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sexta-feira, maio 05, 2006

as Memórias do Fogo

Num livro recente intitulado “1491” Charles C. Mann faz revelações surpreendentes, sobre como o continente que viria a ser designado por “Novo Mundo”, o Hemisfério Ocidental, na era pré-colombiana foi infinitamente mais populoso e sofisticado do que até aqui se tem pensado – no seu conjunto tinha condições de salubridade que faziam dele um local para viver com muito melhores condições do que a Europa, apesar de ser tão ou mais densamente povoado do que o Velho Continente. Segundo o autor, novas evidências explicadas ao longo de 480 páginas, sobre os avanços da agricultura e a organização social das populações,,, as ancestrais sabedorias que os mantinham em perfeita sincronização com todo o Cosmos e Microcosmos que os rodeiavam, como, por exemplo, o calendário Maia Tzolkin; a única e exclusiva utilização de energias não poluentes; o incentivo social à partilha ao invés de à competição levam a uma conclusão notável e surpreendente – a floresta húmida Amazónica pode ter sido em grande medida um artefacto criado pelos humanos.



As veias abertas da América Latina (link)


(…) “Os índios, arrancados à força das comunidades de todo o Peru, passam o domingo nos currais, dançando ao redor de tambores e bebendo a chicha até rodar pelo chão. Ao amanhecer da segunda-feira são arrastados morro adentro e mascando coca perseguem, a golpes de picareta, as veias de prata, serpentes alviverdes que aparecem e fogem pelas tripas deste ventre imenso, nenhuma luz, ar nenhum. Ali trabalham os índios a semana inteira, prisioneiros, respirando pó que mata os pulmões e mascando a coca que engana a fome e disfarça o esgotamento, sem saber quando anoitece nem quando amanhece, até que no fim do sábado soa o toque de oração e saída. Avançam então, abrindo caminho com velas acesas, e emergem domingo ao amanhecer, que são assim fundas as covas e os infinitos túneis e galerias. (...)"

Eduardo Galeano sobre a extracção das riquezas minerais na América Colonial Hispânica - in Memória do Fogo I (os Nascimentos)

Ao longo dos primeiros duzentos anos de dominação colonial, os espanhóis desenvolveram um sector mineiro que permitiu a manutenção da economia metropolitana e equiparar a posição espanhola em relação às demais nações da Europa ocidental. As condições de trabalho dos índios nas minas de Potosí (Alto Peru, na actual Bolívia) eram insanas, o que acarretava doenças como a pneumonia. O número de mortos e a dizimação provocada pela importação da nova civilização para a America ficaria para a História como o maior genocídio conhecido pela Humanidade.
No Brasil os colonos portugueses, dado que os índios recrutados nessa região, eram poucos e não se adaptavam ao trabalho, introduziram a escravidão africana como meio de fazer render ao máximo as minas, trabalho que a breve trecho seria substituído pelo cultivo da cana de açúcar.
No volume “Memória do Fogo II - As caras e as máscaras” trata-se da substituição da colonização pelas potências industriais do Norte da Europa que apuraram o esclavagismo, primeiro os Holandeses, depois Ingleses e Franceses.

O Século do Vento

O volume III, encerra a trilogia Memória do Fogo. Revive para o leitor a história densa e vibrante da América, sobretudo da América Latina de 1900 a 1984, contada com originalidade através de pequenas notas cronológicas, desde os ocorridos em pequenas aldeias até nas grandes cidades. Forma-se um mosaico de luta e de opressão, de rebeldia sem fim. O livro mostra que, desde cedo o imperialismo norte-americano dominou minas e plantações, organizou massacres e contra-revoluções, patrocinou golpes e ditadores generais tão sanguinários quanto servis, em todos os recantos da América Latina. Homens como Zapata, Pancho Villa, Sandino, Farabundo Martí, Che Guevara, Fidel Castro e outros protagonizaram movimentos em que camponeses, índios, proletários e intelectuais se insurgiram, revolucionários, contra as garras que asfixiavam a liberdade e os direitos dos povos. Mas a América também é retratada pelo seu lado de emoção e sonho na arte de Diego Rivera e Orozco, na música de Gardel, Louis Armstrong e Chico Buarque, nas palavras inconformadas de Garcia Marques, John Reed e Pablo Neruda, na ousadia da vida de Isadora Duncan, Evita Perón e Olga Benário. Eduardo Galeano, jornalista e escritor uruguaio, misturou história, documentos e poesia em Século do Vento e o resultado é de uma riqueza deveras apaixonante.

de como "O Plano Colômbia" colabora com os barões da Coca
link aqui

Na edição da revista Time de Outubro de 1998, publicou-se matéria informativa sobre a lavagem de 100 milhões de narcodólares de Raul Salinas, chamado no México o senhor vinte por cento, porque é o que ele leva em cada operação do governo. Um relatório do Senado norte-americano mostrava que a operação havia sido feita pelo City Bank. A pergunta é: por acaso o City Bank foi preso? Quem vai preso são os negros e pobres, porque a luta contra as drogas é a máscara da guerra social. Trata-se de conter qualquer foco de rebelião e o grande exemplo é o Plano Colômbia. Os narcotraficantes são fiéis seguidores do neoliberalismo: onde há procura, surge a oferta. E os grandes traficantes ou bancos que lavam dinheiro gozam da maior impunidade. Mas quem são os grandes traficantes dos Estados Unidos? Será que eles não existem? Só prendem grandes traficantes na Colômbia, na Bolívia, no México. E nos Estados Unidos, não existem grandes traficantes? Por isso, esta é uma guerra contra os pobres e somente contra os pobres.
Não por coincidência, é aqui na Colômbia, que os norte-americanos concentram o seu maior esforço militar no continente.
Os países que mais armas vendem ao mundo são os mesmos países que têm a seu cargo a paz mundial. Felizmente para eles, a ameaça da paz está cada vez mais debilitada e o mercado de guerra recupera-se e oferece promissoras perspectivas de rendimentos e de selvajarias por todo o hemisfério sul. Este é um mundo criminalmente organizado. Mata-se muito à bala, vende-se cada vez mais armas. De acordo com números de organismos internacionais é possível afirmar que se o mundo “civilizado”dedicasse 12 dias, apenas 12 dias, do dinheiro que gasta em armamentos para ajudar as crianças pobres do planeta, estas crianças poderiam ter escola, assistência médica e comida. Portanto não se mata apenas à bala. Mata-se também de fome e de doenças curáveis. E não se matam só os corpos, mas também a alma. Há corpos a andar por aí sem vida. E matam o ar, a água e a terra. E matam o mundo.

a Libertação















Contra esta fatalidade histórica, o que presentemente acontece na América só pode apaixonar aqueles que buscam identificar-se com a tragédia e a grandeza que envolvem povos e nações latino-americanas. Na sequencia de "As Veias Abertas da América Latina", um tratado de acusação da exploração da América Latina por poderes estrangeiros a partir do século XV, inicia-se agora a viagem de retorno às origens que trará de volta a recuperação dos recursos naturais, principalmente o petróleo e o gaz que estiveram na origem das recentes convulsões sociais. Se é assim no que se refere à Bolívia, Venezuela e Cuba, o certo é que a grande batalha pela emancipação da América Latina se trava em redor da Colômbia, onde os piratas ianques concentram o maior poderio politico-militar de sempre em prol da opressão. Quando a Colômbia se libertar, até os próprios povos que compõem os Estados Unidos terão também o caminho aberto para a sua própria emancipação. A crise do imperialismo é a grande oportunidade da América Latina.
Todo o apoio às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia! (FARC)


sitio internet das FARC-EP

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