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quarta-feira, novembro 16, 2011

nacional-sindicalismo de tipo novo

O homem e a mulher donos da “loja do chinês”, abrem cedo o negócio e, noite adentro ainda lá estão. Eles realizam um trabalho produtivo: são um entre muitos pontos terminais de escoamento para mercadorias chinesas, numa situação concertada previamente, para a qual os empresários receberam um financiamento do Estado. Num sistema pró-socialista todos são investidores (organizados na forma do Estado) e todos têm um retorno: na forma de reprodução de encomendas para a fábrica que alimenta o operário.
A meio do dia, num breve lapso, um português enrascado da vida entra na loja e surripia quatro pares de meias saindo sem passar pela caixa. Embora a mercadoria seja agora dele e o nosso larápio tivesse trabalhado, o que ele fez foi um trabalho improdutivo. As meias rompem-se e voltar a gamar nem sempre resulta em êxito na correlação risco-valor. Na sociedade capitalista o nosso xico-esperto, na ausência de perspectivas, exasperado, passa-se dos carretos e “produz” qualquer bem-ou-mal mais grave e vai de cana; o Estado passa a pagar-lhe a subsistência, (ou o subsidio de desemprego nos casos menos graves).

A generalização que não distinguetrabalho produtivo” de “trabalho improdutivoleva José Neves a afirmar que “a cidade da multiplicidade de produtores” desmistifica “o equívoco de tomar como produtores apenas e só a figura do operário fardado de sarja azul da fábrica”. Ou seja, aceita, revê e conforma-se com o status imposto pelo capitalismo, como se isso fosse uma coisa intelectualmente muito moderna. Realmente, os operários-de-facto já não se vêem, mas lá que os há, lá isso há. Basta deixar de olhar apenas para dentro e olhar também para o lado de fora da globalização. Isto para “quando nos voltarem a falar da necessidade de o país voltar a produzir”.

Na deslocalização da fábrica para longe onde esta dá mais lucro e menos incómodos ao patrão, tal como nos casos dos vastos sectores improdutivos da sociedade, o Estado capitalista burguês subtitui-se à realização de valor pela classe operária. O sindicalismo torna-se um factor residual (1). E quem controla e desarma então a capacidade de luta dos 80% de trabalhadores que não são sindicalizados, os precários e os trabalhadores (2) desempregados? – resposta: os sindicatos reformistas burgueses – que recebem dinheiro do Estado como prémio de produção pela sua eficácia.

Alguns números
9,9 milhões de euros foi o valor das contribuições do Estado para a CGTP e UGT no primeiro semestre de 2011. No final a verba rondará os 20 milhões/ano.
a UGT conta com 200 mil filiados (quase totalmente do sector terciário) e a CGTP regista 500 mil trabalhadores sindicalizados. A população activa em Portugal situa-se nos 5.587.300 individuos.
2,7 milhões de euros é o valor das quotas anuais pagas pelos trabalhadores sindicalizados à CGTP.
a CGTP emprega 10 mil dirigentes e delegados sindicais a tempo inteiro

1 comentário:

Anónimo disse...

longe vão os tempos em que o sindicato dos tipógrafos batia o pé ao Botas. já ninguém quer saber disso


antes desempregado limpinho do que formiga.