Um porco em pé, com manto de veludo
E coroa na cabeça, a andar, a andar!
Mas reparem...tem cornos! É cornudo!
Dois chavelhos de boi no seu lugar!
Um rei que é porco e tem chavelhos!
Coroa de rei, tromba de porco e chifres no ar
Beija-lhe a Corte as patas e o traseiro
E ele a grunhir! E ele a roncar!...
Pátria de Guerra Junqueiro (um panfleto de 1896, mas mais actual que nunca!) é o primeiro texto literário que expressa o ódio ao estrangeirado Dom Carlos, a Dona Amélia e à dinastia régia dos Braganças, que desprezavam completamente o povo português: “a piolheira”. Em 1885 Portugal já estava na cauda da Europa, enquanto o rei se dedicava às finas Artes e às ciências náuticas: 90% do povo português era analfabeto, em Espanha 65% , França 25% , Alemanha 10% , Escandinavia 5%. Do reconhecimento deste estado de espirito nasce o desejo de vingança pela cedência ao Ultimato inglês – a solução para a crise, segundo Eça de Queiroz, tinha duas vertentes: a República seria a saída preferida para a burguesia, ou a Revolução a partir de baixo conducente ao caos a partir do qual sairia uma nova ordem social (advogada pelos Anarquistas). Em face da ditadura de João Franco decretada pelo Rei (que suporta "um exército que importa em 6.000 contos, não valendo 60 réis) em 1906 Guerra Junqueiro volta à carga:
“A tirania do sr. D. Carlos procede de feras mais obesas: do porco. Sim, nós somos os escravos dum tirano de engorda e de vista baixa. Que o porco esmague o lodo, é natural. O que é inaudito é que o ventre dum porco esmague uma nação, e dez arrobas de sebo achatem quatro milhões de almas”. Uma quadra popular rematava o ambiente pré-insurrecional que sucedeu à morte do Rei às mãos de Alfredo Luís Pereira da Costa e Manuel dos Reis Buíça, dois patriotas que deram a vida pela causa da Liberdade. O verso, inspirado noutro poema de Junqueiro, “O Caçador Simão” reclamava vingar os mortos da repressão de 31 de Janeiro:
Jaz aqui nesta igreja
Grão senhor embalsamado
Foi um grande caçador
Mas um dia foi caçado!...
Mas as esperanças do povo que saiu à rua para implantar a República, em 5 de Outubro de 1910, foram frustradas - quando, instalados no poder, os republicanos converteram-se em opressores tão ou ainda mais ferozes que os monárquicos. No ano da graça de 2008 foi em São Vicente de Fora que o 24º Duque da Tanga de Bragança, de seu cognome D. Duarte Pio João Miguel Gabriel Rafael de Bragança, pretendente ilegitimo a um trono inexistente (a herança do pseudo reizinho como descendente dos Miguelistas foi banida pela Concessão de Évoramonte) conseguiu arrebanhar uma vara de ex-governantes, a maioria membros do governo de Santana Lopes – e foi desta saudosista área politica de trafulhas e labregos mascarados de democratas que ecoou o ronc ronc do Bobo sem corte: "Foi a República que atirou o nosso país para a cauda da Europa". Estamos avisados. O carnaval acabou ontem
(fontes: JL, artigo de António Martins Gomes e Indymédia.pt)
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