O sistema eleitoral americano tem-o tornado visivel a toda a gente e, portanto torna-se oficial: os Estados Unidos são um Estado de Partido único, cujo sucesso dos candidatos depende da quantidade de dinheiro que conseguem reunir para o empregar em campanhas mediáticas fabulosamente pagas para influenciar o eleitorado: um sistema de dois partidos únicos que dependem de mecenas financeiros é uma Ditadura do Capital.
Como temos presente, o Partido Comunista nas sociedades industriais representava os trabalhadores, o Partido Republicano americano representa os proprietários (na medida que os EUA são os patrões globais).
A luta de classes está globalizada: os dois campos confrontam-se agora um com o outro a um nível global – os Estados Unidos como entidade patronal e os trabalhadores como uma classe (cada vez mais proletarizada) única mundial.
Pierre Bourdieu simplificou o entendimento do capitalismo transnacional, relembrando o que dizia o Manifesto Comunista: “a questão da desigualdade social é facilmente verificável dividindo o mundo entre as classes “dos que têm” cujas necessidades materiais são satisfeitas porque existe uma grande maioria d”aqueles que não têm” – e estes não possuem nada para além da sua força de trabalho para venda, porque os meios de produção, a todos os niveis, foram privatizados. Este binário redutor a duas classes no capitalismo global produziu uma nova onda de lutas anti-capitalistas que deu uma urgência renovada à revolta, o que coloca a seguinte questão: qual deverá ser o lugar dos intelectuais nas relações sociais contemporâneas?
Os grandes meios de informação foram privatizados: são propriedade dos patrões. Liga-se as televisões e apenas se ouvem “notícias” sobre bancos, actividades de grandes empresas, investimentos financeiros, novas tecnologias mediáticas, etc. – logo, quando se propicia ouvir um qualquer teórico convidado a arengar pacificamente nos meios de comunicação social de propriedade da burguesia transnacional – o conteúdo transmitido vem concerteza inquinado.
Ficam quatro casos para a compreensão do papel dos Media propriedade dos patrões das corporações globais
1 – Foi um locutor de televisão, Robert Kovak porta-voz do lobie judeu nos EUA, que dispõe de colunas de opinião no Wall Street Journal e do influente programa da CNN “Inside Report” quem “delatou” (por incumbência de Richard Armitage) que Valerie Plame era uma agente da CIA. O caso visava destruir as “não-provas” que o marido de Plame “não tinha” conseguido reunir sobre a venda de urânio da Nigéria ao regime de Saddam Hussein. Se nada se soubesse, a opinião pública assimilaria que existiam “armas de destruição macissa no Iraque”. O caso tornou-se público e começou aí a derrocada da Administração Bush. Com este escândalo houve uma intenção prévia de erradicar Bush. O trabalho de destruição está feito; pulverizadas as resistências ao acesso às fontes de petróleo, a estabilização da região só pode ser entregue à outra alternativa: ao Partido dito “Democrático”. Para que a exploração se possa tornar consentida, e rentável.
2 – Hillary Clinton, de longe o candidato que maior visibilidade tem tido (o que significa o maior volume de capital investido), veio à televisão comparar a sua candidatura à de John F. Kennedy, o primeiro e único católico que serviu como presidente. “O povo diz que uma mulher nunca poderia ser presidente. Eu digo, bem, nós nunca sabemos, antes de ter experimentado”. Kennedy foi assassinado. O alinhamento de Clinton com o mártir mais famoso da pátria é muito proficuo na recolha de votos dos piedosos eleitores cristãos. Esta técnica, difundida em directo a milhões de pessoas, nunca falha.
– A determinada altura a candidatura do “democrata” Barack Obama estava à frente nas sondagens. O homem é simpático, porém não é suficientemente wasp para ser Presidente. Só poderá ser admitido como Vice-Presidente. Havia que o destruir, e tudos os meios têm sido accionados para o conseguir. O próprio CEO da Fox News, Roger Ailes veio a terreiro invocando um trocadilho que ficou famoso, quando Bush interpelou o presidente Musharraf: “porque é que não apanhamos esse gajo, Osama (bin Laden)?” E nós, disse Ailes “porque não apanhamos Obama?”. Lapidar. A segunda destruição aconteceu no debate da semana passada perante uma audiência previamente programada. A espectadora “Marie Louise” disse nos bastidores que as perguntas foram ferozmente seleccionadas e preparadas pela CNN no seu site e no My Space. A ela coube perguntar a Hillary se “gosta mais de pérolas ou diamantes”. Por explicar ficou o alinhamento incondicional da futura presidente à "Guerra contra o Iraque".
4 – Finalmente, o que não se diz. O “European Covered Bonds Council”, o organismo que supervisa a actividade dos profissionais de seguros de obrigações, que controla 85 por cento das emissões de obrigações no mercado europeu, suspendeu a partir de 21 de Novembro a avaliação no mercado. Desde Agosto que os EUA já tinham deixado de publicar os indices de emissão de moeda. Ninguém sabe ao certo qual a quantidade de dinheiro que está a ser emitido para segurar a crise financeira neoliberal. Esperemos que o sistema rebente de vez e a falência impeça a Ditadura do Capital Global de continuar a tentar gerir a complexa arte de simular uma paz social podre.
1ª questão a reter: como foi vendida a história da invasão do Iraque - "Hubris, The Inside Story of Spin, Scandal, and the Selling of the Iraq War"
2ª questão a reter: o Complexo Politico militar é o principal contribuinte líquido para as campanhas "democratas" 2008 de Hillary e Obama: U$ 49.203.153,00 contra U$ 18.396.719,00 do candidato republicano que mais fundos conseguiu recolher.
3ª questão a reter: a escolha está feita, muito antes que qualquer "eleitor" tenha o desplante de se aproximar das urnas. Hillary Clinton, é candidata pelo Partido Republicano . Tal como entre nós Sócrates e o "PS" foram a melhor opção para consolidar as politicas dos neocons. Um embuste!
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Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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