dos jornais: "Roubo por esticão aumenta 25% no primeiro trimestre deste ano"
- O que é de facto o tal perdão de 50% da dívida grega?
"Troca-se os títulos antigos da dívida grega detidos pelos bancos por novos títulos, com a metade do valor dos antigos; chamam-lhe reestruturação da dívida. Quem cobre essa diferença?... Os governos da UE (...)
Na concertação do "grande acordo" em curso "a UE não explicitou os detalhes, quanto perdem os governos, quanto perdem os bancos. Por isso o mercado está com um pé atrás. Na verdade, ainda não se sabe quem vai pagar a conta. A experiência das reestruturações da América Latina nos anos 90, a proporção era 90% pagam os governos, 10% os bancos.
- Já agora, isso é feito sem contrapartidas do governo grego (para além do saque que os gregos tem sofrido, é claro)?
Os governos da UE jogam a factura para a Grécia. O povo grego, português, etc. são chamados a pagar a conta. Os governos da EU transferem para os governos em moratória – Grécia, Portugal, etc. – os recursos (ou garantias) que de alguma forma serão repassados para os bancos privados. Mas esses recursos dos resgates serão pagos pela população desses endividados, através dos “programas de estabilização” da economia, etc.
- Porque ganham os bancos privados com a reestruturação?
Ganham porque se livram de títulos podres, que são trocados por novos com elevadas taxas de juros, além de receberem enormes transferências de recursos (ou de garantias de crédito) dos governos, através do Banco Central ou dos Tesouros nacionais. Com isso se livram da necessidade de auto-recapitalização. Quer dizer, ressuscitam seus activos apodrecidos sem ter de gastar nenhum tostão de capital do seu próprio bolso. São recapitalizados com dinheiro público. E voltam ao mercado à caça de mais sangue dos governos e respectivas populações trabalhadoras"
(José Martins, economista, entrevista à Revista Rubra)
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