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domingo, fevereiro 28, 2010

representação em casa alheia: a Esquerda expulsa do parlamento

Que se saiba parece que é a primeira vez que tal acontece na Europa da "união europeia".
O grupo parlamentar do Die Link, o partido radical da esquerda alemã, foi ontem expulso por inteiro do Reichtag (1) durante uma votação sobre a permanência das tropas da Alemanha destacadas para a invasão e que continuam a combater os movimentos populares de libertação no Afeganistão. O incidente sobreveio quando a deputada Christine Buchholz fez uma veemente declaração de repúdio à participação da Alemanha na agressão, em apoio do qual se ergueram os restantes 75 deputados do Die Linke exibindo cartazes cada um com o nome dos 140 civis mortos vítimas do bombardeamento ordenado pelo exército alemão no dia 4 de Setembro último em Kunduz. Buchholz, recém chegada do Afeganistão, tinha dito que "a insurgencia afegã tem todo o apoio popular e é parte da população". "Isso significa que a luta contra a insurgência e a proteccão da população são temas irreconciliáveis", e que, "a Alemanha está metida numa guerra contra a população do Afeganistão". A resposta foi uma ordem de evacuação dada pelo presidente da assembleia Lammert, que a pedido dos lider do partido Os Verdes ainda permitiu que antes da saída os 76 deputados pudessem exercer o direito de voto. A moção que aprova o envio de mais 850 soldados para o Afeganistão elevando assim o contingente alemão para 5.350 soldados passou sem dificuldades por 429 votos a favor e 111 contra, com o apoio da oposição social-democrata e 46 abstenções de OsVerdes - de notar que segundo as sondagens 71 por cento dos alemães expressaram cepticismo sobre o envolvimento na guerra do Afeganistão - por outro lado, o Die Linke é o único grupo parlamentar no Bundestag (1) cujos deputados merecem o privilégio de ter as suas comunicações electrónicas e telefónicas vigiadas pelos serviços secretos, conforme foi reconhecido oficialmente o ano passado. O ministro dos Negócios Estrangeiros Guido Westerwelle qualificou a expulsão do grupo parlamentar de "muito correcta"... a atitude desses deputados "não é aceitável" concluiu

(1) a sigla "Dem Deutschen Volk" que encabeça o fontão principal da fachada (qualquer coisa ao serviço do Povo) transitou incólume à remodelação do antigo Reichtag para o modelo Bundestag
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sábado, fevereiro 27, 2010

Pastoral

a Terra não é mais que um único país, onde cada humano ocupa por si um lugar de cidadão; mas existe uma estratégia usurpada pela parte de quem nos "representa" chamada “dividir para conquistar” (*) que embrutece a compreensão desta realidade – essa divisão acirrando uns grupos contra os outros é desenhada e usada para controlar as pessoas integradas nos diversos grupos antagónicos – se alguém odiar o outro, outro alguém de outra raça, esse alguém está implicitamente a aceitar ser controlado. Os lideres e empreiteiros dessas guerras têm empregue esta técnica desde há séculos e desafortunadamente há uma grande maioria de palermas que engolem a patranha; como se houvesse alguma guerra que fosse desencadeada sem ter em vista os interesses e sustentação das classes exploradoras do povo

Ludwig Van Beethoven - 6ª Sinfonia



"Dividir para Conquistar é uma técnica computacional que consiste em dividir um problema maior recursivamente em problemas menores até que o problema possa ser resolvido directamente. Então a solução do problema inicial é dada através da combinação dos resultados de todos os problemas menores computados". (Wikipedia) Será a este nivel local, (defendido e livre de ingerências externas contra a construção de uma sociedade auto-sustentável) que a Democracia Directa - a vontade do povo representado por ele próprio - poderá ser sociologicamente o lugar de exercicio pleno da Liberdade
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sexta-feira, fevereiro 26, 2010

a teoria da Mão Visivel

O caminho da servidão e dependência da Estónia (não é só a Grécia que tem problemas)

“Passaram duas décadas sobre a introdução da ordem neoliberal, e os resultados não podiam ser mais desastrosos, podendo-se considerar um crime contra a humanidade. Em todos estes anos não tem havido crescimento económico. Os activos ex-soviéticos estão hipotecados como penhor do pagamento da dívida. Não foi assim que a Europa Ocidental se desenvolveu no pós Segunda Grande Guerra Mundial, ou até inclusivamente antes disso (ou mais recentemente na China). Estes países seguiram o esquema clássico de protecção à indústria doméstica, gastos em infraestruturas públicas, fiscalidade progressiva, e proibições legais contra o tráfico de influências e o saqueio; tudo o que constitui os anátemas para a ideologia neoliberal do mercado livre” (*)

a questão é saber como vão responder os países da Europa e os demais países ocidentais ¿ admitirão o seu erro? Ou os seus governos e elites não sentirão nem uma ponta de vergonha? Os sinais actuais não são alentadores. A tribo de gestores ocidentais pensam que o trabalho não foi ainda empobrecido o suficiente, a indústria não está suficientemente devastada e o paciente económico ainda não foi suficientemente entubado. Se esta é a mensagem que Washington, Bruxelas e a Alemanha do Banco Central Europeu estão a lançar sobre os países bálticos, a Grécia e outros em situações análogas… imaginem o que estão a ponto de fazer aos lacaios internos destas politicas as populações destes próprios países!

(*) Michael Hudson e Jeffrey Sommers, Revista Sin Permiso

* Confirmaram-se os piores receios... primeiro-ministro grego afirmou hoje perante o Parlamento que os danos da crise que assola o país são "incalculáveis"
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quinta-feira, fevereiro 25, 2010

profissão: Bufo regimental

"no antigamente" os bufos satisfaziam-se contra a anormalidade das ideias progressistas (ou por vezes nem por isso), ensebando-se no lamaçal da delação. Em quase 40 anos que já lá vão nunca conseguiram limpar-se a cem por cento, porque ao interior das moleirinhas pidescas não se vai lá de agulheta; pelo contrário, compraram capacetes novos e replicaram-se em descendentes. Antes denunciavam-se pessoas por "actividades subversivas" no quotidiano do boca-a-boca para fazer desmoronar o regime; hoje em dia, no velho novo regime denunciam-se pessoas a quem se apanham dicas para que o regime não caia...

a Henrique Monteiro, director do Expresso, ontem aqui citado imageticamente ao de leve pelo relacionamento do milionário patrão da imprensa público-privada nacional com o grupo Bilderberg, (que indubitavelmente interfere na sustentação do paradigma governamental) caberia na perfeição o artº 309 do Decreto-Lei 26643 de 28 de Maio de 1936 que regulamentou as relações das autoridades com os suspeitos ao abrigo da Constituição de 1933, que reza o seguinte: "as conversas (com as visitas) terão lugar por forma que o funcionário que a elas assistir as possa ouvir e compreender". Eis então o que ouviu e bufou (Há quanto tempo se passaou a ocorrência, e porque só agora o director do Expresso bufou "cirurgicamente"?) o "não assunto" à comissão Parlamentar?: "Recebi um telefonema do 1º ministro a uma hora bastante desagradável... em que ele me pediu por tudo para não publicar os atropelos sobre o seu processo de licenciatura... eu disse-lhe que de modo nenhum o podia fazer... foi uma coisa bastante longa e embaraçosa..." - olha a lata da conversa do gajo, queria-me lixar o emprego!
(clique na imagem para ampliar)
Triptico mural no Forte de Peniche à entrada do Museu em Memória do Fascismo, representando as peripécias punitivas sobre a liberdade de expressão. Henrique Monteiro é representado à anteriori pelo avatar sentado à direita, onde vai tomando notas das ocorrências numa ardósia negra
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quarta-feira, fevereiro 24, 2010

A fantástica história aparentemente liderada pelo Pinóquio de serviço

O professor João Lopes estuda as relações entre imagens e avaliação politica: “a conjuntura portuguesa gerou uma nova e inquietante formulação “jornalística” sobre o papel das imagens: até mesmo a sua ausência pode ser promovida a elemento pertinente de avaliação politica(para ler aqui). A conclusão é que os politicos “em fase de abate” quando saem por portas traseiras para se furtarem “ao cabal esclarecimento da verdade” são acusados das mais torpes vilezas. Já quando um Juiz entra mediaticamente pela porta principal da Assembleia da República e faz uma subida triunfal com jornalistas colados que relatam em directo a notificação de um politico é porque ele cometeu uma qualquer grande vileza.

Que trâmites, por quem passa e que caminhos seguem então as incondicionais declarações de vileza? – passam por fugas de informação de dentro do sistema judicial e por contratos prévios com jornalistas. Por exemplo, Felícia Cabrita, distinta funcionária de um mediacrata histórico do PSD, esteve nos dois casos decisivos da implementação do modelo neoliberal bushista/barrosista em Portugal: na divulgação sensacionalista do Caso Casa Pia que “queimou” a anterior direcção do Partido dito Socialista e está agora nos píncaros do escabroso processo de divulgação do “Caso Face Oculta” que pretende destituir Sócrates (não que ele não o mereça) para implementar outra coisa qualquer, sempre para pior, porque as melhoras não vão lá com votos…

pois sim, apoio incondicional a Cândida Almeida, a militante do PS amissíssima do patriarca Almeida Santos, que exerce funções na Procuradoria da República; e as escutas não poderão ter efeitos retroactivos? com certeza que existem (porque os principais actores sabem tudo; mas o que está em jogo para os decisores globais é demasiado importante para ser deixado apenas ao sabor dos devaneios emocionais dos politicos escolhidos (Fornecedores da Mossad vendem 'escutas' à Judiciária)

a interpretação pinoquiana pelos Fura dels Baus

“não preciso da decisão de uns quaisquer senhores juízes para saber da inocência de Paulo Pedroso como de vários outros (Ferro Rodrigues, Jaime Gama e até tentaram com Jorge Sampaio) que foram envolvidos nesta tremenda montagem à custa de uns desgraçados jovens casapianos. O que preciso é de saber como foi montada esta armadilha, com que objectivos, por quem e com que conivências (…) e se começassem por investigar como é que dentro da própria PJ foi montado todo o “esquema” desde logo com a selecção de “determinada” equipa para esta investigação?” (de um comentário no ExpressoOnline)
O Estado foi condenado a pagar indemnização a Paulo Pedroso. "A fundamentação do acórdão de condenação do Estado é baseada no preceito que indica que o Estado através do seu agente, o juiz Rui Teixeira, cometeu erros grosseiros, uma negligência grave na decisão que aplicou a prisão preventiva a Paulo Pedroso". No final do processo o Juiz acabou por ser ilibado e até promovido com distinção.

“Acabar a cear punhetas de bacalhau quando o meu desejo profundo era de bacalhau na brasa com batatas a murro foi a experiência que mais me marcou no contacto que mantive até hoje com o mundo colorido das escutas telefónicas” (Manuel Tavares, revista Sábado DN)

um clássico: a mim ninguém me manobra por cordelinhos, diz o desenho animado (no apropriado idioma mafioso por excelencia), aquilo com que a malta na rua parte o côco a rir (riso cada vez mais amarelo):


Pinocchio - I've Got No Strings (Italian version)
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terça-feira, fevereiro 23, 2010

Underworld USA

"na época determinante das mortes de JFK, Bobby Kennedy e Luther King, Nixon é uma personagem secundária. Retratei-a como figura cómica..." (James Ellroy)

O lado pelo qual conhecemos Alexander Haig (que foi noticia por ter falecido no passado dia 20) é o de um General condecoradíssimo e ao mesmo tempo um habilidoso jogador em politicas palacianas. James Rosen descreve (no video em baixo) o seu encontro entrevista com Haig quando meteu mãos a escrever um livro sobre o “Watergate”.

Há aqui uns factos engraçados, e analogias giras, numa altura em que os nossos peticionários da liberdade de direita contra o “socialismosocrático, se lembraram de recordar que “Nixon também não tinha sido preso”.
Do que estavam à espera, uns e outros, caros compinchas na obra neoconservativa mútua?

Os militares tinham espiões na Casa Branca durante a administração Nixon (actualmente o “consultor” de Obama é Colin Powell); o General Alexander Haig passou de facto a dirigir o país na parte prática, enquanto Nixon de afogava nas trafulhices pelas quais viria a ser obrigado a demitir-se. Outros pequenos factos se deduzem: Haig controlava o gabinete de Nixon seguro de que sendo detentor das fitas gravadas sobre o Watergate controlava os poderes, a usar ou não, para deitar abaixo o Presidente. Facto nº 2: Bob Woodward o jornalista do Washington Post que se tornou famoso por divulgar a história e quebrar “o segredo de justiça” sobre o escândalo Watergate era graduado por Yale, tinha sido Oficial da Marinha com formação especial em codificações secretas no NSA, e nessa qualidade tinha dado “briefings” ao general Alexander Haig. Como se diz lá na América: “it is a small world isn't it”?

"Podemos estrangular os clamores, mas como vingarmo-nos do silêncio?" (Alfred de Vigny*)

Aqueles que se interessam pelas tão denegridas (pudera!) “teorias da conspiração” para aprofundar este assunto devem ler e divulgar o livro Golpe de Estado Silencioso – a Remoção de um Presidente de Len Colodny e Robert Gettlin (construído sobre a investigação de fontes primárias feita por Gerald e Deborah Strober e publicada com o mesmo titulo no ano anterior. O qual deve ainda ser mais escabroso, porquanto desapareceu do extenso mapa das obras editadas disponiveis).

Previsivelmente, os Militares do Pentágono que trabalharam no golpe queriam livrar-se de Nixon, foram para frente e fizeram-no: ninguém poderá acreditar que a máquina guerreira do Pentágono tivesse desde então recolhido a quartéis – e que não sejam eles (em perfeita sintonia com o lobby financeiro) quem de facto continua a deter o poder de mandar em Washington, elegendo ou destronando presidentes.


adenda
o suplemento P2 do Público traz hoje dia 24 uma recensão sobre a vida do general Haig. Das generalidades destacam-se que e que foi "promovido a general já na Casa Branca" para onde foi levado por Henry Kissinger. "Três anos depois, sem ter exercido qualquer comando, é elevado por Nixon a general de quatro estrelas, passando por cima de 240 generais" e negoceia com o presidente seguinte (Gerald Ford) o perdão de Nixon. Ora aí estão as razões porque no epitáfio "Obama o considerou um excelente guerreiro-diplomata". (ler aqui)
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segunda-feira, fevereiro 22, 2010

conversas da treta

em directo, ouvido aqui no café:
- "desculpe, eu não respondo a essa pergunta"?!
- o programa devia era chamar-se Máquina de Lavar Fogo
- pois é, e logo hoje que o Sousa Tavares está tão mansinho
- ele que costuma ser tão aguerrido…
- anda aqui mãozinha!
- o gajo passa a vida a dizer “desculpe mas não é verdade!”
- mentiroso!

em actualização: Sócrates de dedo em riste e voz grossa:

"Não Miguel... isso é uma Infâmia!...", contudo, embora se reconheça que não há familias perfeitas, certo é que "o tio Isaltino não vai prolongar o contrato entre a Tagus Park e Luis Figo"

Curso de colisão

É preciso investigar a nossa condição colectiva face à Natureza no actual estádio de desenvolvimento da industrialização tecnológica. Retomar o debate antigo sobre os limites do que se pensa ser “o desenvolvimento”.

Joe Berardo faz politica em cima da desgraça: “Aqui na Madeira o Sócrates e o Jardim uniram-se as mãos para resolver o problema; de que estão os portugueses à espera, que aconteça qualquer catástrofe para todos se juntarem também no continente?”
Berardo fala de tudo menos de enxurradas de água sobre linhas de água interceptadas pela construção selvagem em nome do lucro; dos mais diversos quadrantes chovem críticas que o desastre “é consequência dos inúmeros erros de ocupação do território” (Quercus) enquanto deputados da oposição mencionam “caos urbanístico” para definir o Funchal e até na direita se ouvem vozes dizer que “realmente a cidade tem um problema de ocupação”. Efectivamente, a titulo de exemplo, licenciarem-se Centros comerciais com dois pisos ou mais de estacionamentos abaixo do solo em zonas de desaguamento de leitos de ribeiras só pode ser considerado uma politica criminosa.

“Aquilo que designamos como “alto standard de vida” consiste numa medida considerável em arranjos para se alcançar "energia muscular na sociedade"; incrementando a volúpia sensual da possibilidade de engolir calorias em excesso para além do que é concebível nas necessidades nutricionais (e/ou extravaganza lúdica). Ninguém poderá ser levado a acreditar que o incremento da produção do desnecessário será o objectivo social próximo do óptimo absoluto” (John Kenneth Galbraith)
Que espécie de mundo queremos mesmo construir? Não interessa. Fiquemo-nos pelo mundo que os caciques tecno-urbanisticos capitalistas nos querem construir. João Jardim já recomendou aos Media um patusco "silêncio para não afugentarem o turismo, do qual o rendimento da ilha depende em cerca de 20 por cento". Fazer diminuir a dependência e tornarem-se cada vez mais economicamente auto-sustentáveis seria a politica correcta. Mas não, opta-se por continuar a insistir na politica da desgraça, limpando tudo muito bem e pondo a funcionar de novo tal qual estava; Se possível optimizar a construção com mais umas barreiras “para a água não ir por ali…”
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sábado, fevereiro 20, 2010

manifestação pela familia cristã...

Avenida da Liberdade, esta tarde.
Desfile com grande ênfase no saudoso tema do deputado socialista Candal; então o CDS já não é um partido cristão para ser assim atacado pela familia? Repare-se nas duas saudações de braço esticado à maneira nazi de dois dos personagens cristãos; e na bandeira portuguesa arvorada em simbolo anti-bicha...

ps. o real marido desta nobre procriadora também lá andava pela Avenida, todo lampeiro... misturado com o reitor da Universidade Católica, Manuel Braga da Cruz e com gente tão fina quanto esta distinta dama a olhar embevecida o sinal exterior de virilidade do fogoso activista da causa dos que precisam do pai para serem filhos da mãe:

uma pergunta ingénua ás Autoridades: a Constituição não costumava proibir manifestações públicas que exibissem simbologia fascista?

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

conversa em familia, malta boa de bola e má de língua

"Há muitas maneiras de matar pulgas senhor juiz!"; e foi com este desabafo que o nosso amigo alentejano da Abela se entalou. Não tinha provas; mas tinha passado pela aflição de ver as pulgas a saltar. Apanhou uma reprimenda e foi alvo de pequeno assalto pecuniário justiceiro. Ao pobre o que o fala-barato pobre merece. Também é muito raro por estes lados falar-se de futebol, salvo em dias de jogo. Mas hoje é quase tarefa impossivel. Joga-se todos os dias, fora do campo mais que se mija dentro do penico. Isto é, dentro da Justiça. "Eles são todos uma grande familia compadre". A Fundação do Figo recebe 350 mil euros por cada ano para dar a cara pelo empreendimento que é a menina dos olhos da Câmara municipal do Isaltino Morais. O Figo (que também já deu a cara e uma parte da grana pelo BPN do ex-conselheiro de Estado-que-vai-dar-em-nada, nega que isso tenha algo a ver com apoio ao Governo PS). Alembra-se do que dizia um comendador no "pravda do regime", mais concretamente o Caderno Economia na página 8 do Expresso do dia 9 de Agosto de 2008? "o Jardim Gonçaves levou para casa perto de 50 milhões de euros, a parte que oficialmente declarou (...) Aquilo é um ninho, como se diz na Madeira, um ninho de ratos! e antes outro na "Visão" de 18 de Outubro de 2007: "Ele que vá em paz... enquanto pode. Os guarda-costas, os carros, o Tagus Park, aquilo é quase tudo dele". Por coincidência quando o BCP resolveu ressarcir os responsáveis do Banco da Opus Dei pelos prejuizos, quem o fez foi o Presidente da Caixa Geral de Depósitos que transitou para o falido BCP - Santos Ferreira, por outra coincidência é cunhado de António Guterres, um católico inveterado ("ainda se ele não fosse à missa" comentava desanimado o pai fundador do regime Mário Soares em 1976) - e ainda por cima levaram consigo Armando Vara que, na CGD, tinha o pelouro do crédito às empresas, ou seja reuniram-se as condições ideais para o golpe de baú. Bom, mas já nos perdemos... estávamos a falar do mundo do futebol côr-de-rosa e meteu-se esta coisa do Tagus Park... porque foi aqui que o dinheiro virtual se converteu em valor material, pela mão do ex-ministro das obras públicas de Durão Barroso...
Escrevia Guerra Junqueiro, com a actualidade dos clássicos, que “o povo português nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas”

adenda:
Felicia Cabrita, na Comissão de Inquérito Parlamentar,
"para haver transparência"
revela quem são os seus patrões accionistas: "Joaquim Coimbra e 2 empresarios angolanos" que teriam salvo o SOL da opa do governo; mas o que a jornalista não revela é que Joaquim Coimbra é desde sempre um dos maiores militantes contribuintes do PSD.
Jornalismo de encomenda, portanto
(fonte: DN)
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quinta-feira, fevereiro 18, 2010

desconstruir para deseducar (e ganhar uns trocos)

forma-se regra geral a opinião que o que vai estando mal, roído pelo caruncho da corrupção, é de culpa avulsa deste ou daquele governo; que uma vez que se consiga expulsar de cena este governo (ou o que veio antes, ou o que virá depois) as coisas se vão recompôr e voltarão “ao normal”, àquilo que seriam os desejos íntimos idealizados (apenas isso, uma emoção) no senso comum. Na maioria da opinião pública regra geral não se percebe que os governos, de esquerda ou de direita, cumprem ambos um programa neoliberal a médio prazo.
Desde o golpe neocon de Barroso, continuado pelo sucedâneo “socialista” (1), esse programa trata de desmantelar os gastos sociais de primeira necessidade, serviço nacional de saúde e escolas públicas, privatizando-os como novas áreas de negócio. Ao mesmo tempo que o Estado gere o desmantelamento das pequenas empresas e a criação de desemprego em favor dos interesses das multinacionais. É para cumprir este programa, bem concreto, que traz emprego ás elites locais, que as cliques partidárias alinhadas com o neoliberalismo têm vindo a ocupar as secretarias dos ministérios e os conselhos de administração das empresas públicas

Manifestei em 2007 verdadeiro espanto por ver que a novel empresa pública tinha poderes para expropriar, embargar, cobrar taxas e decretar demolições. Escrevi então: preparem-se as clientelas! Não só se prepararam. Instalaram-se! Alambazaram-se!

(1) "Ao passar do Estado para uma «entidade pública empresarial» a propriedade de 332 das 445 escolas secundárias do continente, o governo «socialista» em funções facilita a futura alienação (privatização) dos edifícios das escolas públicas" (ler mais)
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quarta-feira, fevereiro 17, 2010

terça-feira, fevereiro 16, 2010

o último dos paradigmas?

"Há por aí muito ruído em questões que, tendo importância, lateralizam a questão central da necessidade de ruptura e de mudança na política nacional" (Jerónimo de Sousa)

"Water and Wine", Francesco Clemente, 1982

Fazer de cada país com as suas linhas artificiais de fronteira, a cerca virtual, um enorme campo de concentração onde cada pessoa comum esteja subjugada a uma ordem autoritária, mascarada de democrática, em nome da sua própria protecção? em nome do estado de excepção ligado a uma guerra Imperial - nem Hitler ousaria sonhar poder implantar tal Ordem. Mas as coisas entretanto evoluiram; como disse Edward Bernays “Se se conhece a lógica e dominam os mecanismos que regulam o comportamento de um grupo, pode-se controlar e arregimentar as massas populares em proveito do Poder de forma insuspeita, usando a psicologia e o subconsciente individual das pessoas”

O que é um campo de concentração?
(Giorgio Agamben)

“Aquilo que ocorreu nos campos de concentração supera de tal modo o conceito juridíco de crime que muitas vezes se tem esquecido considerar a verdadeira estrutura juridico-politica sob a qual esses acontecimentos se produziram. Um campo é o lugar em que se realizou a mais absoluta “conditio inhumana” que jamais terá tido lugar sobre a terra: é o mesmo que dizer, em última instância, aquilo que conta tanto para as vítimas como para os descendentes. Aqui seguiremos deliberadamente uma orientação inversa. Em vez de deduzir a definição de campo pelos acontecimentos produzidos, perguntaremos de outro modo melhor: o que é um campo? qual é a sua estrutura juridico-politica? porque puderam ter tido lugar semelhantes acontecimentos?

Tudo isto nos levará a olhar o campo, não como facto histórico nem como uma anomalia pertencente ao passado (ainda se, eventualmente, este está todavia por ser verificado), senão, de alguma maneira, à matriz escondida, ao “nomos” do espaço politico em que vivemos. Os historiadores discutem ácerca da primeira aparição dos campos de concentração se deva identificar com os campos criados pelos espanhóis em Cuba em 1896 para reprimir a insurreição da população da colónia, ou com a concentração em campos nos quais os ingleses no principio do século XX reuniram os Boers. O que importa aqui é que, em ambos os casos, se trata da extensão a uma população civil inteira de um estado de excepção ligado a uma guerra colonial. Os campos nascem não do direito comum (e nunca, como facilmente se pode crer, de uma transformação e de um desenvolvimento do encarceramento), senão do estado de excepção e da lei marcial. Isto é todavia mais evidente para os Langer nazis, sobre cuja origem e regime juridico estamos bem documentados. Sabido que a base juridica do internado não era o direito comum mas sim, literalmente “a custódia protectora(a Schutzhaft), uma instituição juridica de origem prussiana que os juristas nazis classificaram por vezes como uma medida policial preventiva, porquanto permitia “tomar sob custódia” individuos independentemente de qualquer comportamento penal relevante, unicamente com o fim de evitar um perigo para a segurança do Estado. Porém a origem da “Schutzhaft” estava na Lei prussiana de 4 de Junho de 1851 sobre o estado de ansiedade social que em 1871 se estendeu a toda a Alemanha (à excepção da Baviera) e, muito antes, na Lei prussiana sobre a “protecção da liberdade pessoal” de 12 de Dezembro de 1850 (dois anos depois da Revolução de 1848), que encontraria depois grande aplicação por ocasião da 1ª grande guerra mundial” (ler ensaio completo publicado em castelhano no IADE)

“O que ocorre neste momento é a produção de uma espécie de campo de concentração indolor para sociedades inteiras, de tal modo que a população será privada da sua própria liberdade, mas sentir-se-á feliz por si, porque será dissuadida do desejo de se rebelar – através da lavagem ao cérebro pela propaganda, ou por lavagem ao cérebro por métodos farmacológicos; e isto parece ser a Revolução Final”
Aldous Huxley in “The Ultimate Revolution”, 1962

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

está de chuva! vamos ter prejuizo por falta de espectadores; não poderemos parar o Carnaval neocon?

uma super-excitada interlocutora no forum da TSF, militante do psd que "se interessa pela politica", acaba de nos dizer em directo que venha quem vier para a liderança não conseguirá quaisquer resultados relevantes: porque o partido está podre. Temos desde sempre assistido à prática habitual da grande massa de militantes que fazem campanhas, que, quando se apercebem que vamos perder a eleição, acabam invariavelmente a apoiar o partido contrário, para que não venham a ser excluidos das listas dos lugares nas administrações públicas". Falou. (ou que se mudem, privatizando-se, para que os lugaritos possam ser melhor explorados. É fartar vilanagem!)

assim sendo, tachistas do grande centrão, esfolai-vos;
há que cerrar fileiras em torno do momo Grande Mentiroso;
e não perder o lugar no grande cortejo da Corrupção...

domingo, fevereiro 14, 2010

peremptoriamente

o rastilho grego de uma potencial hecatombe financeira está aceso, cujo choque em cadeia poderá desencadear um processo de crise social em toda a zona euro. A crise fiscal é a segunda vaga de desmoronamento dos mercados mundiais. Há razões de peso para que a União Europeia tome medidas urgentes sobre a insolvência da Grécia. Face ao pânico, (a debacle do euro) não faltarão ratos a querer abandonar o barco, no refluxo da partida quando a moeda prometia lautos privilegios (barrosistas).
Sob este pano de fundo, um destes dias um enviado à Europa pelo partido que vendeu ao Citigroup a divida em falta ao fisco, combinou uma comunicação ao país em horário nobre dos telejornais para se dirigir "aos portugueses". Paulo Rangel conhece-me de algum lado para se me dirigir nesses termos? claro que lhe desligamos o botão da tv nas fuças, mas como nos podemos escapar ao despejo da mensagem de "que brevemente seremos (os do PSD) chamados a desempenhar funções de responsabilidade no país"?.
Ai sim? e isso foi decidido por quem? Gott mit uns! dirá com certeza o BCE. Por cá, Rangel apela decerto ao desespero de milhares de desempregados; mas para isso deveria continuar onde estava; no emprego para onde foi eleito; na diáspora para onde têm fugido centenas de milhar de portugueses amenizando desta forma as estatisticas governamentais sobre o desemprego. Em nome da maior vaga de emigrantes forçados desde os anos 60 pergunta-se: quantos escassos meses tem esta solene declaração? mais um trafulha apanhado em flagrante, que vira o bico ao prego e se propõe vir fazer pela vida onde ela é mais fácil:

sábado, fevereiro 13, 2010

estado dos Republicanos, 100 anos depois

então cá vai um gole para esquecer a união de facto entre o Daniel Oliveira e o estilo P"S" que lhe daria mais jeito. Então - doutora Ana Gomes e camarada do Bloquista social-democrata - vejam lá se conseguem correr do panorama com os boys dos negócios (segundo se depreende Rui Pedro Soares seria o meteórico yuppie indigitado para substituir José Eduardo Moniz à frente da TVI) - mas, mesmo considerando que se conseguia a missão impossivel de repôr o P"S" no estado original de antes da cabala Casa Pia (um golpe como agora coordenado nos bastidores pela seita neocon oposicionista) - o que é que nós cidadãos comuns em geral - bloqueados na participação - teriamos que ver com mudanças internas e trocas entre boys da economia corporativa pelos boys da politica corporativa?

(clique na imagem para ampliar)

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

o caso "Escuta e publica", a ver se saem de lá eles e entramos nós...

"Cada vez que o presidente do Supremo Tribunal de Justiça ou o Procurador-geral da República se pronunciam sobre o tema, maior é a confusão" - José Luis Cardoso, no Público, sobre a divulgação de dados sobre os processos Freeport e Face Oculta.

"A violação do "segredo de justiça" deixou de ser uma ilegalidade para se transformar num facto politico ligado a interesses pessoais ou de grupo (...) No caso de o PS vir a admitir o inquérito parlamentar tal facto teria consequências gravosas: "Recorde-se que o PSD foi recentemente confrontado no Parlamento com o caso BPN e as consequências aí estão: a ex-ministros e altos dirigentes do PSD são imputadas condutas delituosas da maior gravidade. Não estão interessados neste ou qualquer outro inquérito parlamentar. Admiti-los constituiria um precedente perigoso. É que casos como os dos submarinos ou operação Furacão teriam consequências demolidoras para as suas ambições de poder".
Fica claro que no jogo da alternância PS-PSD/CDS não se passa nada que possa ser apresentado como novidade. Toda a gente dentro desse universo restrito tem escândalos para a troca. Mas o negócio carnavalesco do escuta&publica está a dar bons resultados comerciais para os mediadores das "noticias"
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quinta-feira, fevereiro 11, 2010

amanhã de manhã cedo começa a época balnear, com a grande corrida ao Sol...

"Quando o primeiro computador quântico entrar em funcionamento, todos os sistemas de transmissão de informação deixarão de ser seguros." (Arthur Eckert)

"Ao fim de várias horas e de múltiplas tentativas, o oficial de Justiça conseguiu entregar a notificação da providência cautelar... ao porteiro do jornal Sol, em nome da sociedade gestora do semanário, que não tem competência editorial. O semanário SOL (cujo accionista determinante é a holding do empresário Joaquim Coimbra, uma figura ligada ao PSD) estará amanhã nas bancas como habitualmente (se à hora da saida para os distribuidores o 1º ministro e a policia de choque não estiverem lá à porta). "A Direcção do jornal tomou conhecimento através da comunicação social de uma providência cautelar interposta por uma figura citada nas notícias, não tendo sido notificado, porém, nenhum membro da administração da empresa ou da direcção do jornal. A Administração e a Direcção do SOL agradecem as múltiplas mensagens de apoio recebidas" e contam que com a vossa generosa ajuda esgotem o jornal para no fim ficarem a saber o mesmo. Sim, porque o essencial já toda a gente sabe...

Aqui vem o sol, aqui vem o sol e eu digo que
Está tudo bem
Meu bem, Foi um inverno solitário, frio e longo
Meu bem, parece k faz anos desde que ele esteve aqui pela última vez
Lá vem o sol, lá vem o sol e eu digo que
Está tudo bem

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Capital e Religião (sem Trabalho) II

Segundo monsenhor António Barbosa, Ramalho Eanes, o insigne católico Conselheiro de Estado e mandatário de Cavaco Silva, não pertence à Opus Dei.
a conferir com a regra 191 de “O Caminho” consagrado na Constituição da Ordem religiosa em 1950: “…os membros supranumerários deverão observar sempre um silêncio prudente no respeitante aos nomes de outros membros; e nunca revelar a ninguém o facto de eles pertencerem ao Opus Dei… a menos que expressamente autorizado a fazê-lo pelo seu director espiritual local” - será por esta razão que o messiânico Cavaco é sempre tão parco em opiniões?

"Uma vez que fui abandonado e traído por aqueles que eu considerava como meus aliados mais fidedignos, não possso deixar de recordar as operações que empreendi em nome dos representantes de São Pedro... Eu providenciei financiamento, através da América Latina, para navios de guerra e outro equipamento militar para ser utilizado para contrariar as actividades subversivas das bem organizadas e temíveis forças comunistas. Graças a estas operações, hoje a Igreja pode gabar-se de uma nova autoridade em países como a Argentina, Colômbia, Peru e Nicarágua”. (Roberto Calvi, em carta à prelatura católica de Roma, 1981)

Edward Biberman - Pietá

Calvi foi um banqueiro italiano dissidente da Opus Dei que foi assassinado depois do escândalo financeiro da insolvência do Banco Ambrosiano (o banco do Vaticano) aparecendo enforcado em 1982 debaixo de uma ponte em Londres.
No julgamento do crime que as “autoridades” italianas iniciaram em 2005 (com a “justiça” muito conveniente- mente a funcionar apenas 23 anos depois) a defesa sugeriu que havia um grande número de gente com motivos para ter cometido o crime, desde oficiais da prelatura do Vaticano que queriam assegurar o silêncio do banqueiro até aos operacionais da Máfia que teriam sido os seus executores e cujos negócios passavam pelos depósitos no banco de investimentos da Opus Dei. Especialistas em “direito legal” que seguiram o julgamento afirmaram que os procuradores não teriam qualquer oportunidade de provar as suspeitas tanto tempo depois; um factor adicional seria o da ausência de testemunhas chave, umas de que se desconhecia o paradeiro, outras já mortas.
A partir dos anos 60 a Igreja católica (sigla técnica ICAR), sob influência crescente da Opus Dei, deixou de interditar a Maçonaria, cujo Grão Mestre do Grande Oriente em Itália era Licio Gelli (da Loja maçónica Propaganda Due) parceiro privilegiado do governo democrata-Cristão de Giulio Andreotti. Como se sabe a Maçonaria é uma associação semi-secreta formada por um grupo de pessoas declaradamente anti-marxistas – a Igreja/Opus Dei invadiu o movimento Maçon e colonizou-o, constituindo-se como uma rede secreta “de direito” que controla bancos e imprensa, fazendo espionagem através dos executivos dos principais partidos em prol da pirataria empresária sobre as obras públicas do Estado. Da combinação “ao modus operandi italiano” de suborno e protecção ao estilo da Máfia resultou na Itália dos anos 90 a célebre Operação Mãos Limpas (Operazione Mani Pulite) que desmantelou o sistema partidário no país, (onde não havia quase quase ninguém limpo) abrindo caminho à hegemonia da “Força Itália” de Berlusconi, em cujo regime continua a não haver ninguém limpo em redor do aparelho de Estado. Nos anos 80 Andreotti, o primeiro ministro da democracia cristã, tinha ameaçado matar Roberto Calvi, o que mereceu o remoque do alvo: “se eles me matarem o Papa terá de se demitir

Transcrição da página 321 do livro “O Mundo Secreto da Opus Dei" de Robert Hutchison: “O que dá à Opus Dei a sua importância é a influência que exerce a também autilização dos seus imensos recursos financeiros para espalhar o seu apostolado… A Opus Dei sabe muito bem que o dinheiro governa o mundo e que a hegemonia religiosa de um país ou de um continente está dependente da obtenção da hegemonia financeira (…) pela sua audácia a “Obra de Deus” atreve-se a fazer aquilo que outras ordens religiosas nunca sonhariam fazer: eles usam as mesma armas que os seus inimigos. Por isso contratam gente que considera indigna de respeito para que essas pessoas façam o seu trabalho sujo. (como por exemplo surripiar livros de contabilidade de bancos para empresas separadas onde o capital sonegado está a coberto de falência)… a Opus Dei faz distinção entre os seus membros e o resto do mundo. A instituição não tem receio de cooperar com gente de reputação duvidosa, escroques e até políticos socialistas. Mas a hierarquia da Opus Dei é cautelosa para garantir que essas pessoas não contaminem ou se aproximem demais da Obra. Uma vez usados lava deles as suas mãos, lança-os à mercê dos seu destino, abandona-os e despreza-os
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sou Blogger, apareço na tv e nos jornais, logo Existo

Ler noticias nos jornais ou “vê-las” nas televisões (e também dar demasiada importância a bloggers cada vez mais convertidos ao serviço das corporações) é a forma mais perfeita que o leitor (ou ouvinte) tem de se converter num robot. O objectivo essencial da “notícia expresso” é a mesma da comida rápida: a informação não está orientada a alimentar o conhecimento, mas apenas a engordar a ignorância massiva.
Utiliza-se a estrutura mediática para reconverter o cérebro humano num microchip repetidor de slogans ao serviço da dominação, sem que seja preciso recorrer ao uso das armas da repressão policial ou militar.
Neste sistema modulado como sendo “um mundo único” apenas uma escassa minoria elabora e consome “análises ou interpretações” sobre os acontecimentos que se vão sucedendo. A nível massivo “as noticias” ou “a informação” publicada sintetizam-se em títulos, bitaites e parágrafos curtos que se resumem a si mesmos. Nascem e morrem com a mesma velocidade da leitura. (Manuel Freytas)
Não há contexto, não existe história, não há relação nem causalidade entre um acontecimento e outro acontecimento, e as “noticias”, como as imagens só se fixam (e desaparecem) na retina enquanto olhamos para elas, as lemos ou as escutamos. Para as agências de comunicação, diários e grandes cadeias mediáticas este formato de “consumo” é o ideal. O que é que esses tipos auto- denominados de “direita e esquerda pela liberdade” (hellas, o mundo único) que são levados ao colo pelos jornais querem mais?
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segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Trabalho, Capital e Religião

o Mundo Secreto da Opus Dei

“Deus colocou o homem no jardim do Paraiso para que o cultivasse” (o 15º verso do Génesis) de onde se poderia concluir que tinha criado o homem para trabalhar.

Assim a mensagem era simples: santificar o trabalho, santificar-se através do trabalho e santificar os outros no seu trabalho. O trabalho estava arreigado no âmago da condição humana. Fazia parte do plano de Deus. O padre Josemaria Escrivá de Balaguer passou-os mais tarde em 1939 ao papel no livro “Caminhos”, um manual de 999 preceitos de boa conduta para cristãos. O principio de uma prática doutrinária saída da vitória do Fascismo em Espanha que se tornaria universal. A missão da Opus Dei pouco tinha a ver com salvar almas de individuos. Tinha a ver com salvar o patrão do Pai Escrivá, a Igreja Católica Romana em franco declinio. Tratava-se de criar uma verdadeira presença católica na cidade secular de Roma através da “ocupação de lugares de responsabilidade”.

A proposta foi uma correcção importante aos principios teológicos estabelecidos no século XIII por Tomás de Aquino (1225-74). Aquino defendia que o trabalho, em todas as suas formas, fora uma condição da queda em desgraça do homem e portanto um impedimento para a santidade. Mas uma vez que o trabalho era necessário tinha de ser tolerado enquanto bens e serviços fossem vendidos a um preço justo. Este principio foi rearfirmado pelo Concilio de Trento (1545-63) e declarado doutrina Católica oficial por Leão XIII em 1879. (Apenas e só quando a época das Revoluções operárias com o desenvolvimento do capitalismo de mercantil para industrial começaram a pôr em causa o estatuto dos Reis e dos seus séquitos como representantes de Deus na Terra - sob o slogan Pátria, Monarquia, Religião). Para muitos Deus era uma das primeiras baixas da alteração da ordem mundial. Para Nietzche “o maior acontecimento dos tempos recentes – Deus está morto – era que a crença no Deus cristão já não é sustentável; e isto começava a lançar as primeiras sombras sobre as classes dominantes.
De acordo com a “revelação” do fundador da Obra de Deus, do latim Opus Dei, Tomás de Aquino tinha-se enganado. Agora Escrivá não estava a agarrar-se a qualquer mito obscuro. O espectro do comunismo pairava por toda a Europa e os capitalistas estavam em pânico. Entre 1902 e 1923 o rei de Espanha Afonso XIII tinha ordenado trinta e três mudanças de governo, num país onde 60 por cento da população era analfabeta, a Igreja educava os filhos dos ricos, enquanto os pobres enfrentavam condições extremas de servidão. Na Rússia, no final da degradação deixada pela guerra, a vitória da Revolução dos Sovietes tinha cortado o pescoço a um possivel desenvolvimento do capitalismo; os Romanov foram assassinados e Churchill comentou que o massacre tinha desencadeado uma nova espécie de barbarismo no mundo. Em Fátima no ano de 1917 também a miserável e iletrada população rural tinha começado a ter visões celestiais para se furtar à triste realidade mantida em segredo, de que só o trabalho cria valor.

No mundo em criação da Opus Dei ao afirmar que o trabalho devia ser colocado à cabeça da vida Cristã, e que um leigo podia atingir a perfeição Cristã por meio da excelência profissional, o padre Escrivá estava a desbravar os próprios alicerces da Igreja de forma a re-orientar e reforçar os sistemas teológicos dela. Escrivá de Balaguer (que se auto flagelava com o cilicio) acreditava que a falha na filosofia de Aquino impedia a capacidade da Igreja de satisfazer as exigências espirituais de uma sociedade moderna e industrializada (...)
Enquanto Escrivá faria da tarefa de oposição à disseminação do Comunismo um dos principais objectivos da sua vida, para garantir que não haveria um regresso à tríade demoníaca, Anarquismo Liberalismo e Marxismo, o Papa Pio X tinha declarado guerra ao Modernismo espalhando o terror anti-liberal pela “enciclica Pascendi”: todo aquele que estivesse contaminado pelas “ideias modernas” seria excluido dos serviços públicos ou do ensino. Foram montadas redes de informadores secretos. Quem se opusesse à “Pascendi” seria excomungado.
Desde o começo, a Opus Dei levou uma existência por camadas, apenas com a camada exterior para consumo das massas; as sucessivas camadas interiores eram reservadas para postos mais altos na hierarquia da seita. A preocupação principal era restituir à Igreja um papel central na sociedade. Isto permanece o âmago da Obra: “a tarefa de colocar Jesus i.e a Igreja no cume de toda a actividade humana através do mundo”. Fazer isto requer uma milícia dedicada, disciplinada – tropas de vários postos e posições que, pela santificação do seu trabalho, santificam i.e convertem outros e santificam o local do trabalho – sob o manto diáfano da alienação religiosa os interesses do Capital deixariam deste modo de ser escrutinados pela visibilidade pública

“Vede, eu enviei-vos como carneiros no meio de lobos por isso sede astutos como serpentes e inocentes como pombas” Mateus 10:16

A frase “Dádiva de Deus à Igreja do Nosso Tempo” foi usada por um dos sete juizes da Congregação das Causas dos Santos ao recapitular as suas razões para apoiar a beatificação de São José Escrivá de Balaguer por João Paulo II, um papa que já foi entronizado pela Opus Dei com o trabalho de bastidores do bispo alemão Ratzinger. O padre Vladimir Felzmann, próximo de Basil Hume, arcebispo de Westminster, sustenta que a Opus Dei é o melhor meio que a Igreja Católica Apostólica Romana encontrou para recriar as Ordens Religiosas Militares da Idade Média.

Influência da Espanha secular na ICAR

O General Primo de Rivera ascendeu ao poder em Espanha pelo golpe de Estado de 1923. Josémaria Escrivá foi ordenado padre em 1925. Na época um obscuro major de seu nome Francisco Franco y Bahamonde atacava o baluarte do berbére Abd el-Krim nas montanhas de Marrocos, onde conhece o jovem tenente Luis Carrero Blanco. Um dos mais íntimos amigos do futuro ditador, o coronel Juan de Yague, então no comando da Legião Estrangeira Espanhola seria o primeiro a utilizar a palavra “Cruzada” para definir o levantamento nacional-fascista: “A nossa guerra não é uma guerra civil... Sim, a nossa guerra é uma guerra religiosa. Nós que combatemos, sejamos Cristãos ou Muçulmanos, somos soldados de Deus e não lutamos contra homens mas contra o ateismo e o materialismo”. Diria Manuel Azaña: “se a força fascista triunfar contra a República regressaremos a uma ditadura militar eclesiástica do tipo que é tradicional em Espanha... Haverá sabres, paradas militares e procissões em honra da Virgem do Pilar. O país não é capaz de mais nada”. Dir-se-ia hoje, a Ibéria não é capaz de mais nada?

notas
Este post segue o teor do livro de Robert Hutchison "O Mundo Secreto do Opus Dei - Preparando o confronto final entre o Mundo Cristão e o Radicalismo Islâmico". Outra literatura sobre os temas versados:
Charles Raw “The Moneychangers” (sobre o escândalo do Banco Ambrosiano)
Raanan Rein "Franco, Israel y los judíos"
Michael Walsh “The Secret World of Opus Dei”
Gerald Brennan “The Spanish Labyrinth”
Paul Johnson “History of Modern World”
Harry Gannes/ Theodore Repard “Spain in Revolt”
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