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quarta-feira, novembro 25, 2009

Capitalistas, Trabalhadores e o Fardo da Dívida

“Se estes modelos estilizados ensinam lições acerca da economia real é uma delicada matéria de julgamento. Se é que eles ensinam alguma lição, será a de que a exposição prolongada ao défice público não é amiga dos trabalhadores
Thomas R. Michl, in “Capitalistas, Trabalhadores e o Fardo da Dívida” sobre o Teorema de Cambridge


Ontem Constâncio avisou que “os próximos anos terão salários estagnados e impostos mais altos” Do fisco responderam que “regra geral não temos impostos onde ainda haja margem para mexer”, os portugueses já fazem o maior esforço fiscal da zona euro, 65 por cento acima da média (segundo estudo espanhol), mas estão-se a esquecer de voltar ao IVA de 21% e aos impostos ecológicos no horizonte. Hoje, decerto avisado para as consequências de criar ainda mais alarme social (o ministro disse que não subia), Constâncio retrocedeu – que “não era bem aquilo que tinha querido dizer”.
A braços com uma economia em queda e uma diminuição assustadora da receita fiscal, perante a ruptura eminente da capacidade do Estado para fazer face às despesas públicas correntes, Sócrates sobre o orçamento do ano passado, que previa um défice de 5,9%, pediu em Janeiro de 2009 uma primeira “rectificação” para se poder endividar até aos 10.107,9 milhões de euros, ou seja, cerca de 6,2% de défice.
A nova proposta “rectificativa”
agora aprovada pela AR prevê um alargamento da dívida para 15.012,5 milhões de euros em 2009, ou seja, o equivalente a 9,2% do PIB.

óh pernas para que te quero

Compreende-se porque o Governo de Sócrates diz não querer aumentar impostos - se por acaso os portugueses conseguissem de facto ter o azar de correr com ele, (mantendo o regime), o Governo que vier a seguir, invocando o descalabro financeiro, terá toda a legitimidade para o fazer. Entretanto, segundo as contas do Banco de Portugal, o défice previsto para 2017 atingirá os 106% do PIB, sem contar com os juros progressivos, sempre a somar – só há um caminho honesto a seguir, a Revolução e a subsquente averiguação sobre quem enriqueceu ilegitimamente com o serviço prestado à dívida externa e a criminalização dos corruptos responsáveis e respectivos agentes corruptores condenando-os a todos (individualmente, na boa tradição liberal) ao pagamento dos valores reclamados.

* Constâncio sobre o negócio internacional das dívidas públicas:

"Eu e o Banco não nos pronunciamos sobre as formas de combater o défice orçamental"


* no forum da Antena1 o economista de serviço, Camilo Lourenço, tem uma opinião mais radical, mas pouco original - propõe um pacto de regime entre os dois maiores partidos - prevendo-se que a situação nos próximos dois anos se agravará e que por essa ocasião se verificarão graves desentendimentos entre os Bancos Centrais e os Governos. É por essa altura que a UE vai correr connosco da União?

* acredite se quiser: Portugal tem mais reservas de ouro que a Grã-Bretanha
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