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quarta-feira, março 17, 2010

perante a globalização da enxurrada de papel financeiro impresso

nem os pataratas reformistas “de esquerda” escapam à diabolização

Desde os adeptos do conservadorismo até ao mais ferrenho liberal e outros hibridos, todos já perceberam que foi a especulação financeira que esteve e está na origem da presente crise. E quando a percepção destas coisas cai em cima do homem de rua, como diria Voltaire, está tudo perdido. Ainda bem. Mais que uma situação transitória da qual se possa recuperar mais ou menos rápido (pela miragem da retoma), a crise ainda agora está a começar - trata-se de uma crise do capitalismo em si mesmo, um sistema de criação de valor que tem obrigatoriamente de crescer exponencialmente sob pena de implodir (cujos sinais aliás se vêem diariamente), dado a impossibilidade de produzir cada vez mais sem que haja poder de compra nem clientes para adquirir as mercadorias e serviços oriundos das referidas condições de sobreprodução. Portanto a lógica do capitalismo de catástrofe social é simples – como clama o cartaz dos manifestantes em Wall Street na foto – se não existem compradores com capacidade de consumo, cria-se dinheiro nas rotativas dos bancos emissores e empresta-se-lhes, acrescentando-lhe ainda juros. Os efeitos são conhecidos, cresce despreocupadamente o número dos muitos ricos que sacam à cabeça os lucros do que havia de ser o património social, escasseia cada vez mais a sustentabilidade dos pobres atingindo a precaridade cada vez mais as classes médias. A selvajaria civilizacional que está lançada pelo neoliberalismo não tem “regulamentação” possivel.

Ainda assim a União Europeia produziu um gag para a populaça acreditar que há a possibilidade dos “governos controlarem de maneira mais eficaz as actividades especulativas dos fundos de alto risco (...) que prevê, por exemplo, limites significativos ao endividamento contraido face a esses fundos. Obviamente, a Inglaterra mãe da maior praça financeira mundial (junto com Wall Street, que nada tem a ver com a subserviência do mercado financeiro liderado pelo Banco emissor europeu) opuseram-se de imediato ao controlo desses hedge-funds. (ler no jornal ”I”)

Transplantando a situação para dentro das fronteiras dos Estados nacionais, como lembrou ontem no parlamento o deputado Francisco Louçã: “este Orçamento de Estado para 2010 perdoa empresas que fugiram ao Fisco através de Off-shores". Reconheceu-se textualmente ali que “os bancos só estarão na disposição de acabar com os off-shores se houver uma aministia. Ora se exigem amnistias é porque cometeram crimes!”
(vale muito a pena ver o video)
Se houve crimes quem são os culpados? Isso é uma coisa que a maioria dos frequentadores instituicionais do aerópago não estão de modo nenhum interessados em averiguar. (olhó meu, que nos matam a galinha dos ovos de ouro ficticio).

Como disse na TSF um comentador um destes dias, as cadeias do país estão cheias de pobres enquanto os ricos têm sido todos absolvidos por prescrição. Por que é que estes tipos não estão ainda todos presos ou enfiados num caixão como o ladrão da Enron que obrigou o regime bushista a despoletar o 11 de Setembro?
No velho Oeste americano soava dizer-se “enforcá-los seria demasiado bom para eles” – é assim que nos sentimos acerca dos executivos de Wall Street e os seus colaboradores da Reserva Federal, que foram quem os ajudaram a empochar 100 biliões de dólares em proveito pessoal enquanto em simultâneo saqueavam o Tesouro norte americano em triliões e fizeram derrocar a economia, primeiro nos EUA, logo depois globalmente. Ainda assim, FED e Wall Street continuam casados e em sempiterna lua de mel . Ninguém saberá melhor destas circunstâncias que Elliot Spitzer, o ex-governador da FED de New York que tentou tornar público o “problema” para que fosse possivel tentar resolvê-lo a tempo. Ingenuamente, diga-se, porque de imediato lhe fabricaram um escândalo de envolvimento com prostitutas, obrigando-o a renunciar ao cargo em 2007 – nesta entrevista deveras esclarecedora, podemos ouvir dizer: “Não falhou "supervisão" nenhuma - a FED não quer é que se saiba a dimensão da fraude!

"suponha que pretendo começar o negócio capitalizando um valor inicial sobre... por exemplo... um bem imobiliário como o meu caixote do lixo que avalio em 15 milhões de dólares...


1 comentário:

Diogo disse...

Ainda não percebeste que a «crise financeira» é uma fraude deliberada, tal como a 1929. Eles põem ou retiram dinheiro de circulação à sua vontade.