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sexta-feira, novembro 23, 2007

no país dos filósofos do futebol



Sonho de uma Noite de Outono na Galeria Zé dos Bois e o Elemento Atractor da Classe Operária





contudo, não devemos acreditar,


Deve-se sempre desconfiar de um tipo que precisa de ser invocado com três nomes próprios para se afirmar. O povo gosta de gajos simples, como o daquele belo exemplo que o inefável director do Publico nos deu quando se referiu ao historiador marxista Zé Neves - o Zé é fixe, pós-moderno, e até escreve no Público porque quer “Uma Esquerda sem Heróis”.

Quando nos aponta “a revolução a partir de cima” e “o socialismo num só país” como causas miseravelmente fracassadas (por hipótese, omissa, ideologias vítimas da falta de participação nas decisões de organismos de base?, devidas a saneamentos contra-revolucionários à esquerda?), José Neves, sugere-nos um futuro onde se neguem os controlos das “élites tipo Chavez, instaladas no topo da máquina do poder antigo, o Estado”. E como se vai abolir o Estado: através de reformas? Por decreto do Parlamento burguês? Bloqueando a caixa de emails do rei da Ibéria forçando “o simpático Zapatero”, aliado da honra eleitoral de Aznar, a agir?
O socialismo não pode ser construido a partir do capitalismo, melhorando-o, da evolução na continuidade (pacífica), mas sim através da sua superação através do salto revolucionário da sua destruição. Para o conseguir é preciso um elemento atractor, Zé; que as classes proletarizadas possam prescindir do uso de um instrumento politico que as possam guiar nas suas lutas pela emancipação social, quando até qualquer vulgar grupo de turistas precisa daquela senhora com uma bandeirinha à frente a indicar o caminho, pressuporia que, em nome de uma liberdade utópica, também a classe possidente (nas actuais sociedades neoliberais onde o 1 por cento dos mais ricos detêm mais de 90 por cento do valor da propriedade) abriria mão, por amável convite, dos seus privilégios mantidos pelas suas instituições de classe.



Crítica do Programa do Zé

Marx, visando explicar a eterna dicotomia entre a Teoria e a Prática, escreveu a sua primeira tese sobre Feuerbach na “Crítica do Programa de Gotha”, em1847:
“O principal defeito de todas as formas de materialismo que temos conhecido até agora, é a de que o objecto exterior, a realidade, o mundo objectivo, é descrito sob a forma de um objecto intuitivo; não como o resultado de acções concretas das actividades humanas como práticas - mas sim de modo subjectivo. Esta é a razão porque os aspectos activos têm sido desenvolvidos pelo idealismo, por oposição ao materialismo – mas apenas de uma forma abstracta, porque o idealismo, naturalmente, não pode explicar as acções concretas como tal”.

Na verdade a inversão do pensamento pós-moderno é aquilo a que se pode chamar, com toda a propriedade de anti-ciência. Ele começa a ser determinado pelas suas conclusões (baseadas na mecânica quântica – segundo o Principio da Incerteza de Heinsenberg - que impõe restrições à precisão com que se podem efectuar medidas simultâneas de uma classe de pares observáveis) e vem fazendo o seu trabalho no caminho de regresso, distribuindo hipóteses avulsas de liderança. Esta filosofia nunca verdadeiramente nos podia ter convencido, na medida em que os poderosos deste mundo nos continuavam a ameaçar linearmente com aplicações práticas da velha fisica de Newton: os instrumentos de repressão do Estado burguês fazem chover bordoada de três em pipa (na dualidade intrínseca na natureza: ou foges ou levas) e as teorias de evolução pós-modernas vão à falência. Conquanto, com os naturais receios de ofender as classes possidentes, se continuem a inscrever nos jornais da burguesia capitalista.

Transformar o Medo em Fúria

Quando um belo dia ouvimos a sugestão da “música para uma nova sociedade” (Music for a New Society- Jonh Cale, 1982) compreendemos que a percepção do valor da ciência na sociedade depende de conceitos bem mais comezinhos; por exemplo através dos niveis de financiamento público e privado que são afectados à Ciência anualmente, ou, pela invenção de regimes mais ou menos predadores da propriedade intelectual (Prof. João Caraça); as acções de curiosidade pela compreensão que vem da natureza, a ciência que vem desde Galileu e Newton é preterida em função das novas percepções erradas do fim da ciência, dirigindo-se a formação do conhecimento para a necessidade de produzir tecnociência de sucesso garantido destinada ao mercado. A formação de quadros qualificados, em áreas estanques, para servir os interesses especificos do sistema capitalista é feita através de mecanismos financeiros do Estado. Só os que acreditam no mito da criatividade sem mestre, a exemplo dos nossos antepassados do paleolítico quanto à fertilidade da terra, afirmam que a criatividade da Ciência, entre elas as ciências sociais, se esgotaram.

Edgar Morin afirma taxativamente que um dos principais designios filosóficos para o século XXI será o de religar os conhecimentos
– tendo em vista que os diversos ramos possam ser percebidos como uma totalidade dentro dos limites fisicos do planeta, e não como fracções avulsas de especializações assentes nos luminosos “quanta” extraterrestres. Embora, as relações de Heinsenberg e de Niels Bhor sejam boas e válidas a uma dada escala de descrição da realidade, elas não limitam realmente a possibilidade de conhecer as leis macro que atingem e limitam o diálogo do Homem com o seu Mundo.
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