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terça-feira, agosto 10, 2010

Aperta com ela...

Abandonando a expressão classificativa dos (escassos) “homens decentes” atribuída por Manuel António Pina a um dos combatentes anti-fascistas recentemente falecido, voltamos ao reino da Indecência pura que, pelos vistos não está em vias de se finar tão depressa. No centro das atenções, desta vez, temos um Barão do PSD, de seu nome Domingos Duarte Lima, forçado em tempo a auto-sanear-se de cargo no governo de Cavaco Silva por corrupção. Sobreveio-lhe uma leucemia combatida com êxito e limpou-lhe o currículo com a ajuda da criação de uma Fundação e tal (uma actividade comercial isenta de impostos). Desde então tem andado recolhido na rectaguarda, onde as actividades privadas o têm mantido na sombra.

“não permaneças ocioso junto ao sangue do teu vizinho” (da Bíblia)

Duarte Lima volta agora à ribalta (segundo o Correio da Manhã) “por uma cliente sua, companheira de sempre do milionário Lúcio Tomé Feteira, ter sido assassinada a 7 de Dezembro de 2009, sendo o móbil do crime a disputa pela herança de 35 milhões de euros”. Mas será simplesmente assim? O CM prestou-se a publicar uma nota de Duarte Lima onde este afirma apenas ter tido conhecimento da morte de Rosalina 14 dias depois, a 21 de Dezembro e estar disposto a prestar todas as declarações; a TVI diz que “o advogado se encontrou com a cliente horas antes do crime". E posteriormente, a determinado ponto, Duarte Lima invoca o sigilo profissional para se recusar a prestar mais quaisquer outras informações que a Policia brasileira pretende obter através da abertura de inquérito em Portugal. Coisa para ser limpa. Mas graças ao Jornal de Notícias temos um relato mais próximo dos factos que terão ocorrido.

Tomé Feteira, segundo a publicidade um grande financiador de Mário Soares no exílio durante o salazarismo ( o que não evitou ter fugido para o Brasil no 25 de Abril), legou uma enorme herança, cujo testamento distribuiu o imobilizado apurado no valor aproximado de 35 milhões de euros, deste modo: 80 por cento para a autarquia da sua terra natal com a finalidade de criar uma Fundação, 15 por cento para a agora morta Rosalina Ribeiro e 5 por cento para uma filha. Mas 25 milhões foram transferidos para uma conta na Suíça da qual o ex-deputado do PSD Duarte Lima retirou 6 milhões (1), enquanto os promotores da promitente Fundação Tomé Feteira não receberam um chavo. No dia do crime Duate Lima reuniu com Rosalina Ribeiro que transporta documentos importantes como prova do património legado, não “horas antes” como afirmou a TVI, mas deixando a vítima num ermo em Maricá apenas 15 minutos antes do assassínio. A pasta desapareceu. Foi por mera sorte que o cadáver foi identificado, prestes a ser enterrado numa vala comum. Segundo os cânones de procedimento habitual no submundo da marginalidade, tratou-se de uma entrega da vítima como encomenda para abate.

(1) post-scriptum: a conta na Suiça está aberta anonimamente sem nome de detentor, bastando agora derimir juridicamente o legitimo acesso para o resto do dinheiro ficar com dono
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2 comentários:

Ted Kaczynski disse...

Esse trafulha transmontano esteve envolvido num escândalo por causa de uns apartamentos na Av.João XXI em Lx, em 1987 e tais, penso que seja o "Via Veneto"??? nos tempos áureos do Sovaco Silva e que deu umas reviravoltas do raio. O gajo fareja dinheiro à distância, Pôla.

Anónimo disse...

Porra tanto corrupto... E ninguém faz nada...
Hipocrisia reinante.

JM