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ai ele (não) é isso?
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A mesma receita foi sugerida pela crítica: “acho que se ele (Miguel Sousa Tavares) escrevesse o livro sem ter o nome dele, este nunca seria publicado”. Mas, apoiado numa formidável campanha de marketing “Rio das Flores” foi publicado e os espertalhaços editores foram às algibeiras dos alienados consumidores de literatura de cordel com cara de televisão - que compraram, a 29 euros a peça, uma vulgar redacção de aluno do secundário pelo preço de um romance histórico. Como é habitual nas boas peixeiradas à portuguesa, tudo acabou com ameaças de resolução rápida: nos tribunais!; que não os populares que num ápice, alicerçados em fundamentos sérios, fariam a obra estacionar nas livrarias em pilhas até ao tecto.
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“Deixá-lo ser feliz: deixá-lo. Calisto Elói, aquele santo homem lá das serras, o anjo do fragmento paradisíaco do Portugal velho, caiu. Caíu o anjo, e ficou simplesmente o homem, homem como quase todos os outros, e com mais algumas vantagens que o comum dos homens (...) Na qualidade de anjo, Calisto, sem dúvida, seria mais feliz; mas, na qualidade de homem a que o reduziram as paixões, lá se vai concertando menos mal com a sua vida”.
Dão-nos um nome e um jornal,
Um avião e um violino.
Mas não nos dão o animal
Que espeta os cornos no destino
Queixa das almas jovens censuradas (Natália Correia, 1957)
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