“Quero que saibam que quando falamos de guerra, na realidade estamos a falar de paz”
George W. Bush
O próximo presidente dirá precisamente o mesmo. Na verdade a alternância entre ciclos – guerra e paz, democratas e republicanos, bons e maus, maçónicos ou opus dei, aqui mais próximo: cavaquistas e soaristas, – não depende dos gestores pontuais, mas sim da existência (sobrevivência) do complexo politico- industrial-militar, primeiro americano, depois global.
Tal máquina, diabólica, na presente fase da globalização capitalista é simplesmente insustentável. E isto simplesmente porque - devido à forte acentuação das desigualdades económicas, entre os países ricos e os paises pobres, e entre os ricos e pobres dentro de cada país - a vasta maioria da população é cada vez mais excluída do mundo restrito das faixas de mercado que sobram, excepto quando as pessoas são contabilizadas como números em estatísticas na forma de consumidores úteis para as empresas corporativas.
O imperialismo naturalmente trata de jogar os trabalhadores dos países avançados contra aqueles do Terceiro Mundo, alegando que estes estão a roubar os empregos daqueles. Nada está mais longe da verdade. É a deflação/estagnaflação global imposta pelo capital financeiro que causa o desemprego generalizado. Com o agravamento da recessão no centro capitalista a situação tenderá a piorar.
Obviamente, para impôr a sua ordem, o domínio imperialista será cada vez mais determinado pela agressividade militar. E é neste contexto que ao ver a fotografia ontem publicada na capa da P2 se torna rídiculo o slogan-chave dos liberais: “menos intervenção do Estado” – é verdade: Hitler a arengar às massas alistadas no Exército, ou os actuais clones do nacional-atlantismo de discurso militarista a justificar “incursões humanitárias” de tomada de posse em economias estrangeiras, apontam para acertar o triunfo da vontade com a realidade sonhada pelo excesso de cátedra dos nossos liberais.
a França Sionista de Sarkozy envia 2 fragatas, oito caças mirage, 1500 militares e um porta aviões nuclear para o Estreito de Ormuz em exercicios nitidamente provocatórios, desafiando e procurando um pretexto que justifique atacar o Irão.
(ver James Petras: a agenda Israelita e a configuração do poder Sionista para 2008)
Permanece um mistério; como se induzem as grandes massas da população a aceitar tudo isto passivamente? – os eruditos sociólogos estudam, sistematizam e explicam os votos da populaça difundindo-os com generosa profusão pelos media à sua inteira disposição; os Políticos arquitectos (tropa de choque dos banqueiros e do “mundo empresarial”) e o exército de assessores do mainstream corporativo controlam, física e psicologicamente as abelhas (segundo Mandeville, e depois Voltaire). Karl Marx já havia observado em "O Capital" que “a diferença entre a melhor das abelhas e o pior dos arquitectos é que o arquitecto, ao contrário da abelha, ergue uma estrutura na sua mente antes de a erigir na realidade”. Na verdade a desmesurada primazia e importância que na actualidade é dada ao sistema bancário provém da sua utilização no financiamento dos arquitectos que constroem o mundo ultraliberal e neoconservador. Este, no modelo contemporâneo, ainda é mais monstruoso que o do Nazismo, porque, construida pacientemente a unidade entre as potências, já não se trata de organizar guerras pela supremacia entre elas, mas sim de declarar a guerra generalizada contra aqueles que não têm já qualquer capacidade de organização: os pobres.
Como se traduz isto no nosso quotidiano? Basta ouvir a escassa intervenção permitida por leitores ou ouvintes dos “media”; Cristina Lobo na TSF: “não são só as estruturas que contam. Portugal é um país sem recursos, mas despreza-se o recurso fundamental, o melhor que temos, que são as pessoas” J. Ricardo (no Público): “Cavaco veio a Ribeira de Pena dar “uma palavra de alento e de solidariedade” aos que vivem numa situação de interioridade (...) que não se verguem nem resignem face à distância dos centros de decisão política, à desertificação, ao abandono escolar e ao envelhecimento da população”. Ora são realmente espantosas estas declarações. Não só porque Cavaco Silva faz parte, desde há décadas, de muitos centros de decisores políticos (foi ministro das Finanças, primeiro-ministro e agora Presidente da República) como também são uma crítica directa e clara ao presente executivo, no que a uma verdadeira descentralização diz respeito” (neste ponto o discurso foi censurado pelo Público). Notamos que estas frases se enquadrariam na perfeição durante uma visita presidencial a tropas portuguesas estacionadas no Líbano, no Kosovo ou em Timor. E é com todos estes ingredientes que se faz a popularidade de um presidente”
Pedro Bravo (Évora): “O que têm em comum uma metáfora do sociólogo António Barreto (“sobre a Expo: “o que era o Pavilhão do Futuro é um Casino e o Pavilhão de Portugal está cheio de rachas”), o relatório da Sedes, um diálogo à porta de um supermercado de Évora e a insurreição social proposta por George Steiner?. Muito, digo eu. (ler integralmente aqui): “recordemos um momento populista do Presidente da República Portuguesa, no seu discurso de Ano Novo (ou de Natal), ao sentir-se preocupado com os ordenados auferidos pelos dirigentes das grandes empresas. Por um lado, é assunto puramente privado, da conta dos accionistas dessas empresas (a não ser que a Presidência da República esteja a defender os interesses dos accionistas) e, por outro, o Presidente da República tinha muito por onde chamar a atenção, nomeadamente quanto ao salário mínimo legal, quanto à exploração de mão-de-obra barata, quanto aos salários de miséria pagos às pessoas que trabalham à hora, quanto ao índice de miséria infantil em Portugal (neste ponto o Pública censurou o leitor) que conclui:
“Razão tem o grande pensador (George Steiner) em admirar-se por que é que as pessoas não se revoltam”
.
Sem comentários:
Enviar um comentário