“Pior que ser derrotado, é não lutar”
(Rosa Luxemburgo)
Hoje em dia o Estado exerce a sua administração sobre o pano de fundo da permissividade vegetativa da população controlada socialmente pelo Medo e pela submissão às novas formas de apartheid,
onde cada um está confinado às possibilidades de se acomodar com um resignado encolher de ombros no seu nicho de mercado. A sociedade apolítica – uma união de pessoas aterrorizadas que consentem em fazer parte de uma pseudo multidão paranóica - releva do Medo enquanto supremo principio mobilizador. Nada de novo (1). Como na sociedade nazi-fascista na Alemanha de Hitler, a ameaça orquestrada pelo ministério da Propaganda (que hoje abrange praticamente todos os órgão de comunicação corporativos) a grande ameaça provinha do Terror bolchevique comunista (2), substituido no pós gerra fria pelo papão terrorista do crescente vermelho, vulgo AlQaeda, ou "ameaças transnacionais" como lhe chama o ministro da Defesa - mas também de outras vivências de maior proximidade aos atarantados cidadãos: o medo dos imigrantes, o medo do desemprego, o medo do crime, o medo de doenças, o medo do colapso da segurança social, o medo da depravação sexual, o medo das altas taxas de impostos, o medo da catástrofe ecológica, etc.
Entendidos e martelados deste modo intensivamente pelos Media, este é o “conhecimento” abstracto que cai como granizo incessantemente sobre cada indivíduo: a ilusão de que existe uma espécie de “sofrimento de massas” de que o ouvinte/leitor fará parte, enquanto cada um por si vai sendo espoliado dos seus direitos fundamentais. Neste ponto, regra geral comum por todo o Ocidente orquestrado por uma unidade dos contrários hegelianos que afinal se completam num só, voltámos, regredimos ou estamos nas mesmas condições do tempo da “guerra civil em França” (segundo Marx trata-se da luta de classes, instrumentalizadas pelos interesses da Monarquia, quando descreve a Revolução de 1848) onde a escolha se propunha entre as duas alas do Partido da Ordem investido no governo – uma coligação de duas alas monárquicas – os partidários dos Bourbons e os partidários da Casa de Orleães.
(1) os novos disfarces da actual tirania (que agora dá pelo nome de “democracia”) já foi em tempo diagnosticada pelo filósofo inspirador do nazismo Friedrich Nietzsche em “Assim Falava Zarathustra”, quando considerou que a civilização ocidental estava a caminhar para a criação de criaturas apáticas sem grandes paixões nem grandes lealdades, inseridas num tipo de sociedade (coincidente com a actual mundivisão PSD-CDS) onde cada homem se pensa como um fim último em si, disputando ferozmente os seus privilégios pessoais no afrontamento com todos os outros homens.
(2) As analogias com a época actual são evidentes: Os dirigentes dos grandes consórcios económicos foram os primeiros a dar o seu apoio à ditadura da maioria decretada por uma minoria inscrevendo-se a titulo pessoal no Partido Nazi (o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães) com a conivência dos monopólios de toda a classe dominante europeia das democracias liberais. Havia algo de errado no facto da generalidade dos patrões se inscreverem num partido que pretensamente defenderia os operários, assim como hoje existe algo de profundamente errado nos operários, outros assalariados e precários que defendem os dois partidos onde milita o patronato que domina com uma agenda escondida o polvo dos negócios. No discurso de Hamburgo em 1936 numa reunião reservada com a nata das grandes figuras empresariais alemãs Hitler propôs-se prioritariamente “combater os actos de terror do marxismo”.
A extrema direita, a ala direita social- democrata ou os “socialistas de direita” como eles (os do NSDAP) se intitulavam, cujo contraponto moderno são “os socialistas em liberdade” de Mário Soares, ganhavam assim importância: “é preciso exterminar os bolcheviques que ameaçam a posse dos meios de produção, uma vez que os partidos burgueses só se preocupam com o sucesso eleitoral” (sic). Empresas com objectivos sociais em vez do lucro privado é que não. Hoje em dia não há Joe, Coelho, Belmiro, Pina Moura ou Amorim que, com as adaptações na terminologia necessárias, não assine uma coisa destas por baixo
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