5 Outubro, o Desprezo

Uma Praça do Municipio vazia de Povo, em nome do qual há 102 anos foi feita a autodenominada revolução republicana (na verdade uma mera fronda da maçonaria). Por alturas dessa crise, ali a dois passos, ao virar da esquina para a Rua do Arsenal o Rei tinha levado um balázio nos cornos. Por ter essa cena bem presente, os actuais auto-denominados “representantes do povo” resolveram comemorar a efeméride à surrelfa, escondidos nos claustros de uma antiga garagem.

Cá fora, os poucos mirones iam sussurrando a sua opinião: “palhaços”, “vergonha” “estão a reunir-se às escondidas do povo”, “falam para se ouvir uns aos outros”… Começam as cerimónias solenes do 5 de Outubro: a bandeira de Portugal é hasteada de patas para o ar na presença do Comandante Supremo das Forças Armadas - Anibal Cagaço Silva - Recorde-se que, de acordo com os antigos códigos militares, a bandeira ao contrário significa que o local está tomado pelo inimigo... Em boa verdade não há ali ninguém que não esteja comprometido com os Bancos e com a dívida fraudulenta que foi gerada em benefício das elites, a qual agora querem obrigar o povo a pagar.

"Bandeira virada ao contrário mostra "invasão económico-financeira" 

Os diversos oradores entaramelam os habituais discursos de circunstância. António Costa “está-lhe a dar forte” diz-se… Na verdade é apenas mais um, em nome da outra face da mesma moeda. A seguir é Cavaco que representa o papel de quem nada representa. Luísa Trindade, 57 anos, que aufere 224 euros por mês, irrompe pela sala e grita desesperada que se não fosse o seu filho estaria na miséria. No meio da confusão, a jovem cantora lírica Ana Maria Pinto entoa “Firmeza” uma das canções heróicas de Lopes-Graça.



Na rua contámos 22 carrinhas da policia de intervenção; a RTP, o tal serviço público que consome 1 milhão por dia, tem 10 carros de exteriores a cobrir o evento. Para isto há dinheiro, claro, esta gente só existe dentro das caixas de televisão, cá fora são corridos a toque de gatunos!. Um idiota qualquer, por meia dúzia de patacos deambula por ali prestando-se a enfiar a cabeça gigantone do Passos Coelho em nome de uma empresa comercial de apostas. Acaba a cerimónia, sai António José Seguro: alguém o cumprimenta “És igual ao outro, vestes um fato feito no mesmo alfaiate”. A sonsa Maria de Belém atravessa a rua e vem pedir desculpa aos populares “por a cerimónia não ter sido pública”. Um deles responde-lhe: “Vc é administradora do Grupo Mello Saúde, nem lhe deveria ser permitido exercer o cargo de deputada, tenha vergonha”. E rapidamente a Barbie do PS estugou o passo direitinha ao bmw preto com chaufer e zarpou...

As comemorações continuam hoje à tarde, com a simbólica iniciativa popular “Vamos Invadir a Assembleia da República”
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