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sexta-feira, novembro 11, 2011

estas botas são feitas para andar?* são, mas é para quem as comprou

Otelo: "os militares têm um poder e uma força, e não é em manifestações colectivas que devem pedir e exigir coisas"



Atendendo a que a maioria dos Comandos das unidades de Polícia-de-Intervenção, Choque e Repressão (PSP e GNR) são constituidos por oficiais dos quadros superiores oriundos das Forças Armadas ***, a convocatória para a manifestação de amanhã torna-se interessante. Convocada por uma assembleia de 1.500 militares do quadro dos 3 ramos, exército, marinha e aeronáutica, propõem-se ir todos a pé do Rossio até à porta do ministério das Finanças – a reivindicação é óbvia: mais dinheiro – protestam contra o congelamento da progressão das carreiras, corte se subsídios e programas especiais de assistência para os militares e respectivas famílias, enfim, para não se diga que são poucos, são contra o corte de uns ridículos 10% no número de efectivos, na ordem de menos 4 mil militares até 2014.

Aquilo que é tratado genericamente como “forças armadas” hoje, nada têm a ver com as existentes aquando do 25 de Abril. Na sequência da enorme contestação social contra a guerra do Vietname, do centro do Império chegaram directivas no sentido do alistamento profissional. O que até então era um exército constituído compulsivamente pelo recrutamento obrigatório, passou a ser uma livre escolha de profissão, a escolha de um negócio para a vida individual de cada um, afastando assim o risco dos filhos do povo um dia se poderem rebelar em nome da colectividade (**). Quem não prefere hoje em dia um emprego estável onde numa comissão de serviço no estrangeiro se pode auferir um salário médio de 3.000 euros mensais?... bem vistas as coisas são trocos – os oficiais dos quadros militares sempre, do fascismo à democracia, auferiram remunerações muito superiores – ao nível das mais qualificadas profissões com elevada necessidade de formação cientifica. Nos quadros intermédios não estamos assim tão longe do tempo em que qualquer sargento, com a especulação da moeda (escudos/angolares) em dois anos de comissão no Ultramar lucrava o suficiente para construir uma moradia na terrinha.
Naquela situação, quem estava nas F.A. preocupado com as miseráveis condições do povo português? o 25 de Abril foi obra de reinvidicações de militares do quadro permanente, quando sentiram as sua mordomias ameaçadas pela rápida ascenção de oficiais milicianos a que as autoridades fascistas-coloniais se viam obrigadas a recorrer. Não fosse a saída do povo às ruas, o Poder teria sido de imediato entregue aos oficiais superiores das Forças Armadas, como aliás o foi com a constituição do Conselho da “Revolução” militar. O que mudou depois de Novembro? O negócio que antes era feito no Ultramar à revelia da Nato, passou a ser globalizado colocando Portugal sob supervisão da Nato dentro da sua área de influência.

Aqui chegados, as declarações de Vasco Lourenço (um militar do 25 de Novembro) 36 anos depois, conhecido o seu percurso, fazem sentido?: “se as forças de segurança aceitarem reprimir as populações, então os militares devem colocar-se entre as forças de segurança e a população, isto porque as Forças Armadas (profissionais) têm de estar sempre ao lado e em defesa da população” quem? Os oficiais superiores das F.A: que comandam as forças de Repressão tomando partido a favor da “revolução” da extrema direita em curso? Mais ridículo ainda é o transpirar intelectual bota-da-tropa de Otelo, capaz de congelar plateias nos sofás “quando estas atingire o limite” de caruncho:
Hoje seria muito mais fácil fazer um 25 de Abril, temos muito menos quartéis e menos efectivos, uns 30 e tal mil pá, mais fáceis portanto de controlar, enquanto naquele tempo tínhamos quartéis inimigos”:



Quem é que estes tipos querem enganar? não sabem da existência do European Union Battle Group, do seu programa que recebe ordens do estrangeiro e cujas acções são determinadas a partir do comando da Nato em Itália numa perspectiva de intervenção rápida onde o directório UE/Nato o determinar? ou sabem e não têm tomates para tomar posição, ou pensam estas luminárias que o Batalhão sediado no poligono militar de Tancos, a mais importante força hoje no país enquadrada por uma chusma de generais e coronéis, é "uma força amiga"?
Operação de treino a bordo de um barco de passageiros

*Titulo alusivo à canção "These Boots Are Made for Walkin" que se converteu num hino da direita ultraconservadora durante os anos de contestação à guerra nos Estados Unidos.
** A natureza dos campos de intervenção militar também mudou, abrangendo hoje principalmente treinos intensivos em guerrilha urbana para dispersar grupos em eventuais tentativas de organização politica adversa ao regime demo-fascista de dois partidos únicos
Ler também:
"Como a "Guerra ao Terrôr" de Bush militarizou as policias"
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1 comentário:

Anónimo disse...

exactamente, o 25A. só foi para a frente, pq suas exas os capitães estavam a ganhar mal. é ler o livro: confissões do 25 de abril, de, antonio s. duarte, está tudo lá bem explicadinho.

o visky à borla na cantina tá se acabando... nem o viagra endireita o canhão destes milita(nt)res.

o t-ótelo cada vez que abre a boca é só asneiras... irra já chega.