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quarta-feira, junho 18, 2014

Sócrates, Seguro, Costa e Soares, todos por um na urgência de conservar a todo o custo o Socialismo dentro da gaveta

"O costume português é deixar-se tudo em palavras mas palavras que são bolas de sabão deitadas ao ar para distrair pequeninos de seis anos" (Florbela Espanca)

No passado dia 13 de Maio o canal de televisão holandês Netherland2 emitiu uma reportagem de 29 minutos intitulada «Dinheiro Secreto Americano para os Socialistas em Portugal» onde se revelam documentos inéditos sobre o financiamento ao PS para actividades contra-revolucionárias na contenção das lutas populares no pós-25 de Abril. Partido dito Socialista cuja natureza de subjugação ao imperialismo ficou aliás bem expressa ao ser fundado na Alemanha, sob protecção da Fundação Friedrich Ebert, uma instituição próxima dos EUA que perpetuou a gestão dos fundos financeiros do Plano Marshall para além do seu anunciado termo oficial. Como é sabido, na época que precedeu o 25 de Novembro o diálogo de Soares foi com o colaborador da CIA Frank Carlucci. São da CIA os documentos agora tornados públicos.

o socialismo anti-republicano speedy-Gonzalez revela-se no longo prazo
Ao fim de todos estes anos de alternância governativa já não devia ser dificil compreender a Arte de fragmentar o eleitorado na democracia burguesa para obter resultados como pretexto para fins inconfessáveis. Se no universo da Direita (neo-conservadora) dos negócios liberais, a colaboração em esquemas antidemocráticos não será de estranhar, já para os adeptos da autodenominada Esquerda liberal dos negócios neoconservadores esse esquema não tem nada de estranho, estão habituados.

Mário Soares tem um mestrado irrevogável nessa arte. Na eleição que reinvestiu Cavaco em 2011 Soares apresentou-se do alto da sua provecta idade contra a outra metade do P"S" liderada por Manuel Alegre. E para que não houvesse dúvidas na designação de Cavaco para continuar a fazer o que anda a fazer, ainda arranjaram o "apolítico" Fernando Nobre para "partir" o que restasse da massa não votante em Cavaco, por forma a garantir que o programa neoliberal de dependência aos investidores financeiros estrangeiros é para cumprir. Cavaco foi reinvestido "à rasquinha" com 50,5% dos votos expressos. Curioso é Soares vir imediatamente a seguir para os jornais regozijar-se de quão bem lhe correu a operação...

Na actual peça de teatro em representação no "universo socialista", cujo guião é converter o P"S" numa mera componente do Bloco Central relativizando a ousadia de uma qualquer acção autónoma transviada de alguma facção que se revele, Mario Soares continua activo, tomando partido pela almejada liderança que já vem de longe pela qual os banqueiros há muito almejam: “O maior erro de Seguro foi não ouvir os socialistas que não o bajulassem". Como se na disputa Costa versus Seguro existisse alguma diferença de programas políticos entre os dois

"Nas últimas europeias o P"S" reduziu a sua base eleitoral obtendo apenas 1.033.000 votos dos 9.650.000 eleitores inscritos - ou seja 10,7% - como consequência das suas politicas anti-laborais e anti-sociais em governos anteriores, do seu posicionamento em relação ao "memorando" da Tróika imperialista que discutiu e assinou, o apoio dado ao primeiro programa do governo PS"D"/C"D"S e aos acordos estabelecidos em sede de "concertação social" por via da UGT e sua aprovação parlamentar, bem como ainda o seu compromisso com o famigerado Tratado Orçamental Europeu que obriga a reduzir o défice público para 0,5%, que a ser imposto como deseja a burguesia, implica mais austeridade, desemprego, pobreza e fome" (contas feitas in "A Chispa")
Ao que se faz constar, 60% de inquiridos não se sabe bem onde, preferem Costa na liderança (ou seja, o regresso de muito do que foi Sócrates). Mesmo que o método de escolha venha a ser à norte-americana - todos os simpatizantes, desde que assinem um compromisso de honra onde se declaram socialistas (lol), votam nas duas únicas opções disponíveis e não chateiam - o universo dos votantes seria na melhor das hipóteses de 60% de um milhão de almas. Nas hostes da tropa fandanga do PSD/CDS os índices de "participação" são ainda menores. Concluindo, considerando a habitual abstenção de malta que se está a marimbar para quem seja o líder do PS, contando as cabeças dos que comparecem embrutecidos 24 sobre 24 horas por propaganda alienante, apenas cerca de 300 mil pessoas (*) determinam "a opção de governo" para 10 milhões de pessoas. É esta "a democracia representativa" que nos impingem. Ou não tivesse Mário Soares afirmado em 2008 que "seria uma tragédia se Obama não ganhasse as eleições". Pois seria, não foi?

* errata:
o número previsível de votantes xuxas não deve ultrapassar os 100 mil

2 comentários:

Diogo disse...

Chris Gupta: Esta fraude consiste na fundação e financiamento pela elite do poder de dois partidos políticos que surgem aos olhos do eleitorado como antagónicos, mas que, de facto, constituem um partido único. O objectivo é fornecer aos eleitores a ilusão de liberdade de escolha política e serenar possíveis sentimentos de revolta contra a elite dominante.


Dr. Stan Monteith: "O argumento de que os dois partidos (o partido Republicano e o partido Democrata) deviam representar políticas e ideias opostas, uma, talvez, de Direita e a outra de Esquerda, é uma ideia ridícula aceite apenas por teóricos e pensadores académicos. Pelo contrário, os dois partidos devem ser quase idênticos, de forma a convencer o povo americano de que nas eleições pode "correr com os canalhas", sem na realidade conduzir a qualquer mudança profunda ou abrangente na política."


George Wallace: "... não existe diferença nenhuma entre Republicanos e Democratas. ... A verdade é que a população raramente é envolvida na selecção dos candidatos presidenciais; normalmente os candidatos são escolhidos por aqueles que secretamente mandam na nossa nação. Assim, de quatro em quatro anos o povo vai às urnas e vota num dos candidatos presidenciais seleccionados pelos nossos 'governantes não eleitos.' Este conceito é estranho àqueles que acreditam no sistema americano de dois-partidos, mas é exactamente assim que o nosso sistema político realmente funciona."


Professor Arthur Selwyn Miller, académico da Fundação Rockefeller: "... aqueles que de facto governam, recebem as suas indicações e ordens, não do eleitorado como um organismo, mas de um pequeno grupo de homens. Este grupo é chamado «Establishment». Este grupo existe, embora a sua existência seja firmemente negada; este é um dos segredos da ordem social americana. Um segundo segredo é o facto da existência do Establishment – a elite dominante – não dever ser motivo de debate. Um terceiro segredo está implícito no que já foi dito – que só existe um único partido político nos Estados Unidos, a que foi chamado o "Partido da Propriedade." Os Republicanos e os Democratas são de facto dois ramos do mesmo partido (secreto). Só existe um partido político nos Estados Unidos. "


Professor Carroll Quigley, o mentor de Bill Clinton: "... É cada vez mais claro que, no século XX, o especialista substituirá o magnata industrial no controlo do sistema económico tal como irá substituir o votante democrático no controlo do sistema político. Isto porque o planeamento vai inevitavelmente substituir o laissez faire… De forma optimista, podem sobreviver para o indivíduo comum os elementos da escolha e liberdade no sentido em que ele será livre de escolher entre dois grupos políticos antagónicos (mesmo que estes grupos tenham pouca latitude de escolha política dentro dos parâmetros da política estabelecida pelos especialistas), e o indivíduo tenha a oportunidade de escolher mudar o seu apoio de um grupo para outro. Mas, em geral, a sua liberdade e poder de escolha serão controlados entre alternativas muito apertadas"...

Anónimo disse...

Libro sobre "Marocas" de Bernardo Díaz Nosty.....