na ligação sob o titulo acima, cita-se uma sondagem que afirma que 58% dos americanos estão de acordo com o uso de processos de tortura sobre terroristas com a finalidade das autoridades poderem obter informações sobre ameaças à segurança interna. E se as ameaças forem inventadas para adquirir unanimidade na opinião pública sobre as acções governativas no controlo das populações? precisamente, para lhes ocultar o verdadeiro terrorismo ?
(...) e de uns fazer gigantes
e de outros alienados?
E fazer frente ao impossível
atrevidamente
e ganhar-Ihe, e ganhar-Ihe
a ponto do impossível ficar possível?
E quando tudo parece perfeito
poder-se ir ainda mais além?
E isto de desencantar vidas
aos que julgam que a vida é só uma?
E isto de haver sempre ainda mais uma maneira pra tudo?
Tu só, loucura, és capaz de transformar
o mundo tantas vezes quantas sejam as necessárias
para olhos individuais
Só tu és capaz de fazer que tenham razão
tantas razões que hão-de viver juntas.
Tudo, excepto tu, é rotina peganhenta.
Só tu tens asas para dar
a quem tas vier buscar
Excerto do “Reconhecimento à Loucura” de Almada Negreiros
.
Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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quinta-feira, dezembro 31, 2009
quarta-feira, dezembro 30, 2009
"não há indícios contra Sócrates"…
Costuma dizer-se que há muitas maneiras de mentir; porém a mais repugnante de todas é dizer a verdade, toda a verdade, ocultando a alma dos factos
Presidente do Supremo (STJ) diz que houve "desconsideração" pela regras e por isso as escutas entre Armando Vara e o primeiro-ministro têm de ser destruí- das, assim: “O conteúdo dos 'produtos' em que interveio o PM, se pudesse ser considerado, não revela qual facto, circunstância ou referência de ser entendido ou interpretado como indício ou sequer como uma sugestão de algum comportamento com valor para ser ponderado em dimensão de ilícito criminal”
Em época de reconhecimentos festivos, José Sócrates recebeu esta prendinha de luxo devidamente encenado à la Karl Lagerfeld, o tal que dizia: “Todos os costureiros almejavam ser grandes Artistas, porém acabaram a fazer roupa. É igual ao que pretende toda a Alta Sociedade, com a diferença que estes apenas a podem vestir” - obviamente, Sócrates, como mero manequim apenas veste a roupa que outros poderes lhe determinam. Apesar de defraudar alguns milhões de pessoas nos negócios da economia paralela do Estado neoliberal com obsuras entidades privadas, agora vestiram o tipo de gajo sério...
.
Presidente do Supremo (STJ) diz que houve "desconsideração" pela regras e por isso as escutas entre Armando Vara e o primeiro-ministro têm de ser destruí- das, assim: “O conteúdo dos 'produtos' em que interveio o PM, se pudesse ser considerado, não revela qual facto, circunstância ou referência de ser entendido ou interpretado como indício ou sequer como uma sugestão de algum comportamento com valor para ser ponderado em dimensão de ilícito criminal”
Em época de reconhecimentos festivos, José Sócrates recebeu esta prendinha de luxo devidamente encenado à la Karl Lagerfeld, o tal que dizia: “Todos os costureiros almejavam ser grandes Artistas, porém acabaram a fazer roupa. É igual ao que pretende toda a Alta Sociedade, com a diferença que estes apenas a podem vestir” - obviamente, Sócrates, como mero manequim apenas veste a roupa que outros poderes lhe determinam. Apesar de defraudar alguns milhões de pessoas nos negócios da economia paralela do Estado neoliberal com obsuras entidades privadas, agora vestiram o tipo de gajo sério...
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terça-feira, dezembro 29, 2009
“Sinais de Fogo”
as histórias do quotidiano que já estavam escritas, face às tentativas do novo regime para as re-escrever como "grandes narrativas".
(…) estávamos de resto desabituados de qualquer actividade desse tipo. No liceu, a única manifestação colectiva era, tradicionalmente, uma greve comandada pelos dos últimos anos, a socos e pontapés nos pequenos (e com a já sabida invasão do pátio dos “pequenos”, para esse efeito), por ocasião do 11 de Novembro, Dia do Armistício, e que não era feriado. Ninguém pensava nos mortos da Grande Guerra, e não se tratava de uma afirmação de pacifismo: era apenas um costume pelo qual, quanto mais velhos, obrigávamos os mais novos a faltar às aulas naquele dia, tal como, anos atrás, haviam feito connosco. De politica, nenhum de nós sabia nada. Era como se tudo o que vinha nos jornais se passasse a séculos e milhares de quilómetros de distância. As nossas famílias não se interessavam por politica, senão em termos de “Ordem”, e louvavam-se da paz que o governo impusera a um país em desordem. Qual seria esta desordem e como era a ordem que o governo impunha, nós não fazíamos grande ideia. Os jornais falavam às vezes do caos administrativo e financeiro do passado, enaltecendo as providências do governo. Este, a julgar pelos jornais, ocupava-se em inaugurar obras públicas – lanços de estrada, chafarizes, casas do povo de não sei donde -, a propósito das quais invariavelmente eram recordados Afonso Henriques, Nun`Alvares, Vasco da Gama, e outros heróis menores.
Mas as trancendências do orçamento e da dívida pública ultrapassavam de muito as especulações das nossas famílias da média ou da alta burguesia. A “ordem” era o contrário de haver “revoluções”. Eu não me lembrava pessoalmente dessas revoluções do passado, que, na minha casa, se consubstanciavam no escândalo de uma criada, em 1910, quando do 5 de Outubro, ter assomado entusiasmada à varanda, para saudar com vivas os revolucionários que passavam. Minha mãe que não era monárquica nem coisa nenhuma, repusera a “ordem”, despedindo-a, o que, suponho, a família considerara um acto de coragem, equivalente ao das matronas ilustres como Dona Filipa de Vilhena. Na minha infância, ainda houvera “revoluções” que eram, para mim, inseparáveis de passarmos dois ou três dias no interior do quarto interior e escuro da casa, deitados no chão, “por causa das balas perdidas”, enquanto meu pai e o vizinho de baixo, na escada, discutiam de onde eram os tiros que se ouviam: a Penha de França, a Graça, a Ajuda, etc., sem chegarem a outro acordo que o resultante de, a um estrondo maior, meu pai voltar para dentro, e recolher-se no quarto escuro, chamado pelos clamores lancinantes da minha mãe. Depois, as revoluções tinham efectivamente acabado, ou abortavam longe e em silêncio, esmagadas suplementarmente pela severidade dos periódicos (que meu pai lia alto, com grandes assentimentos de cabeça) e por grupos de pesvadores da Nazaré ou lavradeiras do Minho, que, com os seu trajes típicos, vinham ao Terreiro do Paço, com os regedores na frente e a banda de música, oferecer flores aos salvadores da ordem, que se juntavam todos numa janela a agradecer, como eu e outros, escapados ao liceu, havíamos ido ver uma vez. Mas, de um modo geral, a minha família toda abstinha-se de “politicas”, coisa que era reservada a uma espécie humana que nela não tinha representação: os “políticos”, olhados todos com irónica displicência, mesmo que fizessem parte do grupo dos mantenedores da ordem tão desejada.
A família reprovara mesmo, e escamoteara como uma doença secreta, o telegrama de aplauso, que um tio meu (num momento de entusiasmo subsquente à última revolução que havíamos passado debaixo das camas) mandara ao governo. Só muitos anos mais tarde descobri que um irmão da minha mãe, que morrera jovem e tuberculoso, havia sido – apenas nas leituras de traduções baratas – “anarquista!”. Minha avó materna jamais falava nele, e creio que não acreditara nunca em que ele tivesse morrido mordido, nos pulmões, pelo bacilo de Koch, mas, na cabeça, pelo de Kropotkine. Claro que, ainda no liceu, o “Anschluss” fora discutido e a Guerra da Etiópia também. Mas as ascenção de Hitler, cujo nome começava a ser conhecido, não parecia, mesmo no noticiário dos jornais, como uma ameaça às democracias, mas sim como uma perturbação da “ordem” estabelecida pelos “Aliados” na Primeira Grande Guerra. E Mussolini era muito louvado oficialmente, ainda que com discrição, pela autoritária organização do progresso de Itália. Todavia a Guerra da Etiópia não era o mesmo que o “Anschluss”…
Que se unissem povos da mesma língua e da mesma raça, não nos parecia coisa por aí além. Que se atacassem o Negus e os “rases”, que o noticiário apresentava habilmente na contradição de serem uns selvagens quase antropófagos, que se recusavam às delicias do progresso, em nome de uma independência que datava desde Salomão e a Rainha do Sabá (e todos nós conhecíamos, de nome, muito mais a Etiópia do que a Áustria, já que esse país figurava nas pompas onomásticas dos reis de Portugal, que sabíamos de cor desde a escola primária), eis o que era, sem dúvida, uma agressão. Não o eram, é claro, as campanhas de ocupação africana, que andavam então na moda oficial: os italianos não tinham sido, na verdade, os descobridores da Etiópia, como nós o havíamos sido de tudo e da Etiópia também. Era, de resto, nestes termos de passado histórico que tudo era avaliado; e, a tal ponto as coisas nos eram distanciadas, que a República fora proclamada em Espanha, sem que déssemos por isso. Para mim, a Espanha era meramente um nome, e a multidão de espanhóis que costumavam veranear na Figueira da Foz, e atroavam com a sua agitação e a sua gritaria as ruas dos “cafés”.
E, no meu tempo, já as espanholas haviam sido batidas, no campo da prostituição, pela concorrência nacional. Na Figueira, elas não faziam vida, porque os compatriotas logo tratavam de as repatriar, por causa do bom nome da Espanha, a menos que fossem as bailarinas do Casino, que essas, muito lambidas e com sapateados, exemplificavam, para admiração dos portugueses, a grande arte da Hispânia. Conheci uma vez no “Pasapoga” de Madrid, uma dessas repatriadas da Figueira: todos os anos ia passar o Verão com a família, graças ao pudor patriótico (…) Jorge de Sena, "Sinais de Fogo", Obras Completas, Guimarães Editores, 2009
"A História é uma espécie de ecrã, sobre o qual projectamos as nossas visões do futuro. É um filme animado, à custa dos nossos medos e aspirações" (Carl Becker)
O actual revivalismo monárquico que certos “historiadores”, como Rui Ramos, vêm trabalhando, tem tanta legitimidade como o poder que foi transmitido directamente do fascista Francisco Franco para o Rei Juan Carlos da Casa de Bourbon. Através do historiador Manuel Rós Aguda viemos finalmente a saber, passados 60 anos, que a Espanha franquista depois de ter assinado o Pacto Tripartido com o regime Nazi alemão, se propunha invadir Portugal (com quem tinha assinado outro pacto de não agressão). Talvez daqui a outros 60 anos se venha a saber da credibilidade, quem é e para que interesses trabalha Rui Ramos. Quanto ao fantoche que empresta a efígie à causa, dito o rei sem trono Duarte Pio, ele próprio outro prolegómeno da casa dos Bourbon, esse já leva obra da qual o podemos conhecer perfeitamente bem. De facto, o candidato a bobo sem Corte é autor de um opúsculo laudatório do Beato Nuno, onde se pode ler esta pérola:
“Quando passava de Tomar a caminho de Aljubarrota, a 13 de Agosto de 1385, D. Nuno foi atraído a Cova da Iria, onde, na companhia dos seus cavaleiros, viu os cavalos do exército ajoelhar, no mesmo local onde, 532 anos mais tarde, durante as conhecidas Aparições Marianas, Deus operou o Milagre do Sol»
(“D. Nuno de Santa Maria - O Santo”, ACD Editores, 2005)
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(…) estávamos de resto desabituados de qualquer actividade desse tipo. No liceu, a única manifestação colectiva era, tradicionalmente, uma greve comandada pelos dos últimos anos, a socos e pontapés nos pequenos (e com a já sabida invasão do pátio dos “pequenos”, para esse efeito), por ocasião do 11 de Novembro, Dia do Armistício, e que não era feriado. Ninguém pensava nos mortos da Grande Guerra, e não se tratava de uma afirmação de pacifismo: era apenas um costume pelo qual, quanto mais velhos, obrigávamos os mais novos a faltar às aulas naquele dia, tal como, anos atrás, haviam feito connosco. De politica, nenhum de nós sabia nada. Era como se tudo o que vinha nos jornais se passasse a séculos e milhares de quilómetros de distância. As nossas famílias não se interessavam por politica, senão em termos de “Ordem”, e louvavam-se da paz que o governo impusera a um país em desordem. Qual seria esta desordem e como era a ordem que o governo impunha, nós não fazíamos grande ideia. Os jornais falavam às vezes do caos administrativo e financeiro do passado, enaltecendo as providências do governo. Este, a julgar pelos jornais, ocupava-se em inaugurar obras públicas – lanços de estrada, chafarizes, casas do povo de não sei donde -, a propósito das quais invariavelmente eram recordados Afonso Henriques, Nun`Alvares, Vasco da Gama, e outros heróis menores.
Mas as trancendências do orçamento e da dívida pública ultrapassavam de muito as especulações das nossas famílias da média ou da alta burguesia. A “ordem” era o contrário de haver “revoluções”. Eu não me lembrava pessoalmente dessas revoluções do passado, que, na minha casa, se consubstanciavam no escândalo de uma criada, em 1910, quando do 5 de Outubro, ter assomado entusiasmada à varanda, para saudar com vivas os revolucionários que passavam. Minha mãe que não era monárquica nem coisa nenhuma, repusera a “ordem”, despedindo-a, o que, suponho, a família considerara um acto de coragem, equivalente ao das matronas ilustres como Dona Filipa de Vilhena. Na minha infância, ainda houvera “revoluções” que eram, para mim, inseparáveis de passarmos dois ou três dias no interior do quarto interior e escuro da casa, deitados no chão, “por causa das balas perdidas”, enquanto meu pai e o vizinho de baixo, na escada, discutiam de onde eram os tiros que se ouviam: a Penha de França, a Graça, a Ajuda, etc., sem chegarem a outro acordo que o resultante de, a um estrondo maior, meu pai voltar para dentro, e recolher-se no quarto escuro, chamado pelos clamores lancinantes da minha mãe. Depois, as revoluções tinham efectivamente acabado, ou abortavam longe e em silêncio, esmagadas suplementarmente pela severidade dos periódicos (que meu pai lia alto, com grandes assentimentos de cabeça) e por grupos de pesvadores da Nazaré ou lavradeiras do Minho, que, com os seu trajes típicos, vinham ao Terreiro do Paço, com os regedores na frente e a banda de música, oferecer flores aos salvadores da ordem, que se juntavam todos numa janela a agradecer, como eu e outros, escapados ao liceu, havíamos ido ver uma vez. Mas, de um modo geral, a minha família toda abstinha-se de “politicas”, coisa que era reservada a uma espécie humana que nela não tinha representação: os “políticos”, olhados todos com irónica displicência, mesmo que fizessem parte do grupo dos mantenedores da ordem tão desejada.
A família reprovara mesmo, e escamoteara como uma doença secreta, o telegrama de aplauso, que um tio meu (num momento de entusiasmo subsquente à última revolução que havíamos passado debaixo das camas) mandara ao governo. Só muitos anos mais tarde descobri que um irmão da minha mãe, que morrera jovem e tuberculoso, havia sido – apenas nas leituras de traduções baratas – “anarquista!”. Minha avó materna jamais falava nele, e creio que não acreditara nunca em que ele tivesse morrido mordido, nos pulmões, pelo bacilo de Koch, mas, na cabeça, pelo de Kropotkine. Claro que, ainda no liceu, o “Anschluss” fora discutido e a Guerra da Etiópia também. Mas as ascenção de Hitler, cujo nome começava a ser conhecido, não parecia, mesmo no noticiário dos jornais, como uma ameaça às democracias, mas sim como uma perturbação da “ordem” estabelecida pelos “Aliados” na Primeira Grande Guerra. E Mussolini era muito louvado oficialmente, ainda que com discrição, pela autoritária organização do progresso de Itália. Todavia a Guerra da Etiópia não era o mesmo que o “Anschluss”…
Que se unissem povos da mesma língua e da mesma raça, não nos parecia coisa por aí além. Que se atacassem o Negus e os “rases”, que o noticiário apresentava habilmente na contradição de serem uns selvagens quase antropófagos, que se recusavam às delicias do progresso, em nome de uma independência que datava desde Salomão e a Rainha do Sabá (e todos nós conhecíamos, de nome, muito mais a Etiópia do que a Áustria, já que esse país figurava nas pompas onomásticas dos reis de Portugal, que sabíamos de cor desde a escola primária), eis o que era, sem dúvida, uma agressão. Não o eram, é claro, as campanhas de ocupação africana, que andavam então na moda oficial: os italianos não tinham sido, na verdade, os descobridores da Etiópia, como nós o havíamos sido de tudo e da Etiópia também. Era, de resto, nestes termos de passado histórico que tudo era avaliado; e, a tal ponto as coisas nos eram distanciadas, que a República fora proclamada em Espanha, sem que déssemos por isso. Para mim, a Espanha era meramente um nome, e a multidão de espanhóis que costumavam veranear na Figueira da Foz, e atroavam com a sua agitação e a sua gritaria as ruas dos “cafés”.
E, no meu tempo, já as espanholas haviam sido batidas, no campo da prostituição, pela concorrência nacional. Na Figueira, elas não faziam vida, porque os compatriotas logo tratavam de as repatriar, por causa do bom nome da Espanha, a menos que fossem as bailarinas do Casino, que essas, muito lambidas e com sapateados, exemplificavam, para admiração dos portugueses, a grande arte da Hispânia. Conheci uma vez no “Pasapoga” de Madrid, uma dessas repatriadas da Figueira: todos os anos ia passar o Verão com a família, graças ao pudor patriótico (…) Jorge de Sena, "Sinais de Fogo", Obras Completas, Guimarães Editores, 2009
"A História é uma espécie de ecrã, sobre o qual projectamos as nossas visões do futuro. É um filme animado, à custa dos nossos medos e aspirações" (Carl Becker)
O actual revivalismo monárquico que certos “historiadores”, como Rui Ramos, vêm trabalhando, tem tanta legitimidade como o poder que foi transmitido directamente do fascista Francisco Franco para o Rei Juan Carlos da Casa de Bourbon. Através do historiador Manuel Rós Aguda viemos finalmente a saber, passados 60 anos, que a Espanha franquista depois de ter assinado o Pacto Tripartido com o regime Nazi alemão, se propunha invadir Portugal (com quem tinha assinado outro pacto de não agressão). Talvez daqui a outros 60 anos se venha a saber da credibilidade, quem é e para que interesses trabalha Rui Ramos. Quanto ao fantoche que empresta a efígie à causa, dito o rei sem trono Duarte Pio, ele próprio outro prolegómeno da casa dos Bourbon, esse já leva obra da qual o podemos conhecer perfeitamente bem. De facto, o candidato a bobo sem Corte é autor de um opúsculo laudatório do Beato Nuno, onde se pode ler esta pérola:
“Quando passava de Tomar a caminho de Aljubarrota, a 13 de Agosto de 1385, D. Nuno foi atraído a Cova da Iria, onde, na companhia dos seus cavaleiros, viu os cavalos do exército ajoelhar, no mesmo local onde, 532 anos mais tarde, durante as conhecidas Aparições Marianas, Deus operou o Milagre do Sol»
(“D. Nuno de Santa Maria - O Santo”, ACD Editores, 2005)
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segunda-feira, dezembro 28, 2009
os Votos ou a Revolta? ou a bissetriz entre ambos?
Na ilusão reflectida na mente das pessoas com formação humanista cristã (1), o Espírito, seria a Vida, enquanto, segundo São Paulo, a submissão aos prazeres da Carne seria a morte.
É com esta segunda percepção do Medo da morte que os poderes instituídos contam para incorporar a contestação e o ressentimento perante a miséria humana. Se lermos de facto bem a Bíblia, a compilação de estórias a que chamaram Livro nada mais faz que aterrorizar constantemente os crentes. Enquanto a Igreja desvia as atenções da salvação terrena: é “ao Estado” que competiria resolver as razões porque os individuos não vivem em segurança perante a constante ameaça aos direitos humanos (a paz, o pão, a saúde, a educação, a habitação, e finalmente a liberdade). Mas trata o Estado sonhado pelo “socialismo neoliberal” (2) efectivamente destes pontos?
Adágio - Spartakus e Frigia
A estafada mundivisão de São Paulo é um bom mote para se pensar o papel da Violência perante o poder do Estado (3), violência que em caso algum deveria ser usada contra ou a favor do Estado – conforme a vetusta personagem Daniel Oliveira teve a ousadia de afirmar num dos jornais fulcrais do regime - acontece que o Estado é uma instituição de classe criada pela classe dominante com a finalidade de oprimir aqueles que pensam que a sua participação na sociedade se deverá restringir apenas ao exercício do voto – um acto aparentemente livre mas que, pelas razões óbvias e mais que exaustivamente explicadas, está à partida viciado
Spartakus e a reforma das estruturas do Poder
(1) "Há uma campanha, mais subtil, menos subtil, no sentido de corroer todos os esteios, todos os alicerces que fazem parte do Portugal cristão. (...) Mas o que impressiona mais é que vem dos responsáveis politicos ou governamentais, que estão a pontapear Portugal"
(Bispo Manuel Martins, em declarações à Radio Renascença)
(2) O vocabulário oficial corrompeu o uso das palavras. Imaginei a expressão "socialismo neoliberal" como sendo original na definição e diferenciação dos partidos, ditos "de esquerda", mas cujos directórios são de facto aderentes ao sistema de poder instituido. Mas, depois de uma busca rápida pela internet, o primeiro a usar entre nós a expressão foi Francisco Madeira Lopes nesta crítica ao PS. A que, na refrega pós-eleições e no desejo de participação no Poder, se poderá agora acrescentar a ala social-democratizante do BE.
(3) "o País está para o futuro como o perú está para o Natal"
(Pedro Norton, revista Visão)
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domingo, dezembro 27, 2009
Filhos do 11 de Setembro
Contos Infantis e Realidade
“sendo os homens aquilo que são, deus só podia ser mau (…) tanto tempo sem dar noticias e agora aqui está de novo, vestido como quando nos expulsou do paraíso (…) és responsável pela primeira morte, por teres desprezado injustamente o sacrifício de caim (…) és sanguinário, caprichoso, sádico ” (José Saramago)
¿Onde está o Mal? (Andrea Blanqué, escritora uruguaia)
Explicar a uma criança o que é o Mal é uma das tarefas mais difíceis que um progenitor pode ter diante si. Todas as crianças começam por ir sabendo o que é o Mal, à medida que vivem e crescem. Toda a criança pergunta aos seus pais o porquê e exige uma explicação do adulto sobre a inversão de valores que o mundo sofreu face ao que se esperaria – da justiça – que resulta perante os seus olhos no contrário daquilo que seria de esperar.
Um dia calhou-me ser levada a um McDonald com a minha filha afim de comer um hambúrguer e nesse preciso instante uma miudita com a face marcada por uma golpe acercou-se de nós a pedir uma moedinha. Na porta do edifício do avô havia um contentor para o lixo que os moradores despejavam fora de horas. Uma vez a minha filha e eu observámos o ritual de um velhote de barba amarelada almoçando às 5 da tarde retirando sobras de um desses sacos deitados fora e devorando os restos de comida. A tudo isto a minha filha me perguntava o porquê, e quando o fazia olhava-me com olhos incrédulos, e eu então complicava-me numa explicação complexa ou então contestava com interjeições e monossílabos, ou somente a abraçava a tratava de celebrar junto com ela a angústia que produz a injustiça. Assim revivi a velha tristeza, o horror original que eu mesmo sinto desde há quarenta anos perante a pobreza do mundo. A todos os meninos se formam nós na garganta, quando começam a conhecer a pobreza. E paralelamente, um menino que começa a viver fá-lo escutando histórias, contos, literatura. Um menino que lê velhas histórias começa a sentir na pele o mal, começa a sentir a necessidade de olhá-lo de olhos abertos, pensar sobre ele.
No século XXI, os velhos e adorados contos de fadas falavam à minha filha do Mal do mundo que continua a doer, assim como décadas atrás me aconteceu a mim. Tenho revivido com ela a fome de Hansel e Gretel, quando os pais abandonam os pequenos heróis no bosque porque já não tinham um bocado de pão para lhes dar de comer. Revivi a sombra do infanticídio nesse conto, e também no relato terrível do Flautista de Hamelin, onde políticos fraticidas liquidam as jovens gerações por acção da sua corrupção e ganância. Passamos muito tempo juntas, lendo em livros repletos de desenhos o que significa o trabalho infantil: uma boa quantidade de meninas dos contos de fadas realizam penosas tarefas domésticas. Acarretam baldes de água, esfregam roupas finas, vestem outras andrajosas. São meninas que trabalham de sol a sol, que se não o fizerem são violentamente castigadas, como as meninas que habitam nos subúrbios das nossas cidades.
Claro que as meninas da Gata Borralheira, Branca de Neve, a Fada do Bosque e a Menina com Cabeça de Burro… de imediato se convertem em princesas. É legitimo pensar que os contos infantis ajudam a ultrapassar a dor e a ver o ardor da fome como algo de transitório e passageiro. Mas nesses contos todos os personagens se querem comer uns aos outros. Assim os lobos esfomeados dos 7 Cabritinhos e do Capuchinho Vermelho terminam com as barrigas empanturradas, depois de satisfazerem a sua ânsia ancestral de devorar. O lobo dos Três Porquinhos acaba por cair por uma chaminé em cima de uma frigideira de azeite a ferver digna de um refeitório para sem abrigos. Já tinha comido os outros dois porquinhos e ainda assim perseguia comer o terceiro. O Gato das Botas, um feroz ogre que pode devorar o mundo inteiro termina convertido num ratão que é devorado por um gato, que se transforma no nosso herói. Acabar com a fome é um dos eixos desses contos maravilhosos.
Os contos de fadas vêm da Europa: hoje a Europa é o mundo dos ricos, o palácio dourado onde todos os andrajosos do terceiro mundo querem chegar mediante alguma varinha mágica à terra onde os os ratos se convertem em criados de libré. Até há quase cinquenta anos e durante séculos na Europa houve fome e meninos desnutridos, como agora ainda há por todos os cantos da América Latina. Hoje os europeus já se esqueceram da fome, porém deixaram-nos os seus contos, legaram-nos os seus livros, milhares de páginas que falam de dor. A literatura é a cicatriz dos povos que sofreram a miséria humana. Sem dúvida, não é de crer que a literatura deva impor-se a si mesma por falar de dor. Não é necessário. A dor se filtrará através dela, sempre, como um pesadelo num sono repousante, ou como a febre que se instala no corpo.
Penso nas minhas personagens, nos personagens dos meus contos e novelas que são da classe média e da classe média baixa. Nenhuma das minhas histórias se passa num condominio fechado. Creio que não poderia escrever uma novela onde o protagonista fosse o filho de um grande financeiro. Não creio que o consiga. Talvez requeira um esforço de hedonismo que não me permite fabricar esse ambiente. Não o farei. Não me creio inocente nem culpada, simplesmente escrevo. Logo, a questão da verossimilhança é um assunto sagrado. Mas se escrevo sobre a miséria atroz que pensarão os leitores? Há uma resposta óbvia, transparente. Não é forçoso escrever sobre o mundo da dôr, porque a dôr está aí, antes de nos pormos a escrever sobre nada. Ela chega e humedece tudo aquilo que cada um faça, percebe-se, ouve-se, apalpa-se. Nada escapa à dor. As minhas personagens vêem-na passar, vêem o mal, ele está aí e é impossivel ignorá-lo quando qualquer de nós sai às ruas das nossas cidades.
Não é necessário fazer proselitismo para denunciar o Mal, porque nos encontramos num mundo possuido por ele, uma mancha que não é possível apagar, que é impossível dissimular. É possivel sanear o mundo, aliviar a dor com os livros, com a literatura, com histórias que alguns seres humanos imaginaram e deixaram registadas numa substância química orgânica chamada papel? Sabemos que os livros reverteram a dor de alguns seres humanos. Dizem que a novela de Harriet Beecher-Stowe, a Cabana do Pai Tomás, contribuiu seriamente para a abolição da escravatura. Dizem que foi um exemplo de como a literatura pode modificar a História. (assim Caim pudesse também pôr termo à crendice religiosa). No entanto, sentimo-nos certamente impotentes frente ao Mal. Pensar que cada livro que se escreva será como a Cabana do Pai Tomás que melhorará o mundo é certamente estúpido. Porém sabemos muito bem que o mundo afectado pela dor é aquele que é o mais mostrado na ficção, precisamente porque não há outro. Diz-se que todo o escritor é livre de escrever sobre o que quiser. Cada um pode criar um palácio dourado e ser feliz por o criar. Porém, por mais contos de fadas que um escritor invente, sempre ficará colado entre as páginas a fome de Hansel e Gretel, a antropofagia da Bruxa, o frio que congela a andorinha do Polegarzinho, a ameaça de violação da Menina do Capuchinho Vermelho no meio do bosque, a orfandade do Patinho Feio, a perna mutilada do Soldadinho de Chumbo, as esposas agredidas e assassinadas pelo Barba Azul
Realidade - voltou o mau tempo:
"Trichet apela à redução dos défices na zona euro"
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sábado, dezembro 26, 2009
Bowie Bergdahl, mais um cavaco para a fogueira religiosa
"tu fundamentalista islâmico, mim fundamentalista cristão"
o soldado norte americano desaparecido desde o dia 30 de Junho do seu quartel na zona oriental do Afeganistão é finalmente confirmado como tendo sido capturado, ao aparecer num vídeo enviado para sítios web ontem, o dia em que se celebra a festa da família cristã - a NATO diz que "a difusão deste vídeo no Dia de Natal é uma afronta à família e amigos do soldado, demonstrando as tradições religiosas dos ensinamentos do Islão". Deve ser verdade, porque os tapetes da escola persa que servem de fundo são de facto de óptima qualidade. Mercadorias àparte, a CNN por sua vez afirma que "a exposição coerciva e a humilhação de um prisioneiro de guerra americano ofende gravemente o direito internacional" – o Direito Internacional? - veja com os seus próprios olhos: a comunicação da porta voz da CNN termina com o indicativo musical dos filmes da Disney
Ho! ho! ho!... Ceia de Natal (o que teria sido a ementa?)
sexta-feira, dezembro 25, 2009
assaltos culturais: "o natal"
Por incrível que pareça, no século VI antes do Messias, ainda anteriores à mitologia greco-romana, já uns caramelos etruscos desenhavam em Itália cenas de presépio com imagem contemporânea em vasos de cerâmica. Seriam bruxos? ou a malta das catatumbas inventou “Jesus” e abotuou-se com os mitos dos povos primitivos?
os Hinos Homéricos, Hermés nascido filho de um deus (Zeus) e
de uma ninfa (Maia) para comemorar o seu nascimento matou
Sob a barragem do assalto civilizacional actual também nós nos atrevemos a borrar a pintura, salientando os efeitos do “socialismo neoliberal” aplicados ao Presépio. Se nós não nos salvamos, Deus também deve sair lixado da cena. Personagens e intérpretes:
Pastores – Não há nada mais certo que verificar-se que nos diversos Beléns há mais pastores que ovelhas, parece absurdo, mas sempre foi assim. Por isso seremos obrigados a desfazermo-nos de todos, menos um. Serão instalados “pastores eléctricos” (cercas electrificadas) a fim de controlar as ovelhas; depois da instalação completa planeia-se a possibilidade de substituir o pastor que resta por um cão da GNR com experiência
Personagens das guildas de artesãos – É surprendente a quantidade de operários manuais que pode haver nas re-edições dos presépios de Belém. Ferreiros, padeiros, carpinteiros (fazendo concorrência desleal a São José) tosquiadores, taberneiros … ofícios para os quais é igualmente surpreendente ver os poucos clientes que restam. A decisão a tomar é despedir todos os artesãos; é duro, mas não há outro remédio senão continuar a adquirir esse tipo de bens e serviços nos centros comerciais, a empresas como a Ikeia, a Nike ou a Starbucks que podem livremente e em democracia sub-contratar menores para sacar pechinchas quase à borla na origem que revendem com mil por cento de lucro assalariando no destino escravos pagos a ordenado minimo
Cabana e Palheiro – a importar exclusivamente da China e correlativos. Se houver queixas de falhas nas instalações no atendimento a partos de meninos, podem manifestar-se em frente do ministério responsável pelo SNS para que adopte o sistema de cama quente como a maioria dos emigrantes fazem.
Lavadeiras – Há uma mania compulsiva de lavar a roupa no Presépio. Esses postos de trabalho menores, ocupados quase sempre por mulheres, serão suprimidos. Cada um lavará a sua roupa nos intervalos disponíveis do trabalho, contribuindo assim para a equiparação dos sexos na repartição das tarefas domésticas
Anjo da anunciação – Uma vez que os pastores foram todos à vida não faz sentido manter um anjo a anunciar novidades às ovelhas. Será substituído por um reclamo luminoso onde se anunciem também promoções de marcas de outsourcing para a próxima campanha comercial do dia de São Valentim
Castelo de Herodes – Herodes será mantido no seu posto. Não é que mande muito, mas sempre dá despacho a directivas. Soldados ficarão dois, por razões de segurança, porém serão pagos através de externalidades. Serão contratados pela Prossegur-Castelos SA, sem custos fixos e pagos com flexibilidade por tarefa.
Figurantes – É escandalosa a quantidade de personagens que abundam em Belém sem fazer nada. Serão todos despedidos. Já haviam de o ter sido há mais tempo.
Peregrinos com prendas – são um grupo distinto de figurantes, algo menos ociosos, porém não muito mais produtivos, que normalmente se dirigem ao cenário do acontecimento com a mais variada quantidade de objectos. Uns com galinhas, outros com cabritos, outros com cestas ou pastas pretas (que dossiers levarão dentro dos atados estas misteriosas personagens?). Dado que perseguem todos o mesmo destino, organizaremos um serviço de logística para rentabilizar o processo. Peregrinos sem prendas serão todos despedidos. Ficará apenas o mais habilitado, que com a ajuda de um animal de carga recolherá todas as viandas e a cada 5ª feira as apresentará a Deus.
Reis Magos – Supõe-se que um só rei é mais que suficiente, para levar o ouro e incensar os derivados em bolsa, a Mirra. Eliminamos dois reis e também os camelos e os pagens. È melhor ficar com o Rei Negro para que não haja acusações de racismo, além disso jamais se recusará a trabalhar nem a pedir baixa à caixa. Por fim vende-se o ouro; e o incenso será o único activo a preservar para reduzir ao mínimo os custos da empresa organizadora do presépio.
a Mula e a Vaca – a única função destes bichos é fornecer calor. Isso pode ser perfeitamente propiciado por uma fogueira solar. Sob a direcção prévia de um “assessment center”, a Mula é transferida para o serviço de logística atrás citado e o Boi regressa à agricultura, ou vice-versa.
São José e a Virgem Maria – Continuando desconhecido o paradeiro do Espírito Santo, a Trindade ficará representada por uma só pessoa. Desta forma se evitam baixas duplas por maternidade/paternidade. Por razões de quotas de paridade ficamos com a Virgem e despedimos o São José, que aliás, já não exerce as funções de carpinteiro com que entrou para a empresa.
o Menino Jesus – apesar de ser um juvenil dispõe de um potencial muito elevado. Parece que o seu pai controla umas situações com grande valor acrescentado e sempre em grande expansão. Vamos manter o fedelho no berço com um salário de merda até que demonstre o seu valor.
Assim sendo, as imagens de Belém ficarão organizadas da seguinte forma: 1 Pastor com Ovelhas numa cerca, 1 Chinês com uma loja/pousada aberta 24 horas por dia. Herodes e os 2 guardas subcontratados, um peregrino agricultor que se governa com a mula (ou a vaca) fazendo as honras da casa, 1 Rei negro (ilegal), a insuspeita Virgem e o Menino trabalhador infantil. É muito mais austero que nos anos anteriores, porém como se presume, estamos a poupar umas massas ao país... (do qual, como expatriados, teremos de fugir a sete pés!)
(adaptado de uma ideia dos nossos amigos do Kaos en la Red)
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quinta-feira, dezembro 24, 2009
hoje à noite há festa,, mas não em Belém...
os governantes pró americanos-Sionistas da República Árabe do Egipto, (repete-se: Árabe) apesar da onda de protestos que chegam de todo o mundo, estão debaixo de grande pressão para manter bloqueada a fronteira por forma a impedir a entrada da coluna internacionalista de ajuda humanitária a Gaza. Por favor, comecem a enviar mensagens para todas as embaixadas egipcias. entre as quais a nossa:
Av. D. Vasco Gama 8 1400-128 Lisboa - Tel. (351)213018301 -
Fax (351)213017909 - egyptcomm@mail.telepac.pt
in memorian de Rachel Corrie, a jovem de 23 anos assassinada pelos buldozers de Israel quando se opunha à demolição de casas de palestinianos, cujas execuções prosseguem mesmo que tenham gente lá dentro. Corrie, era uma estudante da Universidade de Olympia em Washington, activista do movimento pela Paz e Justiça. (ver aqui)
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Av. D. Vasco Gama 8 1400-128 Lisboa - Tel. (351)213018301 -
Fax (351)213017909 - egyptcomm@mail.telepac.pt
in memorian de Rachel Corrie, a jovem de 23 anos assassinada pelos buldozers de Israel quando se opunha à demolição de casas de palestinianos, cujas execuções prosseguem mesmo que tenham gente lá dentro. Corrie, era uma estudante da Universidade de Olympia em Washington, activista do movimento pela Paz e Justiça. (ver aqui)
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quarta-feira, dezembro 23, 2009
obscenidades
o prémio nobel da paz para Barack Obama parece um escândalo insignificante quando comparado com outro facto que atinge de novo o absurdo e a demência. Organizado em conjunto pela empresa privada "Trip Fashion Company", uma empresa de capitais judeo-sionista, e pela Autoridade Nacional Palestiniana (os sequestradores pró-sionistas da ideia de Organização de Libertação da Palestina, OLP) agora "presidida" por Mahmud Abbas, foi anunciado um concurso de beleza para eleger uma "Miss Palestina", tirada a ferros do meio do cenário de ocupação e massacre. A realização do concurso já foi entretanto protelada para data a definir, face à resistência interna que provocou.
terça-feira, dezembro 22, 2009
a agressão a Berlusconi foi um bluff?
O panorama politico em Itália era critico, com as ligações mafiosas do governo a tornarem a situação insustentável. Desde a agressão que Berlusconi não pára de subir nas sondagens. Este tipo de golpes mediáticos que apelam à vitimização nem sequer são novidade. Foram usados por Mitterrand, Balladur, Mário Soares. Des-encriptando as primeiras imagens do comicio da Piazza do Duomo, uma a uma, nem uma lágrima nem uma gota de sangue pode ser vista. Uma cadeia de televisão italiana analisa pormenorizadamente o video do acontecimento. O operador de câmara segue em directo e continuadamente o trajecto do Lider e, no instante da agressão desvia o foco da atenção para um close-up da assistência nas proximidades. Tudo demasiado perfeito para ser verdade. Na foto acima, um estranho objecto na mão esquerda da primeira pessoa que ampara o Lider lança em definitivo a suspeita de "sangue posto". (O video pode ser visto aqui)
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segunda-feira, dezembro 21, 2009
Copenhaga: houve acordo?
"queriam surpreender-nos à ultima hora com um documento que ninguém conhecia, produzido numa reunião secreta por Obama e o seu grupo de amigos dos opaises desenvolvidos" - “…es un texto que viene de la nada, no aceptaremos ningún texto que no venga de los grupos de trabajo, que son los textos legítimos que se han estado negociando estos dos años, en que participarían alrededor de 40 mil personas”
(Hugo Chávez)
Quiseram dar a entender que o acordo sobre a alteração do clima dependeria em última instância de dois únicos paises, os mais poluidores: Estados Unidos e a China. Eis o que disse Fidel Castro: “…Estados Unidos llegará si acaso a 300 millones de habitantes; China tiene casi cinco veces más población que Estados Unidos. Estados Unidos consume más de 20 millones de barriles diarios de petróleo; China llega apenas a cinco o seis millones de barriles diarios. No se puede pedir lo mismo a Estados Unidos y a China.” (in: La hora de la verdad)
* leitura aconselhada
A Verdade sobre o que ocorreu na Cimeira de Copenhaga (Fidel Castro)
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(Hugo Chávez)
Quiseram dar a entender que o acordo sobre a alteração do clima dependeria em última instância de dois únicos paises, os mais poluidores: Estados Unidos e a China. Eis o que disse Fidel Castro: “…Estados Unidos llegará si acaso a 300 millones de habitantes; China tiene casi cinco veces más población que Estados Unidos. Estados Unidos consume más de 20 millones de barriles diarios de petróleo; China llega apenas a cinco o seis millones de barriles diarios. No se puede pedir lo mismo a Estados Unidos y a China.” (in: La hora de la verdad)
anti-capitalista e conciliador.
O discurso integral do Presidente da Venezuela:
* leitura aconselhada
A Verdade sobre o que ocorreu na Cimeira de Copenhaga (Fidel Castro)
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domingo, dezembro 20, 2009
religião e atrasos de vida
num primeiro momento, os cristãos primitivos desenharam
a auréloa dourada do Sol, o simbolo da vida, em volta da
cabeça da comida, convertendo o animal num ser sagrado
Estudo do Legatum Institute sobre a prosperidade na Europa mostra que os países mais pobres tendem a ser os mais devotos. Depois o estudo desmente-se a si próprio: os portugueses são os mais pobres mas apenas os terceiros na escala de aceitação da religião; enquanto paises mais ricos como a Itália e a Irlanda são os mais religiosos. A regra "menos desenvolvimento mais obscurantismo religioso" aplica-se de facto às regiões mais atrasadas do mundo. (fonte)
é a alienação cultural proporcionada por condições abjectas de sobrevivência nas suas terras de origem que leva a que a grande maioria dos frequentadores da subida de joelhos das "escadinhas sagradas" de São João de Latrão seja composta por migrantes de antigas colónias latinas. Chegam lá acima em transe, de braços ao alto, desfigurados, mochila de trabalhadores às costas, mas orgulhosos de poderem servir a burguesia que tão cristãmente os acolheu para executar tarefas consideradas degradantes para o estatuto social em vigor nos paises desenvolvidos - a Igreja e a sua panóplia alucinada de pançudos predicadores é uma óptima gestora da divisão social da fé no trabalho
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sábado, dezembro 19, 2009
Copenhaga Talks (conversando...)
Naquela que foi seguramente a maior operação policial de sempre na história da Dinamarca, a primeira medida a ser tomada foi, segundo em visita guiada previamente o chefe da policia local Per Larsen mostrou aos jornalistas, a instalação de 37 jaulas em rede de metal num subúrbio, destinadas a encarcerar os dissidentes que se manifestassem durante a cimeira. Em paralelo as autoridades contrataram autocarros de transporte colectivo e todos os habituais meios necessários à logística da repressão. Embora a gíria comum neocon afirme que o mercado é livre, em assuntos de repressão o Estado ao serviço dos interesses dos capitalistas gosta de planificar bem os programas de anti-contestação.
Como resultado já foram mais de mil os utentes enjaulados ao ar livre sob um clima inóspito nos cárceres que já se celebrizaram tristemente como o “guantanamo de Valby”. Cá fora era este o panorama – com os activistas (entre muitos outros, os da Climate Justice Action) a afirmar: “queremos atravessar o cordão de segurança simplesmente para debater com os delegados oficiais”. O clima é de guerra total entre os esbirros do Estado que actua em nome da privatização da atmosfera e os manifestantes dos movimentos sociais anti-capitalistas. A presidente da conferência, Connie Hedegaard, demitiu-se, e a proposta que deixa em cima da mesa, segundo o relatório confidencial da ONU, levará a um aumento das emissões de 3 graus C. Os resultados são mantidos secretos pelos Media e prevê-se o colapso total no final da conferência.
Depois de 15.000 delegados de 192 paises começaram a chegar os gurus e os chefes de Estado que trabalham na imposição global da nova bolha financeira relacionada com o clima. Rajendra Pachauri, detentor do prémio Nobel em nome do IPCC (em conjunto com Al Gore) foi logo de inicio o primeiro a pedir explicações sobre o escândalo das mensagens trocadas entre “cientistas do CRU para cozinhar e dramatizar a questão do “aquecimento global” (é importante conhecer a lista dos financiadores do CRU)
O jornalista acreditado e cineasta Phelim McAleer tenta interceptar, com uma pergunta sobre o maior escândalo climático da história, o percurso de Al Gore; mas o resultado é a barragem cerrada e a inutilização do microfone do jornalista pela segurança da ONU.
Pela segunda vez em três dias (para ver aqui) o mesmo jornalista tenta inquirir outro responsável mas acontece-lhe o mesmo: acaba por ser expulso da sala com recurso à violência física.
O Presidente Chávez chegou a Copenhaga e disse a frase do ano: “Se o Clima fosse um Banco já teria sido salvo”. O Presidente Evo Morales não ficou atrás: “Obama é pior que Bush… o que mudou na América foi apenas a côr do presidente” – e foi ovacionado pelos movimentos sociais à sua chegada. Robert Mugabe foi mais radical: “quando os cães capitalistas arrotam emissões, quem paga somos nós, os pobres que passamos fome”.
Obama sabe que o Congresso jamais aprovará mais reduções até 2020. Por isso só apresenta metas ambiciosas para... 2050. Segundo uma observação do Guardian vai-lhes acontecer o mesmo que na fita Reservoir Dogs, com todos os executivos a disparar uns sobre os outros, acabando no final por morrer todos. Não sem que antes produzam uma qualquer declaração bombástica...
Qual então o futuro entre modelos económicos e modelos climáticos? – desmascarando a fraude capitalista, será o mesmo de sempre. A própria ONU confirma que os 140 jactos privados, outros vôos comerciais, comboios e autocarros especiais, alimentação, hotéis, espumantes, caviar e energia gerada pelos actores que se deslocam a Copenhaga, atingem 41.000 toneladas de dióxido de carbono, ou seja, mais gases de efeito estufa que os gerados pelo Malawi, Afeganistão e Serra Leoa no período que dura a Conferência. Enquanto se propõem obrigar o proletariado mundial e as classes médias a aceitar sacrifícios pessoais em nome da salvação do planeta.
As elites globais provêm de regiões capitalistas onde se considera normal ter 3 SUV,s por família, e têm o descaramento de tentar impor um orçamento para “ajudas” de 200 milhões de dólares àqueles que andam a pé, de bicicleta ou de transporte público. Isto quando o custo da Cimeira de Copenhaga, segundo o Daily Mail incluindo 37 milhões em salários para funcionários destacados pelo governo local, atinge no total os 130 milhões de libras!! Claro que a maior parte deste dinheiro é subtraído dos impostos pagos pelos contribuintes de todo o mundo.
Para lá das palavras de circunstância, os chefes de Estado reunidos em Copenhaga têm continuado a apadrinhar massivamente politicas baseadas em energias poluentes, como o petróleo e o carvão, no nosso caso por intermédio do Banco Europeu de Investimento (BEI) e nos restantes através do Banco Mundial. Com cerca de 60 milhões de euros de investimentos por ano o BEI vem suportando largamente os meios de financiamento que impedem uma transição ecológica da economia…
No seu sito Internet o BEI afirma que “luta contra as alterações climáticas” que seria “uma das suas prioridades” – e depois financia com centenas de milhões de euros, pelo menos entre 1996 e 2005, transportes aéreos e terrestres, grandes obras como a construção de auto-estradas, aeroportos e a indústria aeronáutica em geral, tudo meios de elevada adição de energias fósseis. (outro escândalo, a ler: como a Europa e o Banco Mundial subvencionam o reaquecimento global)
Por exemplo, como foi noticiado esta semana, a Ryanair irá instalar mais 14 rotas low-cost a partir de Faro e espera aumentar o tráfego nesse aeroporto para 1,3 milhões de passageiros a partir do próximo ano. Uma politica "fossilizada" que é por toda a Europa uma espécie de subsidio ambulatório capitalista de urgência a acarretar consumidores para largarem uns trocos em almoços e hotéis em zonas estagnadas pela crise
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Como resultado já foram mais de mil os utentes enjaulados ao ar livre sob um clima inóspito nos cárceres que já se celebrizaram tristemente como o “guantanamo de Valby”. Cá fora era este o panorama – com os activistas (entre muitos outros, os da Climate Justice Action) a afirmar: “queremos atravessar o cordão de segurança simplesmente para debater com os delegados oficiais”. O clima é de guerra total entre os esbirros do Estado que actua em nome da privatização da atmosfera e os manifestantes dos movimentos sociais anti-capitalistas. A presidente da conferência, Connie Hedegaard, demitiu-se, e a proposta que deixa em cima da mesa, segundo o relatório confidencial da ONU, levará a um aumento das emissões de 3 graus C. Os resultados são mantidos secretos pelos Media e prevê-se o colapso total no final da conferência.
Depois de 15.000 delegados de 192 paises começaram a chegar os gurus e os chefes de Estado que trabalham na imposição global da nova bolha financeira relacionada com o clima. Rajendra Pachauri, detentor do prémio Nobel em nome do IPCC (em conjunto com Al Gore) foi logo de inicio o primeiro a pedir explicações sobre o escândalo das mensagens trocadas entre “cientistas do CRU para cozinhar e dramatizar a questão do “aquecimento global” (é importante conhecer a lista dos financiadores do CRU)
O jornalista acreditado e cineasta Phelim McAleer tenta interceptar, com uma pergunta sobre o maior escândalo climático da história, o percurso de Al Gore; mas o resultado é a barragem cerrada e a inutilização do microfone do jornalista pela segurança da ONU.
Pela segunda vez em três dias (para ver aqui) o mesmo jornalista tenta inquirir outro responsável mas acontece-lhe o mesmo: acaba por ser expulso da sala com recurso à violência física.
O Presidente Chávez chegou a Copenhaga e disse a frase do ano: “Se o Clima fosse um Banco já teria sido salvo”. O Presidente Evo Morales não ficou atrás: “Obama é pior que Bush… o que mudou na América foi apenas a côr do presidente” – e foi ovacionado pelos movimentos sociais à sua chegada. Robert Mugabe foi mais radical: “quando os cães capitalistas arrotam emissões, quem paga somos nós, os pobres que passamos fome”.
Obama sabe que o Congresso jamais aprovará mais reduções até 2020. Por isso só apresenta metas ambiciosas para... 2050. Segundo uma observação do Guardian vai-lhes acontecer o mesmo que na fita Reservoir Dogs, com todos os executivos a disparar uns sobre os outros, acabando no final por morrer todos. Não sem que antes produzam uma qualquer declaração bombástica...
Qual então o futuro entre modelos económicos e modelos climáticos? – desmascarando a fraude capitalista, será o mesmo de sempre. A própria ONU confirma que os 140 jactos privados, outros vôos comerciais, comboios e autocarros especiais, alimentação, hotéis, espumantes, caviar e energia gerada pelos actores que se deslocam a Copenhaga, atingem 41.000 toneladas de dióxido de carbono, ou seja, mais gases de efeito estufa que os gerados pelo Malawi, Afeganistão e Serra Leoa no período que dura a Conferência. Enquanto se propõem obrigar o proletariado mundial e as classes médias a aceitar sacrifícios pessoais em nome da salvação do planeta.
As elites globais provêm de regiões capitalistas onde se considera normal ter 3 SUV,s por família, e têm o descaramento de tentar impor um orçamento para “ajudas” de 200 milhões de dólares àqueles que andam a pé, de bicicleta ou de transporte público. Isto quando o custo da Cimeira de Copenhaga, segundo o Daily Mail incluindo 37 milhões em salários para funcionários destacados pelo governo local, atinge no total os 130 milhões de libras!! Claro que a maior parte deste dinheiro é subtraído dos impostos pagos pelos contribuintes de todo o mundo.
Para lá das palavras de circunstância, os chefes de Estado reunidos em Copenhaga têm continuado a apadrinhar massivamente politicas baseadas em energias poluentes, como o petróleo e o carvão, no nosso caso por intermédio do Banco Europeu de Investimento (BEI) e nos restantes através do Banco Mundial. Com cerca de 60 milhões de euros de investimentos por ano o BEI vem suportando largamente os meios de financiamento que impedem uma transição ecológica da economia…
No seu sito Internet o BEI afirma que “luta contra as alterações climáticas” que seria “uma das suas prioridades” – e depois financia com centenas de milhões de euros, pelo menos entre 1996 e 2005, transportes aéreos e terrestres, grandes obras como a construção de auto-estradas, aeroportos e a indústria aeronáutica em geral, tudo meios de elevada adição de energias fósseis. (outro escândalo, a ler: como a Europa e o Banco Mundial subvencionam o reaquecimento global)
Por exemplo, como foi noticiado esta semana, a Ryanair irá instalar mais 14 rotas low-cost a partir de Faro e espera aumentar o tráfego nesse aeroporto para 1,3 milhões de passageiros a partir do próximo ano. Uma politica "fossilizada" que é por toda a Europa uma espécie de subsidio ambulatório capitalista de urgência a acarretar consumidores para largarem uns trocos em almoços e hotéis em zonas estagnadas pela crise
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sexta-feira, dezembro 18, 2009
acabaram-se os tempos felizes
“Houve uma época em que havia optimismo e confiança na criatividade social como sendo capaz de ultrapassar as crises introduzidas pela economia tecnológica térmico-industrial – um mito na evolução do desenvolvimento que se verificou ser insustentável - um acidente que cortou de forma radical com o mundo anterior dominado pelas energias renováveis.
Alain Gras, "Le choix du feu. Aux origines de la crise climatique"
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quinta-feira, dezembro 17, 2009
Devem estar a brincar com a gente...
A principal razão porque o judeu Ben Shalom Bernanke foi nomeado o “homem do ano 2009” pela influente (e judia) Time deve ter sido por ser esta personalidade quem afirmou em 2007 que “o mercado se auto-regularia face à crise” que se adivinhava nos produtos financeiros especulativos sobre bens inexistentes. Foi desta forma que Bernanke “governou” em nome de Wall Street a economia mais importante do mundo, a que condiciona todas as outras. A sua liderança "criativa" ajudou a atingir uma não-retoma após uma depressão que se está a revelar catastrófica, para além de continuar incólume, em nome do negócio creditício da Reserva Federal americana controlada pelo lobie judeu, com um imenso poder sobre o "nosso" dinheiro, os nossos empregos, as nossas poupanças e o nosso futuro.
Assim como apareceu como grotesca a atribuição do nóbel da paz ao sujeito que manobra a escalada da guerra na Eurásia, assim também 47% dos americanos acham desta distinção feita a Bernanke que ele favoreceu os banqueiros de Wall Street (como é próprio da sua missão). Comparados com os meros 20% que acreditam que trabalhou em função da recuperação da generalidade da Banca. 33% “não têm a certeza”, o que faz sentido considerando a pouca compreensão para com uma pessoa que conduziu a presente derrocada do sistema até ao ponto em que estamos. Por último, até este senador afirma que “não queremos para chairman da Reserva Federal alguém que fez parte do problema cozinhado sobre um défice criado em cima de lixo e que continua a ser responsável (com as ajudas aos bancos) pelas enormes dificuldades que estamos a experimentar (com o inicio de um tempo de hiperinflação). É tempo de mudarmos a FED”
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Assim como apareceu como grotesca a atribuição do nóbel da paz ao sujeito que manobra a escalada da guerra na Eurásia, assim também 47% dos americanos acham desta distinção feita a Bernanke que ele favoreceu os banqueiros de Wall Street (como é próprio da sua missão). Comparados com os meros 20% que acreditam que trabalhou em função da recuperação da generalidade da Banca. 33% “não têm a certeza”, o que faz sentido considerando a pouca compreensão para com uma pessoa que conduziu a presente derrocada do sistema até ao ponto em que estamos. Por último, até este senador afirma que “não queremos para chairman da Reserva Federal alguém que fez parte do problema cozinhado sobre um défice criado em cima de lixo e que continua a ser responsável (com as ajudas aos bancos) pelas enormes dificuldades que estamos a experimentar (com o inicio de um tempo de hiperinflação). É tempo de mudarmos a FED”
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quarta-feira, dezembro 16, 2009
do estado do Estado (de classe)
Ontem o Benfica tinha uma divida astronómica, estava falido. Já a noite ia alta quando em assembleia geral os sócios anuiram que se desse um jeito nos livros das contas e se fizesse umas transferâncias de nomes; e hoje de manhã já não deviam nada.
A avaliar pela suave quietude social no clube Portugal, espera-se decerto que Sócrates, o grande lider da agremiação popular cá do sítio, possa também “dar um jeito” no estado das contas e retirar o país da situação de falência em que se encontra. Porém neste caso a incerteza subsiste por se saber que apenas um certo número limitado de militantes "socialistas" votaram para ter este directório partidário no P"S". É como no Benfica, votam meia dúzia de sócios, mas o resultado influencia toda a prática desportiva nacional.
A palavra chave aqui invisivel é “desporto” porque o futebol não representa a totalidade das actividades desportivas; na mesma proporção, o “voto” gerido pelo Estado burguês, em nome da classe dominante, deixa deliberadamente de fora uma grande maioria de representações. Representados ou não, certo certo é que o défice crónico português - aquilo que compramos ao estrangeiro a dividir por cada um dos 10 627 250 residentes em Portugal - significa qualquer coisa como 5756 euros por ano a pagar com os rendimentos de cada um! Isso, e mais os juros devidos, é conseguido pela politica de espólio do valor do trabalho na equação capitalista
o Coro dos Escravos – Verdi - Berliner Phil & Rundfunkchor Berlin - Claudio Abbado
A avaliar pela suave quietude social no clube Portugal, espera-se decerto que Sócrates, o grande lider da agremiação popular cá do sítio, possa também “dar um jeito” no estado das contas e retirar o país da situação de falência em que se encontra. Porém neste caso a incerteza subsiste por se saber que apenas um certo número limitado de militantes "socialistas" votaram para ter este directório partidário no P"S". É como no Benfica, votam meia dúzia de sócios, mas o resultado influencia toda a prática desportiva nacional.
A palavra chave aqui invisivel é “desporto” porque o futebol não representa a totalidade das actividades desportivas; na mesma proporção, o “voto” gerido pelo Estado burguês, em nome da classe dominante, deixa deliberadamente de fora uma grande maioria de representações. Representados ou não, certo certo é que o défice crónico português - aquilo que compramos ao estrangeiro a dividir por cada um dos 10 627 250 residentes em Portugal - significa qualquer coisa como 5756 euros por ano a pagar com os rendimentos de cada um! Isso, e mais os juros devidos, é conseguido pela politica de espólio do valor do trabalho na equação capitalista
o Coro dos Escravos – Verdi - Berliner Phil & Rundfunkchor Berlin - Claudio Abbado
e Berlusconi não se vai...
Em Outubro passado o Guardian publicou documentos inéditos do MI5 onde, na ressaca final da 1ª Grande Guerra em 1917, o nome de Benito Mussolini constava de uma lista de pagamentos dos serviços secretos britânicos. O ditador italiano começou então a sua carreira recebendo 100 Libras por semana pagos pelo MI5 (fonte)
O jornal Público de hoje, um pasquim de conteúdos inequivocamente conotados com o neoconservadorismo europeu, garante hoje que Berlusconi passará de imediato ao ataque (em vez de tentar resolver a questão de governo pela via democrática). Pergunta: de que listas invisiveis de pagamentos farão agora parte Berlusconi, Blair, Aznar, Barroso e Sarkozy, o americano em Paris que chegou em último para enquadrar o esquadrão de implantação do fascismo na Europa?
a revista Visão publica um quadro onde indica os paises com maior número de tropas sob a égide da NATO em território afegão (o Iraque é exclusivo norte americano por conta das petroliferas) e o respectivo esforço bélico em percentagem em relação ao número total das suas forças armadas (nº assinalado no interior dos circulos). Estima-se que em finais de 2010 os custos das intervenções militares dos EUA sejam de 72.900 milhões de dólares, atingindo o total da mobilização global que inclui os restantes paises 101.000 milhões. 1 milhão de custo anual para cada soldado; 3.600 milhões custo mensal da guerra e 1 bilião de custo total desde 2001. Os directórios governativos de 42 paises, incluindo Portugal, concordam com esta politica, apesar da decadência social interna e de fontes militares americanas afirmarem que já só existe uma centena de membros da "Al-Qaeda" no Afeganistão
O jornal Público de hoje, um pasquim de conteúdos inequivocamente conotados com o neoconservadorismo europeu, garante hoje que Berlusconi passará de imediato ao ataque (em vez de tentar resolver a questão de governo pela via democrática). Pergunta: de que listas invisiveis de pagamentos farão agora parte Berlusconi, Blair, Aznar, Barroso e Sarkozy, o americano em Paris que chegou em último para enquadrar o esquadrão de implantação do fascismo na Europa?
a revista Visão publica um quadro onde indica os paises com maior número de tropas sob a égide da NATO em território afegão (o Iraque é exclusivo norte americano por conta das petroliferas) e o respectivo esforço bélico em percentagem em relação ao número total das suas forças armadas (nº assinalado no interior dos circulos). Estima-se que em finais de 2010 os custos das intervenções militares dos EUA sejam de 72.900 milhões de dólares, atingindo o total da mobilização global que inclui os restantes paises 101.000 milhões. 1 milhão de custo anual para cada soldado; 3.600 milhões custo mensal da guerra e 1 bilião de custo total desde 2001. Os directórios governativos de 42 paises, incluindo Portugal, concordam com esta politica, apesar da decadência social interna e de fontes militares americanas afirmarem que já só existe uma centena de membros da "Al-Qaeda" no Afeganistão
terça-feira, dezembro 15, 2009
quando o sequestro totalitário da politica não deixa outra alternativa senão a violência
"O que fizeram a Berlusconi foi um acto de terrorismo"
Umberto Bossi, lider do partido de extrema-direita Liga do Norte
No dia 31 de Outubro de 1926 Benito Mussolini chegou a Bolonha para inaugurar o estádio da cidade. Anteo Zamboni, um jovem de quinze anos, disparou contra Mussolini, porém não lhe conseguiu acertar. Na sequência do acto a esquadra de segurança do Duce comandada pelo capo Lerandro Arpinati linchou de imediato o agressor logo ali no local. Como consequência do falhado atentado, apenas um mês depois, aprovaram-se as "Leis de Excepção para Defesa do Estado", anularam-se passaportes, suprimiram-se jornais anti-fascistas, dissolveram-se partidos politicos e instituiu-se uma policia secreta de vigilância. A 9 de Novembro declarou-se o fim do mandato parlamentar de 120 deputados eleitos.
Gennaro Carotenuto substitui os nomes na crónica sobre a agressão de anteontem a Berlusconi pelos do atentado de Zamboni a Mussolini - para ler no sitio "Giornalismo Partecipativo"
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Umberto Bossi, lider do partido de extrema-direita Liga do Norte
No dia 31 de Outubro de 1926 Benito Mussolini chegou a Bolonha para inaugurar o estádio da cidade. Anteo Zamboni, um jovem de quinze anos, disparou contra Mussolini, porém não lhe conseguiu acertar. Na sequência do acto a esquadra de segurança do Duce comandada pelo capo Lerandro Arpinati linchou de imediato o agressor logo ali no local. Como consequência do falhado atentado, apenas um mês depois, aprovaram-se as "Leis de Excepção para Defesa do Estado", anularam-se passaportes, suprimiram-se jornais anti-fascistas, dissolveram-se partidos politicos e instituiu-se uma policia secreta de vigilância. A 9 de Novembro declarou-se o fim do mandato parlamentar de 120 deputados eleitos.
Gennaro Carotenuto substitui os nomes na crónica sobre a agressão de anteontem a Berlusconi pelos do atentado de Zamboni a Mussolini - para ler no sitio "Giornalismo Partecipativo"
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segunda-feira, dezembro 14, 2009
teorias da conspiração: Osama Bin-Droga
A propósito da guerra em busca do Bin-Laden perdido, os comandos operacionais dos EUA e UK vêm garantindo aos Media que os Talibans se suportam através do tráfico de ópio e de heroína. Desde a invasão o Afeganistão exporta pelo menos 80% do ópio comercializado no mercado mundial, o que representa um negócio no valor de 3 mil milhões de dólares. Note-se que a parte mencionada pelas autoridades atribuída aos Talibans é de cerca de 200 milhões. Ora isto é menos de 10% da totalidade. Quem monopoliza o resto do comércio de droga? Sem dúvida, o Tio Sam e os seus amigos, claramente…
No final do Verão o jornalista italiano Enrico Piovesana do Peace Repórter veio a público com um artigo intitulado “Cosa si nasconde dietro la guerra in Afghanistan?” o qual mereceu aqui uma tradução resumida e acrescentada com alguns links neste post. A ideia central, conjugada com algumas outras, era a de que os EUA não fazem nada contra a produção de droga no Afeganistão porque ela lhes proporciona, pelo menos, 50 mil milhões de dólares por ano e esse dinheiro estaria a ser investido para colmatar as brechas abertas pela falência do sistema bancário internacional.
Tanto quanto se vai sabendo os narco-dólares foram o único dinheiro vivo a dar entrada no circuito legal sendo utilizados para salvar os bancos em crise, e claro, os Estados Unidos não se opõem ao narcotráfico afegão para não pôr em causa a estabilidade de um governo apoiado pelos principais traficantes de droga no país, começando pelo irmão de Hamid Karzai (…) O que sucedeu no passado na Indochina e na América Central indica que a CIA está implicada no tráfico de drogas afegãs numa medida ainda maior do que a que já sabíamos. Em ambos os casos, os aviões da CIA transportavam drogas para o estrangeiro em nome dos seus aliados locais, e o mesmo pode estar a ocorrer no Afeganistão. Quando a história desta guerra estiver escrita, a sórdida participação de Washington no tráfico de droga afegã será um dos capítulos mais vergonhosos.
Mais uma série de teorias de conspirações saídas das mentes esquerdistas do costume, dir-se-ia. Porém, passados três meses, concretamente hoje no jornal “I”, um alto responsável da ONU vem admitir que os “cerca de 240 mil milhões de euros em dinheiro sujo evitaram um colapso ainda maior do sistema financeiro e económico global” - (também publicado no Guardian)
Não dá para acreditar; mas quem passou pela guerra colonial sabe muito bem qual é o clima emocional que se vive ao vaguear quotidianamente pelo meio da generalidade de populações abandonadas e miseráveis onde vale tudo para se tentar sobreviver. E o que vão mais 30 mil soldados do Obama fazer para o Afeganistão nestas circunstâncias? É por causa deste deambular sem nexo que alguns deles vão morrer? Não é de certeza. A realidade no terreno mostra que existem outras razões “para o combate”. Que espécie de psicopatas fardados ditos civilizados se dispõem a morrer enlameados em condições degradantes como as que se vêem aqui? e em nome dos lucros de quem?
No final do Verão o jornalista italiano Enrico Piovesana do Peace Repórter veio a público com um artigo intitulado “Cosa si nasconde dietro la guerra in Afghanistan?” o qual mereceu aqui uma tradução resumida e acrescentada com alguns links neste post. A ideia central, conjugada com algumas outras, era a de que os EUA não fazem nada contra a produção de droga no Afeganistão porque ela lhes proporciona, pelo menos, 50 mil milhões de dólares por ano e esse dinheiro estaria a ser investido para colmatar as brechas abertas pela falência do sistema bancário internacional.
uma aparatosa mobilização civilizacional
tendo como leit-motiv apenas uns poucos milhões
de perigosas criaturas, rudimentares, que sobrevivem
perto de niveis que roçam a indigência?
tendo como leit-motiv apenas uns poucos milhões
de perigosas criaturas, rudimentares, que sobrevivem
perto de niveis que roçam a indigência?
Tanto quanto se vai sabendo os narco-dólares foram o único dinheiro vivo a dar entrada no circuito legal sendo utilizados para salvar os bancos em crise, e claro, os Estados Unidos não se opõem ao narcotráfico afegão para não pôr em causa a estabilidade de um governo apoiado pelos principais traficantes de droga no país, começando pelo irmão de Hamid Karzai (…) O que sucedeu no passado na Indochina e na América Central indica que a CIA está implicada no tráfico de drogas afegãs numa medida ainda maior do que a que já sabíamos. Em ambos os casos, os aviões da CIA transportavam drogas para o estrangeiro em nome dos seus aliados locais, e o mesmo pode estar a ocorrer no Afeganistão. Quando a história desta guerra estiver escrita, a sórdida participação de Washington no tráfico de droga afegã será um dos capítulos mais vergonhosos.
Mais uma série de teorias de conspirações saídas das mentes esquerdistas do costume, dir-se-ia. Porém, passados três meses, concretamente hoje no jornal “I”, um alto responsável da ONU vem admitir que os “cerca de 240 mil milhões de euros em dinheiro sujo evitaram um colapso ainda maior do sistema financeiro e económico global” - (também publicado no Guardian)
Não dá para acreditar; mas quem passou pela guerra colonial sabe muito bem qual é o clima emocional que se vive ao vaguear quotidianamente pelo meio da generalidade de populações abandonadas e miseráveis onde vale tudo para se tentar sobreviver. E o que vão mais 30 mil soldados do Obama fazer para o Afeganistão nestas circunstâncias? É por causa deste deambular sem nexo que alguns deles vão morrer? Não é de certeza. A realidade no terreno mostra que existem outras razões “para o combate”. Que espécie de psicopatas fardados ditos civilizados se dispõem a morrer enlameados em condições degradantes como as que se vêem aqui? e em nome dos lucros de quem?
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