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segunda-feira, fevereiro 11, 2008

o Fim da Comida Barata

Quando, faz mais de um ano, Bush se reuniu com o presidente do conselho e director geral da General Motors Corporation Rich Wagoner; com o director geral da Ford Motor Corp. Alan Mulally e com o director geral do grupo Chrysler da Daimler Chrysler AG, Tom LaSorda para discutirem medidas de reconversão da indústria automóvel e os participantes decidiram apoiar a produção de veículos que utilizem combustível alternativo à base de produtos provenientes da agricultura, Fidel Castro dias depois foi o primeiro a fazer uma chamada de atenção para os perigos da decisão: "O presidente instou o Congresso a avançar rápido numa legislação que o governo propôs recentemente para ordenar o uso de 132 biliões de litros anuais de bioscombustiveis em 2017". Esta pressão sobre a mudança de uso dos terrenos férteis, principalmente nos paises pobres, "condenará biliões de pessoas a morrer precocemente de fome e de sede".
Passados estes meses todos, o assunto chegou à "The Economist" (e por efeito epidémico ao jornal do Fernandes da Sonae) num artigo pomposamente intitulado "The End of Cheap Food" e diz, com o mesmo título, basicamente o mesmo que Fidel disse, mais fácil dizê-lo agora que os resultados começam a estar à vista - a conexão do petróleo com o etanol faz aumentar ainda mais o custo da alimentação, como demonstrado por Stuart Stanford em "Fermenting the Food Supply Modelling Biofuel Production as an Infectious Growth on Food Production" - e as razões são bem conhecidas: a enorme procura energética das grandes economias asiáticas e a incapacidade dos países mais ricos — os Estados Unidos, o Japão e a Europa — para reduzirem o seu consumo!

Na Amazónia a desflorestração com a ganância de alargar plantações atingiu o mais alto indice de sempre, também ajudada pelas centenas de milhões de moeda despejada para salvar os bancos na crise bolsista a inflação começa a impôr actualizações diárias de preços dos alimentos nos supermercados da fleumática Grã-Bretanha (e em toda a Europa, claro); e Fidel Castro, do seu quarto de convalescente onde se dedica a escrever sobre a experiência adquirida, em Janeiro último volta à carga noutro artigo que tem corrido mundo: O índice de preços na relação entre rendimentos e consumo de alimentos é o mais alto alguma vez verificado nestes últimos 162 anos! (ou seja, desde 1865) “Também aumenta a procura mundial de soja, sobretudo por causa do aumento do consumo na Ásia. As dezenas de milhões de porcos existentes na China devoram uma incrível quantidade de soja durante o ano. Os preços futuros da soja foram 80% superiores para este ano (Dezembro de 2007) aos do ano passado. Ninguém pode estar certo, mas o lógico é que o crescimento contínuo da população mundial e o aumento dos rendimentos reais para mais de 2 biliões de pessoas nos últimos anos signifiquem uma procura cada vez maior de proteínas — mais carne de boi, mais porco, mais frango, mais peixe — e, por conseguinte, mais cereal para alimentar os animais.”
Corolário da questão dos biocombustíveis vs alimentação: com a coesão social em crescente degradação por terras do Tio Sam ninguém se admirará se dentro em breve os hispânicos da Califórnia, Novo México e os negros do Mississipi tiverem menos capacidade de alimentação que os simpáticos porcos que se criam nas explorações chinesas.
ler aqui:
(artigo completo de Fidel Castro para ler no Granma)
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