O novo
navio de assalto anfíbio “New York”, construido com o aço do Centro de Comércio Mundial (World Trade Center, WTC) fez ontem a sua entrada triunfal na cidade saudado por 21 salvas de canhão perto do sitio onde aconteceram “
os ataques terroristas” em 2001
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Folclore mórbido: as familias das vitimas juntaram-se nas margens para ver a tripulação perfilada ao longo do convés prestando honras militares aos mortos. Finalmente
o enorme navio de aço compacto pintado na côr cinzenta, depois dos disparos, imobilizou-se. O custo desta fortaleza construida nos estaleiros da Louisiana é
estimado em 1 bilião de dólares, e contém 7 toneladas e meia de aço recuperado das torres que cairam. “É
uma grande transformação... é algo ao mesmo tempo emocionante e assustador” diz Rosaleen Tallon, que perdeu o irmão Sean, bombeiro durante o rescaldo do 11.9, concluindo: “Estou
muito orgulhosa que os militares estejam a usar aquele aço”
Saramago, durante o lançamento de Caim em Lisboa, levantou uma ponta do véu sobre o novo livro que já está a escrever: “
Porque é que nunca houve uma greve de operários numa fábrica de material de guerra?"
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e conta, a titulo exemplificativo, a história de uma bomba que não rebentou durante a guerra civil espanhola. Ao desmontá-la os peritos descobriram um singelo bilhetinho dentro, onde se lia em bom português, decerto escrito por algum operário de indole progressista: “
Esta não rebentará!”. Como se sabe Salazar fornecia material de guerra, bombas e explosivos fabricados em Braço de Prata, ao
regime fascista de Franco. Não rebentou aquela, mas rebentaram muitas outras... Afinal quando se produz material para alimentar a indústria belicista
é de postos de trabalho e de empregos para operários que se trata.
Face à extraordinária máquina instalada à sombra do complexo politico industrial militar, é, como pretendem
os filósofos do autonomismo, actualmente possivel
mudar o mundo sem tomar o Poder?Uma poderosa canção, a fazer lembrar outras épocas, (a Joan Baez, activista anti-guerra do Vietname) -
"Is it for Freedom?",
Sarah Thomsen: “quem paga os custos das regalias que procuramos? (…) à medida que morrem inocentes, sentimos-nos
carregados de vergonha por todas a vitimas que são sacrificadas em nome do nosso conforto…”
E dizem que isto é em nome da Liberdade?
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