Vasco Pulido Valente
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"E na mesma medida em que se desenvolve a burguesia, isto é o capital, desenvolve-se também o proletariado, a classe dos modernos operários, os quais vivem só enquanto têm trabalho e só têm trabalho enquanto o seu trabalho aumentar o capital. Estes operários, que têm de se vender a retalho, são uma mercadoria como qualquer outro artigo de comércio e estão, assim, igualmente sujeitos a todas as vicissitudes da concorrência e a todas as flutuações do mercado." (Manifesto do Partido Comunista, Ed. Avante, Lisboa, 1975, p.67)
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As Classes
(Karl Marx, Livro III de “O Capital”, tradução do original em inglês no Marxists.Org)
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Foi sem dúvida em Inglaterra que a estrutura económica da sociedade moderna classicamente se desenvolveu de modo mais amplo. Não obstante, até aqui a estratificação das classes não nos aparece na sua forma pura. As classes médias e intermédias obscurecem por toda a parte as linhas divisórias (embora incomparavelmente menos nas zonas rurais que nas urbanas). Contudo, este é um factor imaterial para a nossa análise. Temos vindo a observar que a tendência constante da lei de desenvolvimento do modo capitalista de produção é a de cada vez mais e mais separar os meios de produção do trabalho e concentrar cada vez mais e mais os meios de produção dispersos em grupos cada vez maiores, transformando desta forma o trabalho em trabalho assalariado e os meios de produção em capital. E a essa tendência corresponde, por outro lado, o facto da propriedade fundiária, como entidade autónoma, se dissociar do capital e do trabalho (58), ou seja, a conversão de toda a propriedade da terra à condição de terra com proprietários é a forma adequada que corresponde ao modo capitalista de produção.
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Contudo, deste ponto de vista, os médicos e os funcionários públicos, por exemplo, constituíram também duas classes, embora, pertencendo a dois grupos sociais distintos, os membros de cada um destes grupos recebam os seus rendimentos da mesma fonte única. O mesmo será verdade para a infinita fragmentação de interesses e profissões, segundo os quais a divisão do trabalho social separa os trabalhadores bem como os capitalistas e senhores de terras, por exemplo, em donos de vinhedos, de áreas de lavoura, de florestas, de minas, e possuidores de meios pesqueiros”.
(o manuscrito de Marx é interrompido neste ponto. Engels coligiu o material que seria publicado posteriormente em “O Capital Vol. III Part VII, Capitulo LII)
nota no original:
(58) “F. List observa correctamente: “a prevalência de economias auto-suficientes em grandes patrimónios administrados pelos próprios donos demonstra simplesmente um bloqueio à civilização, aos meios de comunicação, comércio e indústrias internas e à prosperidade das cidades. Neste sistema, tudo isto pode ser encontrado por toda a parte, na Rússia, Polónia, Hungria, Mecklenburg. Outrora isto prevalecia também em Inglaterra, mas com o progresso das trocas e do comércio, houve uma ruptura e o sistema foi sendo substituído pelo parcelamento em explorações mais pequenas e pelo arrendamento de terras” (Die Ackerverfassung, die Zwergwirtschaft und die Auswanderung, 1842, p.10.)
Como sabemos, o imperialismo (estudado na teoria de Lenine no principio do século XX) retornaria ao processo de concentração monopolista estendendo-o a partir de então a todo o mundo
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