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exactamente 40 dias depois de ter sido aqui lembrado que o destino previsível da crise, originado pelas ajudas do Estado, seria um clima de inflação generalizada
(aqui em 16 de Agosto) e
(aqui em 18 de Agosto) o director do nóvel jornal “I” (eis a função desinformativa da imprensa corporativa: impedir a revolta das massas até que seja possível apresentar os factos como consumados) vem hoje em editorial traduzir a situação em linguagem doméstica:
“(…) não é o anunciado fim do sistema capitalista, mas
um perigoso aumento da dívida dos países. Ora os bancos centrais sabem bem que para resolver este problema
basta deixar derrapar a inflação - diminuir o valor do dinheiro baixa automaticamente o valor de uma dívida. É simples: quem peça dinheiro ao banco para comprar uma casa num país em hiperinflação, como por exemplo o Zimbabué, só tem de
esperar que a inflação suba para depois liquidar essa dívida com pouco dinheiro. Parece raciocínio de escola, mas é assim mesmo - e por isso os bancos não emprestam dinheiro no Zimbabué. Nassim Nicolas Taleb, que previu esta crise, não hesita em dizer que a saída consiste em deixar derrapar a inflação - transformando a dívida em dinheiro fresco.
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E em Portugal? -
O país tem uma dívida grande (107% do PIB), motivada pela necessária ajuda pública à economia, tem uma
economia dependente do estrangeiro e urgência de mostrar resultados em 2010. Isso significa que a prometida aposta (por PS e PSD) nas PME não daria frutos já - é impossível orientar num ano as decisões individuais de tantos portugueses (são mais de 2 milhões em empresas com menos de três empregados). O que tem efeitos mais rápidos, portanto, são
as obras públicas (só o PS as defende) e um incremento do consumo privado (só o PCP fala nisso). Isso vai representar mais gente a gastar mais dinheiro - ou seja,
mais dívida (ou mais dinheiro emprestado). Deixar derrapar a inflação, por isso mesmo, surge como estratégia simples”
(ver texto completo)
Em resumo, parece estar fora de causa que a ajuda politica à transição para um clima hiperinflacionário vai ser dada pela “maioria de esquerda”: PS (o keynesianismo das obras públicas e militares), BE (acção para regulação moral do sistema capitalista) e PCP (o aumento do consumo para “melhoria das condições de vida dos trabalhadores”). Abençoados sejam todos, incluidos
no quadro do politicamente falido parlamentarismo burguês, sob a circunspecta vigilância de sua excelência o presidente que se notabilizará pelo copo de cerveja a 5 euros.
O capitalismo vai nu; e os economistas da burguesia transnacional não se entendem sobre deflação e inflação. Obviamente
a hiperinflação é um animal diferente. Por exemplo, o caso da república de Weimar na Alemanha na década de 30, que nos é apresentada metodicamente como o caso mais extremo de inflação, não foi nada quando comparado com outros casos noutros países.
Gráfico do Cato Institute (duplo clique para ampliar):
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E
é quando a hiperinflação faz a sua entrada de rompante na economia que o desemprego atinge também a sua maior dimensão. O sindicato alemão FTD alerta para o facto do governo ter um
acordo tácito com a indústria para evitar mais despedimentos até às legistativas do dia 27, mas depois haverá mais reduções de postos de trabalho. Na óptica dos donos dos meios de produção continua a haver um excesso de mão de obra e de capacidade de produção para a qual não existem clientes com poder de compra. Em 2005, empresas como a Siemens, o maior empregador alemão, esperaram pelo dia seguinte ao sufrágio para anunciar o despedimento de milhares de trabalhadores. Desta vez, em 2009, a própria agência estatal calcula que ao longo do próximo ano haverá 1,1 milhões de trabalhadores em regime de trabalho parcial e que
o número de horas trabalhadas no país diminuirá 38 por cento. Tal quebra corresponderá a uma
redução de 630 milhões de horas laborais.
(fonte)enquanto a Revolução não os obrigar a mudar de ideias,
visto em termos de propriedade privada
este paradigma é um bom negócio para os capitalistas
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