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quinta-feira, novembro 12, 2009

chamam-lhe El Solitário

Jaime Giménez Arbe, baptizado pela Policía como El Solitário, a alcunha que lhe foi posta por algum “criativo” do Ministério do Interior do governo de Espanha, não é somente um expropriador de bancos. Provido de alta consciência politica e de uma bagagem cultural e existencial pouco comum, ele escreveu à mão uma auto-biografia onde relata os motivos que o impulsionaram a converter-se num “accionista expropriador” (realizando acções concretas), em luta permanente contra o capitalismo. Narra também as suas relações com o movimento anarquista europeu e com o nacionalismo corso. Desmonta igualmente a farsa judicial que o condenou a 40 anos de reclusão pela morte de dois guardas civis. Fá-lo a partir da cadeia portuguesa do Monsanto, dependente da sua próxima extradição para alguma prisão de alta segurança inserida no coração do seu principal inimigo: o Estado espanhol.

No lançamento do livro “Me llaman El Solitario - Autobiografía de un expropiador de bancos Jaime Giménez Arbe, após os 27 meses que decorreram desde a sua captura pela policia judiciária de Portugal, dirige uma carta a todos os jornalistas, agências de notícias e meios de comunicação social:
“(…) dedicaram-me horas incontáveis de rádio e televisão, realizaram telefilmes, escreveram livros, milhares de notícias e artigos de opinião. Porém tudo o que foi filmado, escrito e pronunciado baseou-se nas únicas fontes a que os guardiães do Estado permitiram a todos vocês acederem: as deles. Vocês só puderam formar uma opinião nas crónicas e colunas dos relatórios policiais e autos judiciais pela poderosa razão de que até agora eu nunca lhes contei nada sobre mim.
Por isso me dirijo agora a todos vós. Para lhes participar que acaba de ser editada e publicada esta minha autobiografia pela editora basca Txalaparta. Desde modo quem quiser pode comparar cada uma das minhas afirmações exercendo a sua profissão de jornalista, isto é, investigando. Oxalá sejam muitos a fazê-lo. Assim se irá aclarar a impossibilidade de defesa a que me submeteu a justiça espanhola, negando-se a indagar as minhas declarações, o que, se de facto tivesse sido feito no seu devido momento, teria demonstrado a minha absoluta inocência no metralhamento de dois guardas civis na localidade navarra de Castejón em 9 de Junho de 2004, factos a que sou estranho e pelos quais me condenaram a 40 anos de prisão. Eu sou um libertário que expropria bancos, não sou um assassino. Espero sinceramente que disfrutem a leitura do meu livro e, sobretudo, desejo que, quando o terminarem, me vejam como uma pessoa que vive, sofre, ri, ama e luta, muito mais para além dos tendenciosos estereótipos mediáticos”
Saúde e Liberdade. (assinado, Jaime Giménez Arbe).

Mais, acrescentaríamos nós, contabilizado o volume de capitais envolvidos que as altas personalidades que têm vindo a ser acusadas do desvio de somas exorbitantes em bancos, comparando-as com as suas luxuosas condições de detenção (provisória),, se não contrastam terrivelmente com a obscena sentença ditada ao “El Solitário”? não são acções similares às que promoveu Palma Inácio e a LUAR a favor do Partido Socialista? Como se poderá observar do ponto de vista de algum hipotético Partido Anti-Capitalista (nas actuais condições de ditadura económica, obrigado à clandestinidade), há muita, mas muita gente enlameada nos processos de corrupção e extorsão correntes que para aniquilar inocentes não precisa de disparar armas. Dispõem a seu bel-prazer das policias, para lhes legitimar as acções de assaltos a bancos
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