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quinta-feira, janeiro 24, 2013

a pandilha neocon "regressou aos mercados e cumpriu o défice" (!?)

Averiguemos então qual é a verdade na pseudo euforia das ultimas horas e maila a carrada de palha oficial que se lhe há-de seguir:

a emissão e venda de novos titulos de Dívida funciona como novas garantias para os credores (os accionistas da banca internacional), com juros actualizados bem mais elevados que as Dívidas antigas que estão por pagar. O cumprimento do Défice abaixo da meta exigida pela Troika (menos 671 milhões que os 9.000 milhões que são o equivalente anual aos Juros da Dívida) é um cozinhado que mascara a fome, tal como a prosápia da nouvelle cuisine... Assim se conclui que o povo português não pode de modo algum considerar este bando de mentirosos corruptos como se fossem interlocutores válidos.

Falta de transparência é a principal conclusão do inquérito aos Orçamentos de Estado em Portugal, feito pelo grupo de reflexão International Budget Partnership sedeado em Washington.

Os economistas desse grupo detectaram que nos últimos anos os sucessivos governos portugueses esconderam 20 mil milhões de euros da Dívida Pública oficial (qualquer coisa como 11% do PIB), transferindo-os para entidades como as Parcerias Público Privadas (PPP's), para o endividamento das Empresas Públicas, Empresas Municipais, Epul, Metro de Lisboa, Metro do Porto, etc.
O livro já aqui citado, “Sem Crescimento não há Consolidação Orçamental” explica o que é o “Défice Oculto” (a diferença entre o aumento da Dívida e o saldo das administrações públicas): de 1980 a 2010; Ora este Défice Oculto é responsável por mais de metade da dívida, sendo uma boa parte acumulada durante os mandatos de Cavaco Silva. O autor opina que essa é uma boa razão para usar o critério da Dívida como medida essencial das contas públicas, e não o do Défice, cujas regras de contabilização têm sido manipuladas ao longo do tempo, mascarando-as com medidas extraordinárias (Ferreira Leite vendeu a cobrança de Dívidas fiscais de então por 1700 milhões de euros; Sócrates e Passos Coelho integraram na Segurança Social diversos fundos de pensões, a recentíssima venda da ANA, etc. A Dívida é portanto o indicador mais esclarecedor, até porque é na Dívida dos paises submetidos que reside o “core business” do actual modo de acumulação capitalista: Bancos ganham 15 mil milhões de €uros com Dívida Pública só em 2012.

Por outro lado, os Orçamentos de Estado escondem quais são os valores que cada escalão contributivo paga (especialmente o de 2013 com o confiscatório agravamento do IRS) o que os torna opacos, sendo assim impossível possuir dados para qualquer debate sobre as desigualdades sociais, que classes sociais pagam mais impostos, a que níveis os ricos conseguem furtar-se ao fisco, etc. – o economista Paulo Pereira Trigo disse em directo na SicNoticias, em nome da ONG Transparência Internacional, que “esta situação é embaraçosa” – desafiando o ministro Gaspar a corrigir a prática de ocultação de dados no próximo Orçamento, oferecendo-se inclusive de seguida para ajudar o ministro a “construir um Orçamento bem explicado e com a participação dos cidadãos, até para que estes percebam o gravíssimo buraco em que estão metidos” – se ontem se conseguiu mendigar 12 mil milhões de euros no Mercado (com juros a 4,89% ao ano quem vier atrás acabará por pagar daqui a 5 anos cerca de 15,2 mil milhões. Se não se suspender de imediato o pagamento de uma Dívida que é fraudulenta, quem empresta melhora!

Imagine-se então que, até 2021 Portugal vai ter de pagar qualquer coisa como 120.000 milhões de €uros! Ou seja, 2/3 do PIB em apenas 8 anos!


Numa análise marxista “todas as leis do capitalismo não passam de tendências acompanhadas sempre por tendências opostas”. É nesta última que o “transparente” comentador Paulo Pereira Trigo integra a sua rábula. Contudo a mentira tem a perna curta e do que se trata não será decerto de ajudar Vitor Gaspar a livrar-se da labéu de mentiroso, mas sim de o pôr rapidamente no olho da rua junto com toda a pandilha de torcionários que se associou neste governo… para vender o povo português a troco de patacas de ouro pagas pelos interesses estrangeiros

relacionado:
* a visão reformista social democrata: O regresso aos mercados e o alargamento das maturidades: Perante o falhanço, a Austeridade continua 
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