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quarta-feira, novembro 18, 2009

Soberania Alimentar

“A fome é um calafrio permanente que nunca deixa de nos percorrer os ossos” (Bernard Shaw)

Os Piratas adoram Peixe” é uma reportagem sobre o efeito que a chamada pirataria da Somália exerce sobre os recursos pesqueiros nas suas águas territoriais, que nomeadamente neste caso particular chega ao vizinho Kenya. É uma visão interessante, fora da ideia de conflito sobre ilegalidade, que, como no caso do rapto do pesqueiro espanhol Alakrana, nunca se poderá ver nas nossas televisões. No caso da Somália a informação que nos é oferecida nunca refere nada como sendo sobre o sequestro de barcos atuneiros que violam águas nacionais. (Gadhafi explicou em tempo isso mesmo na ONU)

Num momento em que se realiza em Roma o Forum dos Povos pela Soberania Alimentar, os representantes da pesca artesanal que aqui conseguiram aqui chegar, como Herman Kumara, resume que o desenvolvimento das nossas pescas só será possível se se respeitarem os nossos Direitos, com maiúscula, para somar aos “direitos humanos, os direitos económicos, sociais, culturais e ambientais”. Por isso se reclama dos governos aqui reunidos que se proíba a pesca industrial e de arrasto nas costas de onde se alimentam as populações locais. Que se regule e trave a expansão da aquicultura, o turismo e as indústrias de alta tecnologia que monopolizam territórios que dão acesso ao mar. Ou seja, que se tomem as medidas necessárias para proibir a pesca ilegal. È disso que se trata, e é por isso que se chama ilegal. Mais que em qualquer outro lugar, em África é preciso aprender a defender os seus espaços do saque das multinacionais que depois revendem os produtos da região luxuosamente embalados nas cadeias de comércio internacionais. É preciso evitar a inveja dos governantes locais pelo mundo tecnológico de saque intensivo e que façam alianças com as corporações que empobrecem os povos

legendado em castelhano


Sobre a questão das fronteiras, há aquela velha piada que, não estando os governantes satisfeitos com a incultura e pouca democraticidade demonstrada pelos povos que governam, decidem de forma radical mudar de povo. É isso mesmo que actualmente está a acontecer com as oligarquias nacionais e com os negócios feitos em seu proveito quase único com as grandes corporações transnacionais. Apesar do saque de recursos que essas companhias levam a cabo um pouco por toda a parte, que razão haverá para que existam 49 milhões de norte americanos que este ano podem enfrentar situações de fome? (e as crianças meus senhores?) – isto apenas demonstra a natureza fraudulenta de um sistema económico que exclui dezenas de milhões que vivem na pobreza. O nível real de pobreza nos EUA é o dobro daquele que foi tornado público, 13,8%, em 2008. De acordo com o “US Census Bureau” o nivel de pobreza aumentou de 37,3 em 2007 milhões para 39,8% em 2008. Contudo os números verdadeiros situam-se entre 70 e 80 milhões, ou seja, pelo menos uma quarta parte da população. Assim sendo, gera-se uma perplexidade: para onde irá produto do saque? – se atendermos, como exemplo aqui ao pé, que 30% dos produtos de luxo em Portugal são vendidos à rica e corrupta oligarquia angolana, não será nada difícil imaginar porque é que na generalidade, vitimas do mesmo sistema, a fome alastra às populações em toda a parte do mundo

adenda:
em Espanha, que possui a segunda frota pesqueira mundial, governo e oposição trocam insultos devido ao sequestro do atuneiro Alakrana
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