... e a Loucura
Samuel Clemens era um daqueles homens do novo mundo, dos que se esforçavam por sete ofícios para ganhar o sustento e a compreensão da sociedade em que se integravam. Num desses ofícios precários arranjados nas barcaças de transporte do rio Mississipi usava-se um dito para evitar que os homens ficassem encalhados na labuta; Diziam: põe sempre os olhos “duas braças abaixo” para veres a profundidade do rio - traduzindo a frase “mark twain” – e foi esse o pseudónimo usado para assinar algumas das obras mais fundamentais do cânone ocidental, entre elas “O Pregador da Guerra” (Mark Twain, "The War Prayer", 1905):
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Foi lido um capítulo de guerra do Velho Testamento; “Deus todo-poderoso! Vós que tudo dominais! O Trovão é o vosso clarim e o relâmpago a vossa espada!”. Com os olhos fechados o Pregador, em tal transe que já nem se apercebia da sua presença, continuou com a sua comovente prece, e no final rematou com estas palavras num apelo fervoroso: “Abençoai as nossas armas, dai-nos a vitória, ó Senhor nosso Deus, Pai e Protector da nossa Terra e da nossa Bandeira! Sobre o acolhedor espírito de Deus caiu também a parte não proferida da prece. Ele me incumbiu de a pôr em palavras. Ouçam!: Ó Senhor nosso Pai, nossos jovens patriotas, ídolos dos nossos corações, avancem para a batalha – estejais Vós perto deles! Com eles – em espírito – também nós avançamos da doce paz de nossos amados lares para atacar o inimigo.
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Por nós, que Vos adoramos, Senhor, arrasai as suas esperanças, deteriorai suas vidas, prolongai a sua amarga peregrinação, fazei pesados os seus passos, molhai o seu caminho com suas lágrimas, manchai a neve alva com o sangue dos seus pés feridos! Isto nós pedimos, no espírito do amor, d’Ele que é a Fonte do Amor, e que é o sempre fiel refúgio e amigo de todos os que estão aflitos e sofrendo buscam a Sua ajuda, de corações humildes e contrictos. Amén. (e após uma pausa) “Vocês assim rogaram. Se ainda desejam isto, falem! O mensageiro do Mais Alto aguarda!
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(1) o poster é de João Abel Manta sobre a Guerra Colonial. Existem em muitos milhares de portugueses recordações bem vivas sobre o papel dos Padres que eram enviados junto com os batalhões que iam combater "terroristas"
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