Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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sexta-feira, novembro 16, 2007
Sobreviver ao dilúvio de Capital
a crise financeira neoliberal
“na sociedade capitalista, a taxa de lucro tende para o zero sendo impossível manter as relações de exploração” (Marx)
Em determinados momentos de crise torna-se impossivel à burguesia alimentar-se dos excedentes do aparelho produtivo, confrontando-se pelo contrário, com a obrigação de sustentar socialmente os aparelhos improdutivos por ausência de mercado. Como não há dinheiro, inventa-se - contudo, a capacidade monopolista americana de imprimir dólares (dinheiro ficticio) acabará por lançar a “superpotência” numa decadência irreversivel
“Um banco é um sítio que te empresta dinheiro se conseguires provar que não precisas dele”, costumava dizer Bob Hope. Porém para se ver até que ponto a América mudou, basta lembrar que até esta regra básica foi subvertida – o sistema bancário, ávido por negócios feitos sobre capacidades de consumo inexistentes, desatou a emprestar dinheiro a extractos sociais que não ofereciam a menor garantia de reembolso. Pior que isso, os bancos fizeram pacotes desses empréstimos (fundos imobiliários, quanto mais se venderem, maior o sucesso!) e colocaram-nos em Bolsa. Como habitualmente, o estilo especulativo Enron que “elegeu” (pagou a subida de Bush à presidência) inchou e continuou a inchar. De um oito fizeram 80 e por aí fora. Parafraseando outro americano do tempo tranquilo, Mark Twain, um banqueiro revelou-se agora ser “um tipo que nos empresta o chapéu de chuva quando está sol e que o pede de volta assim que começa a chover” – porém, infelizmente para os usurários, os chapéus voaram todos na tempestade catástrofica e têm as varetas irremediavelmente danificadas: não há nada para devolver.
O que há concerteza, até agora, são 400 mil milhões de dólares de prejuizos, derivados do crash da bolha imobiliária nos Estados Unidos, que representam 2,4 mil milhões de cortes aos lucros só em três empresas: o Citybank, a Merrll Lynch e a Goldman Sachs; aliás, estas e as outras empresas bancárias envolvidas nos efeitos do crash das acções fraudulentas sobre o imobiliário (subprimes) poderão levar vários meses (anos?) até conseguirem contabilizar os prejuizos concretos que continuam a inchar globalmente de forma alarmante. As perdas, reconhece o presidente do principal banco alemão, o Deutche Bank, “superaram as expectativas mais pessimistas". A bola de neve corre mais depressa que a fauna de correctores e dealers, atarantados, sem compreender se hão-de fugir para montante ou para jusante. E se ficarem parados, morrem. Oxalá.
O julgamento de Greenspan
J. Bradford DeLong, um professor de economia na Universidade de Berkeley que foi secretário de Estado Adjunto do Tesouro norte americano, escrevendo no Project Syndicate faz uma crítica demolidora ao neoliberalismo e responsabiliza Alan Greenspan pela actual crise financeira provocada pela negligência do judeu (tirado da cartola do monopólio da banca privada global) com nomeação imposta a Ronald Reagan para definir as politicas globais à frente da Reserva Federal americana, onde se manteve por mais de duas décadas.
“Only a crisis actual or perceved produces real change”
Milton Friedman
O erro, porque não há outra saída dentro do quadro capitalista, que vai justificar a necessidade de criar nova bolha financeira por via de nova campanha de destruição militar, assenta em quatro pressupostos:
1.Greenspan aplaudiu erradamente o aumento de hipotecas não padronizadas de taxa ajustável, o que por sua vez alimentou a bolha do sector imobiliário, sem suporte material para suportar riscos tão perigosos.
2. Devia ter sido controlada a bolha do mercado bolsista dos anos 90, ainda mais inflacionada quando rebentou a bolha do Nasdaq em 2000 e os capitais sem aplicação rentável se refugiaram novamente no imobiliário.
3. Esta situação induziu erradamente a aprovação da redução de impostos avançada por Bush, quando eles deviam ter aumentado – e aí, Bush não teria sido reeleito em 2004.
4. Ao contrário da ilusão que a “nova economia” criou, quando sugeriu que se podia viver virtualmente dos novos meios tecnológicos, como a internet, sem trabalhar, o trabalho continuou a ser essencial e é importante gerir excedentes (e não défices) para liquidar as dívidas com que se paga aquilo que se consome.
Conclusão dramática: o "novo capitalismo" continuará a apostar na miséria de milhões e milhões de pessoas para se fazer pagar dos excedentes que as elites que gerem o imperialismo gastam.
Por trás dos tambores da guerra que se rufam ao Irão estão as armas nucleares ou os juros compostos?
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