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domingo, janeiro 06, 2008

da “biografia” de Cesário Verde

escrita em livro por Filomena Mónica

A recensão de Eugénio Lisboa publicada no Jornal de Letras é de partir o côco a rir,,, de angústia. Porque afinal é esta espécie de estrangeirados made-in-Oxford mal amanhados endoutorados colonizados encabeçados pela escola do clã Pulido Valente que vai fazendo opinião por estas bandas. Ora leia-se só este pequeno começo (mas ide depressa comprar o jornal porque o resto da crítica é imperdivel; e além do mais o JL editado com esmero artesanal por Rodrigues da Silva bem merece que o consumam)

Biography should be written by an acute enemy
A.J.Balfour

"A epígrafe de Balfour, segunda a qual, uma biografia deve ser escrita por um inimigo jurado do biografado, tem obviamente este significado: o acinte pode dar ao livro um acréscimo de “interesse” e de picante. Têm-se visto casos. Henri Guillemin confere ao seu ódio aos biografados a sedução de um olhar enviesado que, se muitas vezes distorce o alvo, muitas outras no-lo faz ver com uma lucidez malévola mas penetrante: o ódio nem sempre cega. Frank Harris não foi propriamente um “inimigo” de Shaw, mas antes um furibundo adversário das ideias do grande dramaturgo irlandês e, sobretudo, da sua maneira de viver e de conceber a vida. E foi, precisamente, essa postura adversária que deu à sua biografia do autor de Pigmalião todo o encanto, vivacidade e sabor que ainda hoje lhe encontram os que têm o privilégio de a ler.
Mas há inimigos e inimigos e um dos piores inimigos da biografia é a indesejada e trôpega incompetência do biógrafo. Este tipo de adversário não dá nunca à biografia qualquer valor acrescentado de que beneficie, quer o biografado, qujer o leitor. Estamos, como é óbvio, a falar da mais recente “biografia” de Cesário, poeta pelos vistos “ignorado” dos portugueses e agora “descoberto” por Maria Filomena Mónica. Em termos de cometimentos literários, raramente tenho assistido a um tal desastre – desastre, de resto, como é de uso com as incursões literárias desta autora, abundantemente saudado e buzinado pela nossa inefável comunicação social, como o “triunfo” de um grande general romano que tivesse acabado de acrescentar ao império mais uma preciosa parcela de território.
As singularidades, não de uma rapariga loira, mas do livro que aqui tratamos – "Cesário – Um Génio Ignorado", Aletheia, Lisboa, 2007 – começam logo no incrível descaramento do subtítulo: ignorado por quem? Pelos vistos, até há pouco tempo, da própria Filomena Mónica. (Segue-se uma extensa lista de referências a Cesário Verde na literatura portuguesa) e conclui-se: Ora o titulo do livro inculca duas coisas: 1ª) que Cesário estava, até há pouco, ignorado; 2ª) que Filomena Mónica, por fim o descobriu".

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