Pesquisar neste blogue

quinta-feira, novembro 27, 2014

O cantar alentejano que vem de Paris

Há indivíduos que vão a Paris (ou off-onde-calha) enquanto o partido esfrega o olho, com umas belas dezenas de milhões postos a salvo do fisco e regressam num ápice todos lampeiros...

... enquanto outros indivíduos, mais dados às coisas colectivas, vão a Paris como se fosse um evento único e irrepetível nas suas vidas. Viajam todos juntos num autocarro durante 30 horas para lá e outras tantas para cá; pelo caminho vão parando junto às caravanas de muitos outros portugueses condenados ao import-export nas estações de serviço. Põe-se uma mesa portátil ao redor da qual todos comem, em pé, pão e chouriça cortada a canivete de bolso, e outras iguarias para farnel de que o Alentejo é terra de fartura.
São estes portugueses, simples, genuínos, os que nunca passaram as privações das brasseries IlGattopardos onde se come pouco, mal e caro pra caralho, que regressam à nossa terra orgulhosos com uma carrada às costas de notável valor cultural – desta vez o cante alentejano reconhecido como património imaterial da humanidade. Bem hajam malta que canta em coro a terra da fraternidade, teremos futuro.

Gravado em Vila Nova de São Bento, Serpa

.

4 comentários:

Anónimo disse...

falando a sério, sem tangas.
o cante alentejano é de origem judaica.
não é de origem 'àrabe' como dizem alguns, mas também não é de origem nativa e sim judaica.
e há muitas provas e fontes disto que eu digo, portanto nem me vou dar ao trabalho de as dispôr aqui.
e a semelhança com o coro hebraico é arrepiante.

em termos de qualidade propriamente dita, o cante é horrível, e portanto não percebo esta euforia toda à volta desse assunto.
não comungo desse patrioteirismo foleiro, sem ligar a qualidade ou até origem histórica.

xatoo disse...

sem estigmas, o que a intuição me diz é que, as origens remotas são do canto polifónico da região do Cáucaso, (tal como o judaico, dai as semelhanças) e chegou até nós vindo com os árabes pelo Médio Oriente, Norte de África, al-Andalus - o Alentejo é paredes meias com a Andaluzia; mas não é só isto, o Cante é uma construção através de gerações e adquiriu especificidade, mormente no século XX, pelo trabalho colectivo nos campos. Quanto ao "horrivel"... não me vais dizer que p/e o "Grandola Vila Morena", a "Moda da Passarada" ou esta aqui com um toque de modernidade, independentemente das conotações politicas, não são obras-primas de harmonia

Anónimo disse...

... e não é 'cante'! Isso é uma colagem ao 'cante hondo' do vizinho, a cavalo em algumas ancestralidades comuns, eventuais.
O 'cantar alentejano', como bem se diz no título, tem peculiaridade própria mas não é 'horrível', apenas.

Salvador

Anónimo disse...

para quem acha que o cante "é horrível" procure no Youtube estes 2 vídeos:

1- "Quinta Feira da Ascensão" (com António Zambujo e António Caixeiro)

2- "Os Olhos Daquela Aquela"
com Buba Espinho, Luís Espinho e Vitor Guerreiro

Sò estes 2 vídeos deitam logo pro terra a ideia de que o Cante é uma coisa feira ! O que posso aceitar é que o Cante até há bem pouco tempo se manteve sempre na mesma forma/formato, sem evolução ou sofisticação! Isso está a mudar !!!