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domingo, novembro 04, 2007

"Adeus Até Amanhã"
cinematografia 3
análise política 2

das poucas lembranças que trago da vida, África é a saudade que mais gosto de ter
subtitulo do blogue Kitanda

António Escudeiro nasceu e viveu na Angola, Provincia Ultramarina Portuguesa, onde agora regressa com verbas do ICAM para rodar um bilhete postal ilustrado dos sítios onde viveu a sua infância. Romagem saudosista ao longo dos míticos Caminhos de Ferro de Benguela, de cujo antigo director no tempo colonial o realizador é filho, as imagens do património da actual Angola degradada pelo abandono a que trinta anos de guerra votou estas regiões sucedem-se, intervaladas em belíssimas paisagens ("Adeus até Amanhã" conta decerto com a melhor fotografia de todos os documentários passados no DocLisboa). A viagem de 25 dias começa em Luanda e prossegue pelo Lobito, Huambo, Huila, Catumbela, Benguela, através dos imensos caminhos que Escudeiro volta a percorrer e onde pressente que ainda pertence – o apelo neocolonialista é implícito: venham daí porque isto aqui é maravilhoso, tem campos imensos de expansão e está tudo por fazer. Mas tudo em Angola está completamente em ruínas? Não – os palácios dos governadores que representam o Poder central e as recentemente construidas dependências de Bancos portugueses estão novinhos em folha em todos os centros urbanos, por mais longinquos que sejam, pese a degradação social que os rodeia (os 85 por cento de não “emprego” não são aqui mencionados. 15 por cento dos senhores herdeiros da guerra constroem a Nova Angola (só a deles) a toda a velocidade). Poder e Dinheiro, cinco anos depois do fim da guerra, os dados estão lançados no terreno. Recado dado, chegamos por fim ao Cunene e ao Lubango e a uma breve referência aos enigmáticos povos Cuanhamas – alheios a todos os convites da apelativa civilização que conhecemos, que nas palavras de Escudeiro, “desde sempre nos pareceram parados no tempo

A moeda de conta por onde os Cuanhamas até tempos ainda não muito longinquos contabilizavam as suas trocas de mercadorias eram as conchas Cauri (milenares, tanto quando o imenso deserto de Moçâmedes era submerso pela água do mar) conchas que, consoante eram mais ou menos raras, assim significavam mais ou menos valias.

Já sabemos, segundo Watson e outros trolhas ideológicos, que “os pretos são estúpidos” mormente, guiados pelos seus instintos tribais tradicionais, nunca tenham perdido de vez a sua ligação às medidas da mãe terra de onde nascem se alimentam e que veneram – vamos então dar uma voltinha pela história de como os brancos, banqueiros e falsificadores, criaram as suas medidas de conta, dos negócios de sempre às finanças actuais, passando pelos metais do Novo Mundo, pela sede de ouro dos agiotas da Europa do Renascimento que ainda hoje nos mergulham nas peripécias monetárias dos “fazedores de dinheiro” sem qualquer relação com as medidas de troca das mercadorias ou serviços que nos são essenciais. (uma longa viagem para ser lida aqui)

Quentin Metsys, "o Cambista e a mulher",

Olha lá ó branco “inteligente”, sabes qual é a primeira razão porque se é escravo?

"Once a nation parts with the control of its currency and credit... all talk of the sovereignty of Parliament and of democracy is idle and futile" - W.Mackenzie King, 1935

A razão número um porque nos convertemos em escravos é a nossa completa ignorância acerca do que é o dinheiro e como é que ele é criado. Os sistemas monetários de todos os paises que integram o G8 (G7+Rússia) são especificamente desenhados para forçar cada pessoa singular e cada país dependente a cair sobre a alçada do Débito (contraído pelo apelo ao endividamento, resultante do aliciamento para consumos mirabolantes, insustentáveis)

Em condições normais um qualquer Governo paga quase 20 por cento de todos os impostos colectados só para o pagamento de juros sobre o Défice Público. Quando se diz “o governo paga”, significa efectivamente que quem paga é o povo do País, porque o Governo não tem dinheiro que seja seu, de sua própria propriedade. (conquanto o discurso da vigarice seja “Portugal está finalmente a assumir a sua situação nas contas”...) Assim, de cada “Euro” que cada cidadão paga em impostos, 20 cêntimos vão directamente para uma conta da Banca Privada. Esta era uma percentagem pequena, quando as taxas de juro permaneciam relativamente baixas. Mas, desde que se aumentaram concertadamente as taxas e o preço do petróleo para financiar a chamada “war on terror” este valor já roça os 40 cêntimos por cada Euro, Dolar, ou outra moeda qualquer indexada ao balão financeiro americano. Em que é que pensam que se poderia gastar este dinheiro, se ele não fosse parar direitinho ao Sistema de Bancos Privados? em cuidados de Saúde?, em Educação?, em menores taxas de impostos?

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