“Não há alternativas ao mercado. Só o mercado pode assegurar a satisfação das necessidades das pessoas, a distribuição justa da riqueza, direitos sociais e o fortalecimento da liberdade e democracia. O mercado permitiria à economia soviética estar organicamente ligada à do mundo, e dar aos nossos cidadãos o acesso a todas as realizações da civilização mundial”
Mikhail Gorbatchev (1985)
"Assim, não pode haver alternativa, no pensamento burguês, ao decretamento do pernicioso dogma do "não há alternativa". Mas é totalmente absurdo para os socialistas adoptarem a posição da infinita (e pela sua natureza incontrolável) expansão do capital. Pois que a resultante idealização do "consumo" — mais uma vez caracteristicamente não qualificado —ignora a verdade elementar de que, do ponto de vista acrítico do capital, favorável à sua própria auto-expansão, pode não haver diferença entre destruição e consumo. Uma é tão boa quanto o outro, para a finalidade requerida. Isto é assim porque a transacção comercial na relação capital — mesmo da espécie mais destrutiva, corporificada nos produtos do complexo industrial/militar e na utilização que lhes é dada nas suas guerras desumanas — completa com êxito o ciclo da auto-reprodução ampliada do capital, de modo a ser capaz de abrir um novo ciclo. Isso é a única coisa que realmente importa para o capital, por mais insustentáveis que possam ser as consequências. Consequentemente, quando socialistas internalizam os imperativos da expansão do capital como o terreno necessário do crescimento que defendem, eles não aceitam simplesmente um princípio isolado mas todo um "pacote negocial". Conscientemente ou não, eles aceitam, ao mesmo tempo, todas as falsas alternativas — como "crescimento ou não crescimento" — que podem ser derivadas da defesa acrítica da necessária expansão do capital"
"O desperdício sempre crescente — e nas suas implicações finais, catastrófico — no sistema do capital é inseparável do modo irresponsável como os bens e serviços produzidos são utilizados, ao serviço da expansão lucrativa do capital. Perversamente, quanto mais baixa for a sua taxa de utilização, mais elevado é o âmbito para a substituição lucrativa — um absurdo que decorre da posição alienada do capital, da qual não se pode traçar distinção significativa entre consumo e destruição. Pois a destruição totalmente esbanjadora atende da mesma forma que o consumo genuíno, correspondente ao uso, à procura requerida pelo capital auto-expansionista de um novo ciclo lucrativo de produção. Contudo, o momento da verdade chega quando tem de ser pago um preço pesado pela administração criminosamente irresponsável do capital, no curso do desenvolvimento histórico. É neste ponto que o imperativo de adoptar uma taxa de utilização cada vez melhor e incomparavelmente mais responsável dos bens e serviços produzidos — e na verdade produzidos conscientemente tendo em mente aquele objectivo, em relação às necessidades e uso humanos — torna-se absolutamente vital. Pois a única economia viável — aquela que economiza de um modo significativo e é portanto sustentável, no futuro próximo e mais distante — só pode ser a espécie de economia administrada racionalmente, orientada para a utilização óptima dos bens e serviços produzidos. Não pode haver crescimento de uma forma sustentável fora destes parâmetros de administração racional orientada por necessidades humanas genuínas"
in "A Única Economia Viável", István Mészáros
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