Ferreira Leite diz que este OE é inexequivel. Toda a gente diz mal, portanto o PSD, um agrupamento de inqualificáveis sacanas que não querem ficar isolados na trapaça, têm também de se juntar ao coro dos protestos. Já quase ninguém se lembra que a ex-ministra das Finanças de Durão Barroso e Paulo Portas foi quem inaugurou em 2002 a demolição do Estado Social pelo desinvestimento decretado pelo centro neoliberal global (1)
Assim, deixando a vaca fria, segundo o próprio FMI por cada Euro de aumento de impostos haverá uma perda de 0,9 a 1,7 Euros no Produto Nacional. Com o aumento previsto a carga fiscal vai atingir em 2013 os 36,8% do PIB. O aumento de receita prevista significa mais 4,315 mil milhões de Euros. E também mais desemprego.
Pelas contas do FMI, na pior das hipóteses, (e em previsões sobre desastres anunciados funciona sempre a Lei de Murphy para correr ainda pior), a queda do PIB será de 7.335,50 mil milhões de euros. Por força das novas medidads fiscais, o jornal “Público” prevê que o PIB cairá 5,3% em 2013, destruindo irreversivelmente muitos mais milhares de postos de trabalho. Porém, um “técnico tão qualificado e conceituado” como o ministro Gaspar admite apenas como possivel o recuo de 1% no PIB.
Qual é então a visão extraordinária de um homem cuja formação, nas suas próprias palavras “custou muito dinheiro ao país”? (vemos agora que custa mesmo muito mais) – afinal é tão simples como um simples ovo podre nas fuças do gajo que detêm a pasta das Finanças: nos aumentos dos impostos a decretar os salários dos trabalhadores e as pensões dos reformados pagam 70% do valor total.
E isto é um feito extraordinário. Os economistas honestos nunca levariam em linha de conta o efeito pelintra conjugado com as aspirações de sobrevivência dos pés-descalços (o número de portugueses novos pobres aumentou para 3 milhões). Mas os investidores norte americanos de Wall Street estão estupefactos com a experiência. Tanto que eles aí vêm (2) servir-se da mão-de-obra nacional em grande escala pagando aos indigenas a tuta-e-meia que era habitual pagar-se aos moços de esquina, ganhões (3) e trabalhadores à jorna no século XIX. Vitor Gaspar espera bem que os portugueses lhes mostrem um sorriso agradecido. Afinal são os investidores norte-americanos que vão criar emprego (a partir do nada, tal e qual o fazem com a contrafacção dos dólares).
notas
(1) Decretar mais auteridade em beneficio dos novos ricos saídos do novo paradigma da globalização neocon é no mínimo escabroso. Alguns exemplos: o Presidente dos Estados Unidos recebe oficialmente por ano o equivalente a 291.290,417 Euros. O Presidente da TAP em 2009 recebeu 624.422,21 Euros, ou seja, o Presidente da TAP ganha por mês 55,7 anos de salário médio de cada português. A chanceler Ângela Merkel recebe cerca de 220.000,00 Euros por ano; O Presidente da Caixa Geral de Depósitos recebeu 560.012,80 Euros. O Presidente do Conselho de Administração da Parpública SGPS (que andou a “limpar” os activos tóxicos do BPN) recebe 249.896,78 Euros mensais; ou seja, ganha por mês 22,3 anos de salário médio de cada português... etc.
(2) Nunca em Wall-Street se notou um interesse tão grande por parte dos investidores norte-americanos relativamente a Portugal. (Diário Económico)
(3) Trabalhadores temporários que eram contratatados diariamente, agrupando-se todas as manhãs na praça, onde os feitores e capatazes do patronato os recrutam num verdadeiro “Mercado de Trabalho livre”
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Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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