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quarta-feira, maio 24, 2006

Os Senhores da Guerra - (episódio 4)

o CSP - um grupo militarista na sombra do poderio norte-americano








De Reagan a Clinton


Após estes anos de vacas magras, toda a equipa do CPD regressou ao poder sob a presidência de Ronald Reagan. Este último fora recrutado pela "stay-behind" no início da Guerra Fria, quando era actor em Hollywood. Tinha surgido, nomeadamente, mas campanhas publicitárias de recolha de fundos a favor da Cruzada para a Liberdade (Crusade for Freedom-The Evil Empire), uma associação criada por Allen Dulles (o fundador da CIA) como “chapéu de chuva” para financiar o Comité Internacional dos Refugiados em Nova Iorque (International Refugee Committee in New York).
Este organismo, dirigido por William Casey, tinha por missão fazer entrar discretamente nos Estados Unidos os ex-nazis uteis à luta anticomunista. Durante o periodo do maccartismo, Ronald Reagan tinha igualmente sido utilizado pela "stay-behind" na purga de Hollywood.

Ronald Reagan nomeou o seu ex-agente de ligação William Casey para a direcção da CIA. A "stay-behind" recuperou as suas prerrogativas e multiplicou os golpes baixos, até ao Irangate. Os homens do CPD dividiram-se entre o Pentágono e o Gabinete para o Desarmamento no Departamento de Estado. Rostow e Van Cleave foram nomeados para chefiarem a Agencia de Controlo da Armas e do Desarmamento (Arms Control and Disarmement Agency – ACDA); Richard Pipes tornou-se o kremlinólogo residente da Casa Branca; etc. Ninguém foi esquecido: Jeane Kirkpatrick, que muito se havia empenhado na Coligação para uma Maioria Democrática, também ela foi nomeada embaixadora na ONU; ou Michael Novak, que representara o American Enterprise Unidos na Comissão dos Direitos do Homem; etc. Aqueles que prosseguiam carreira no sector privado foram igualmente recompensados, como sucedeu a Donald Rumsfeld, que se tornara director-geral de uma multinacional, sendo nomeado conselheiro especial da Casa Branca para o controlo das armas.
O presidente Reagan designou a URSS como “Império do Mal” e relançou os programas nucleares e espaciais. As duas Directivas sobre as Decisões de Segurança Nacional (Nacional Security Decision Directives), NSDD-42 e NSDD-85, restabeleceram todo o instituíram as bases legais do mais vasto programa militar da história, a Iniciativa de Defesa Estratégica (Strategic Defense Initiative – SDI), que ficou mais conhecida como Guerra das Estrelas.
Em 1989, tendo atingido o limite constitucional dos seus dois mandatos, Ronald Reagan passou o lugar a George H. Bush. Inscrevendo-se inicialmente na continuidade, o novo presidente suscitou muitas decepções entre os anciões do CPD. Bush pai considerava que a inesperada derrocada da URSS, marcando de facto o final da Guerra Fria, anunciava um período propício à abertura de novos mercados e à pilhagem dos recursos naturais. Os seus antigos amigos pensavam, pelo contrário, que o desaparecimento do único competidor permitia finalmente concretizar o seu sonho de um domínio militar exclusivo.

Pior ainda, em 1993, a chegada de um democrata moralista, William Clinton, evocou para os veteranos da Guerra Fria as dificuldades do episódio Carter. Além disso, durante os anos H.Bush/Clinton, os ansiães do CPD criaram ou reactivaram toda uma série de think-tanks e de grupos de pressão para prepararem dias melhores. O Instituto Americano da Empresa (AEI) fez nascer o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (Center for Strategic and International StudiesCSIS).
O eixo Washington- Tel Aviv foi reforçado através do Instituto Judaico para as Matérias de Segurança Nacional (Jewish Institute for National Securit Affairs JINSA) e do Centro para a Política de Segurança (Center for Security PolicyCSP).
(continua)

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