Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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domingo, outubro 25, 2009
Mentiras, Ilusões e… Verdades
Qualquer questão que seja verdade, se for passada a cinema, passa a ser verdade 24 vezes por segundo. Esta célebre frase de Jean-Luc Godard faz-nos ter presente uma outra grande tirada de Orson Welles, que cometia sistematicamente o falso lapso de dizer “isto é absolutamente verdade” quando se preparava para contar uma mentira… Mas, como já atrás foi dito, o activismo visível tanto de realizadores como de exibidores é falso: depende da vontade e do pisca pisca financeiro dos mecenas e patrocinadores, sem os quais a obra nunca enxergará as luzes da ribalta
Michael Moore em “Capitalismo, a Love Story” toca em todas as feridas da economia norte americana (e por osmose, nas sequelas em toda a economia global), desmontando com exemplos brilhantes e argumentos válidos a desigualdade social, o acesso à saúde, o banditismo de colarinho branco, enfim o crime organizado que tomou conta da mãe de todos os sistemas: o sistema de gestão e crédito bancário. O capitalismo, ainda para mais selvagem, não conduz à degradação das vidas de 99% do povo enquanto apenas 1% dos ricos prosperam?. Moore faz uma listagem exaustiva de personagens que em sua opinião são os grandes responsáveis pela debacle em curso e aponta-lhes a câmara de filmar em jeito de arma de comediante: “saiam de mãos no ar que vou prendê-los a todos”. Pelo grande ecran desfilam grandes nomes, factos e personagens: Larry Summers e Robert Rubin, czares económicos de Clinton (e Obama), Lloyd Blankfein da Goldman Sachs, Donald L. Kohn da Reserva Federal, Alan Greenspan, Henry Paulson, Ben Bernanke, Stephen Roach da Morgan Stanley, Martin Felstein da AIG, Timothy Geithner, e algumas figuras mais de arraia miúda não determinantes na acção. Estes personagens são todos condenadas em directo no filme. Porém nem por uma única vez o realizador menciona o facto de todos eles serem judeus.
E a pergunta nem posta menos respondida que fica é a seguinte: porquê tem esta etnia uma tal importância e responsabilidade no controlo da desgraça (a nova administração Obama gerida pelo chefe do staff Rham Emmanuel acentua a questão) quando a população de origem judaica nos EUA é apenas de 3 por cento dos habitantes do país!?
Esta anedota está mal contada. A figura bojuda de Michael Moore converteu-se nos últimos anos no símbolo da contestação por excelência para consumo fácil de audiências populares, que regra geral pensam e bem - “estes gajos são uns filhos da puta, mas o Michel Moore é que os topa”. Moore precisa de licenças extremamente rigorosas para filmar ficções na área urbana de NY, especialmente como é o caso em Wall Street. Nada lhe é negado nem condicionado, o acesso à liberdade de expressão no mainstream é evidente. Deixem lá o homem trabalhar, é um idiota, mas (ridicularizando-se) acaba por legitimar cá os nossos - é o nosso idiota - pensa para com os seus colarinhos o apositor de carimbos da comissão de fiscalização de espectáculos
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