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sexta-feira, novembro 30, 2007

Por qué non si callan (V)

Nesta quarta feira à noite a CNN na edição em espanhol para a América Latina “enganou-se” e produziu nas suas mesas de montagem uma foto de Hugo Chávez com a legenda em rodapé “Quem Matou Chávez” que transmitiu em sinal aberto “por acidente”. Na situação que se vive na Venezuela, quatro dias antes do referendo à nova Constituição, isto pode ser entendido como um apelo subliminar ao assassinato do presidente. No dia seguinte a CNN pediu desculpas dizendo tratar-de de um desafortunado engano. Pois foi. Quando está em marcha uma grande operação de guerra psicológica, com manifestações de rua extremando os dois campos em disputa (Sim ou Não) um documento com data de 20 de Novembro de 2007, classificado de “Confidencial” proveniente do gabinete do sr. Michael Middleton Steere, funcionário do Departamento de Assuntos Regionais (ORA) da Agência Central de Informações (CIA) dos Estados Unidos localizado na mesma morada da Embaixada dos EUA em Caracas, que mão misteriosa fez chegar aos meios de informação oficiais, relata os pormenores da “Operação Tenaz”. O plano vem supervisionado de Washington pelo “Human Intelligence HUMINT” directamente dirigido ao embaixador Patrick Duddy.

Eva Golinger uma jornalista de esquerda analisa detalhadamente as intenções de destabilização descritas no documento. Aí se revela um plano de sabotagem do referendo partindo de uma sondagem que prevê 60 por cento de abstenções, dados que foram passados pela CIA como contra-informação aos meios de comunicação ultra direitistas (entre os quais se encontra o nosso Público). Mas a realidade é outra; o “Sim” leva uma vantagem de 10 a 13 pontos percentuais e não é possível inverter substancialmente a tendência de voto nos 3 dias que faltam. Por isso se prevê passar a uma fase seguinte de descredibilização dos resultados acusando o governo de Chávez de fraude e incentivando a revolta da oposição nas ruas. O espectro de Pinochet paira sobre os céus da Venezuela, tanto mais que o documento admite o financiamento da “crise” através de um fundo de 8 milhões de dólares transferido pela USAID para a companhia de marketing “Development Alternatives, Inc.” que estaria a organizar um team de jornalistas venezuelanos dirigidos pelo ex-presidente da Globovision Alberto Federico Ravell.

Man of the Year

Postas as coisas nos termos habituais, dois campos antagónicos que se digladiam, revolucionários pela pátria e reaccionários vendidos aos gringossobra um anátema lançado sobre o partidoBandeira Vermelha”, (supostamente referidos no documento) e nos discursos oficiais como os habituais “esquerdistas” ao serviço da extrema direita e do imperialismo. É deles a seguinte análise ao voto no referendo e ao regime:

“O Socialismo do Século XXI, (na terminologia de Chávez) ao contrário do socialismo do século XX que era anticapitalista, nada mais significa do que um “novo” modelo, baseado na mesma exploração operária e também a mesma repressão aos trabalhadores. Assim, durante 2007, as massas estão a apreender o que é o “socialismo do século XXI” e quais são suas principais características:
a) Inflação - a mais alta de América Latina, que no fim do ano superou 18% e os alimentos que individualmente chegaram a uma alta de 25%. Por outro lado, entretanto, o salário mínimo é de 614.790 mil bolívares e um litro leite em pó (quando se consegue encontrá-lo), custa 30 mil, ou seja, um dia e meio de salário. O Instituto Nacional de Estatística (INE), afirma que em 2007 o custo de vida aumentou 21% .
b) Escassez de vários alimentos - carne, frango, leite, ovos, óleo de cozinha e pão, todos desapareceram dos mercados. Quando se consegue algo, é apenas no mercado paralelo a preços incomportáveis
c) O Governo de Chávez é um péssimo patrão - Os trabalhadores da função pública já levam 4 anos a negociar os seus salários e até agora nada. Os trabalhadores do Conselho Nacional Eleitoral estão há 16 anos sem contrato. Os trabalhadores da indústria petrolífera tiveram que realizar várias mobilizações e enfrentaram uma brutal repressão com direito a bala e tudo. Igual ao melhor modelo de repressão praticado pelos governos neoliberais. Tudo para se conseguir a assinatura do contrato colectivo, que já estava atrasado um ano. Mesmo assim, as conquistas económicas conquistadas não repõem as perdas para a inflação”
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