, ler o artigo completo de Isaac Bigio)

Se os Estados Unidos e a Europa, sob a égide da Nato, atacarem o Irão, conseguindo a neutralidade da China (e da Russia), que estranho pacto haverá entre as quatro potências?. A divisão internacional de trabalho, se atendermos à bitola da maior empresa mundial, a norte-americana Wal-Mart, fica bem explicita neste gráfico proporcional da implantação quantitativa dos produtos fabricados mundialmente. Mas o valor real das mercadorias produzidas são hoje uma parte infinitesimal dos valores financeiros de capital ficticio em circulação.


«Obviamente, não queremos que o Irão tenha armas nucleares e não sei se as estão a desenvolver mas, se não as estão a desenvolver, são loucos»
Martin van Creveld, Historiador militar israelita

terça-feira, maio 16, 2006

O "arrastão" Carrilho

"Existirá uma «redacção única» que harmonizaria a opinião pública? Mas será que é composta de jornalistas? Ou temos de procurar os manipuladores de moeda noutro lado? Com este livro acabou a idade da inocência do quarto poder instalado"
José Medeiros Ferreira

Todos sabemos como os Media Corporativos manipulam as opiniões publicas com mentiras para que os Politicos, quase regra geral, possam implementar, na medida em que as legitimam, soluções pretensamente democráticas, contrárias aos interesses da maioria dos eleitores. Por exemplo, este titulo na 1ª página do diário “O Publico” da última sexta-feira, sugere:







para depois começar o artigo assim: “O Presidente da Republica Jacques Chirac poderá estar envolvido no escândalo” (...), etc,etc. Aquela subtil dúvida expressa com o termo“poderá” faz toda a diferença, na medida em que não aponta a culpa definitiva (antes dos tribunais), ao contrário do titulo que sugere, com o afirmativo “estará”, estar Chirac mesmo implicado (subsituindo-se o jornal aos tribunais). Quantos leitores lêem uma 1ª página dos jornais e qual a percentagem deles que compra o jornal e vai depois ler cuidadosamente o conteudo para verificar se este confere com as ideias induzidas numa primeira impressão?,,, óbviamente, a mentira prevalece. Não há uma segunda oportunidade para uma primeira impressão.

“Sob o Signo da Verdade”, o livro de Manuel Maria Carrilho

Posta a questão nestes termos é evidente que o sistema politico e mediático que tal permite, “não está de boa saúde” como diz Mário Mesquita, um dos raros colunistas onde se pode pesquisar nas entrelinhas do que escreve a parte da verdade que nos é constantemente escamoteada. Diz ele: “é por isso que se afigura desejável referir neste comentário as revelações mais importantes do livro (de M.M. Carrilho), contidas no epilogo em que o autor procede à sua própria “autocritica”.

"É sempre muito adiante, que se sabe o que ficou para trás"

“Essas informações dizem respeito à medida programática que Manuel Maria Carrilho considera ter sido o seu “quinto erro”, por sinal “o mais grave: pequeno, quase imperceptivel para muitos, ele foi na verdade devastador nas suas consequências. Vale a pena reter a descrição pelas suas próprias palavras: “consistiu na declaração categórica de que (...) tudo faria para, na duração de um mandato, aumentar o investimento na reabilitação urbana da cidade, tendo como objectivo inverter os valores das percentagens em construção nova e em reabilitação, que eram respectivamente de cerca de 75 por cento e de 25 por cento”. O deputado explica que, sendo a habitação nova a principal fonte de especulação imobiliária, o lobby da construção civil lhe fez “logo” sentir a sua inquietação. Afirma Carrilho que, ao anúncio deste propósito, se seguiu “uma conversa dos maiorais do sector”, que decidiram – segundo o principio de que a prevenção é o melhor dos remédios – fazer uma guerra total à (sua) candidatura” A candidatura adversária não tardaria, aliás, “a anunciar a construção de mais 5000 novos fogos para os primeiros seis meses de mandato” (...). Manuel Maria Carrilho sugere que este lobby da construção civil terá estado na origem da hostilidade com que se deparou na comunicação social.

É verosimil, mas não será fácil demonstrar tal hipótese. As “conspirações”, por definição, são muito dificeis de provar. Seria um bom tema para o jornalismo investigativo, se existisse e gozasse da necessária autonomia. Este “quinto erro” seria suficiente para justificar o livro. Só não se percebe por que motivo o autor o designa desse modo. Porquê “erro”? Não seria preferivel referir a “causa”, quando estava em jogo um dos aspectos centrais da sua politica municipal que ficou tristemente soterrado sob a dramatização mediática do fait divers?”

Um dos aspectos, compreeensivelmente menos focados no caso do “Arrastão Carrilho”, é o livro ter prefácio escrito por José Saramago, o nosso Prémio Nobel, o que pesa sobremaneira na credibilidade e no entendimento que a obra possa vir a ter junto do grande público – Saramago conclui, citando de memória, assim: “Esta é a história de um homem que jogou e perdeu. Está aqui tudo, os factos detalhados e os nomes”.

e vai mais um:
* Paulo Morais, o ex-Presidente da CM do Porto, afirma peremptóriamente, em livro a ser lançado em 30 de Maio próximo no Café Magestic no Porto, com apresentação de Maria José Morgado: "Há corrupção entre urbanismo e Poder local"

* Vasco Pulido Valente, se é sério, deve uma explicação aos seus leitores, quando aceita emprego para aviltar os autores de "livros ignóbeis", branqueando a essência das mensagens que eles procuram transmitir - sendo impedidos de o fazer, por esbarrarem (helas!) sistemáticamente contra a acção concertada dos profissionais da CS.

segunda-feira, maio 15, 2006

uma Carta contra resmas e resmas de papel de jornal

(enquanto a Indonésia anunciou hoje que pretende construir uma central nuclear) prossegue em crescendo a campanha de diabolização do programa nuclear do Irão - e, já ninguem que leia cabeçalhos de publicações ocidentais, tem dúvidas que este homem é perigosissimo,,, porque é independente em relação à politica do Império, porque o regime mantém o seu povo com niveis de vida não degradados, e finalmente por causa do essencial: porque, sendo o 2º maior produtor de petróleo do mundo o Irão se prepara para lançar uma Bolsa de Petróleo em Euros ( o mesmo erro de Saddam) e aderir à Opep. As consequências para o dólar, a juntar às fraquezas já conhecidas, são evidentes. Já em 2001 as bombas contra o Iraque foram bombas contra o euro.
Entretanto a carta do Presidente da República Islâmica do Irão, Ahmadi-Najad já tem tradução para português e está publicada no blogue Jangada de Pedra
www.jangada-de-pedra.blogspot.com


Qualquer homem de rua em Teerão sabe que as coisas são assim. Está escrito em painéis nas fachadas dos prédios. Aqui parece que nada disto se sabe. Uma das poucas coisas que se sabe, é que cada vez mais a saída para o desemprego para a nossa juventude está em alistarem-se nas Forças Armadas. Este processo é, de longe, muito mais tenebroso do que a situação vivida nos tempos da ditadura salazarista.

Onde vou eu? Meu fado onde me leva?
António, onde vais tu, doido rapaz?
Não sei. Mas o vapor, quando se eleva,
Lembra o meu coração, na ânsia em que jaz.

Ó Lusitânia que te vais à vela!
Adeus! que eu parto (rezarei por ela)
Na minha Nau Catrineta, adeus!

António Nobre, no livro mais triste de Portugal

adenda
Rodeado por Estados nucleares, ( sendo o principal Israel) o programa atómico do Irão é até muito compreensivel. ¿Então qual é o interesse de Washington ao ter fabricado esta crise? escreve Tariq Ali, no site SinPermisso (link em espanhol)