“A vitória das ideias é a vitória dos portadores materiais das ideias”
(Bertholt Brecht)
(1) Não há mal que sempre dure, nem mal que se acabe. Saidos de uma nebulosa, exterior e muito ao gosto do nóvel "o povo unido não tem partido" (patrões e assalariados juntinhos com os mesmos interesses num neo-corporativismo), perfilam-se os candidatos que venham tomar conta do próximo ciclo. Com a lenga-lenga dos partidos institucionais completamente desacreditada, venham então os discursos "apartidários" mais ou menos inflamados. Trata-se, como se pressente, da conhecidissima "canção do bandido" para aglutinar, concentrar e fundir os diversos grupos de interesses numa amálgama única ao centro (Centrão) capaz de nadar no pântano e afogar a franja à esquerda. "Quando a direita não conseguir chegar ao poder, vai induzir a sociedade a não gostar de politica"; (o embuste está em que a direita nunca sai do poder) e seguindo o mote do ex-presidente social democrata do Brasil, o nosso bom mas pouco recomendável Sócrates (2) sentiu-se "em grande forma para voltar a politicar". Para de imediato ser impiedosamente demolido pelo comentador pau-de-dois-bicos do regime.
"Temos a consciência que estamos a assistir a um ciclo de uma espécie de ultraliberalismo iniciado com os mandatos de Thatcher e Reagan (...) os Partidos são absolutamente decisivos e centrais na nossa vida politica, mas em Portugal, e no resto do mundo, transformaram-se em máquinas para ganhar eleições e, muitas vezes, perderam uma certa ligação à sociedade (a quem?), que acho decisivo que os partidos reconquistem hoje em dia (...) é preciso abrir os partidos a gente de fora; assim, as decisões deixariam de ser tomadas num círculo fechado de interesses". É preciso mudar para que tudo permaneça na mesma", como disse um qualquer pivot de telejornal, a frase é de Burt Lancaster, e o equivoco é aflitivo, tanto mais que topa-se à légua que professor Sampaio da Nóvoa é levado ao colo pela velha ala de Mário Soares.
Por outro lado, vem ganhando força a ideia que o professor Marcelo será candidato à presidência da república; assim mesmo, como letra pequenina que é o tamanho que a coisa actualmente tem. Dizem que o professor tem potencialidades - diz o próprio dele próprio que "será dificil encontrar um candidato de direita"; a meio do jogo os espectadores mostram-se cépticos: será mais do mesmo? que dúvida mais cretina!. O método nunca falha, pelo menos não tem falhado (para os donos do país) nos últimos 40 anos. Esclarecendo o embróglio: quem não aparece na televisão não existe - e este é mais um boneco que vêm pondo em frente às fuças do zé pacóvio. Mas que potencialidades tem Rebelo de Sousa? não dá para ver que isto não é um problema de bonecos ventriloquos de discurso bem-falante , mas sim de estruturas de dominação ocultas que mediatizam actores de 2º plano (vidé Ronald Reagan) para representar papéis secundários... enquanto a verdadeira peça só é vista e usufruida por um grupo restricto do clube das elites?
Na época desta fotografia (com os êxitos do bordel capitalista a multiplicar-se de acordo com a mega-confecção de dinheiro e a respectiva hiperinflacção que lhe está associada), um dono de Show posa cercado de uma familia horripilante de bonecos. Jules Vernon ficou cego de um olho na meia idade, mas só se reformou compulsivamente quando um carro (metaforicamente guiado por Hitler) o atropelou mortalmente em 1937. (daqui chegam sempre mais)
(1) ora aqui está a retoma económica...
(2) "(Eu?) nomeei para a Caixa um tipo do PSD, o Mexia para a EDP... E fala-me em amigos pouco recomendáveis?"
(3) "o mundo caminha para regimes ditatoriais apoiados nas tecnologias"
2 comentários:
Concordo no essencial com o que aqui se refere, os bonecos já se estão a posicionar na grelha de partida. Há sondagens de empresas que se dizem de eventos, a perguntar o que se pensa da crise e de repente o que se pensa do Durão Barroso, ou seja eles também ainda não têm a certeza do boneco "certo", dum lado guterres e Costa (o obama Português), do outro Rui Rio e Marcelo ou em último caso Durão só para fazer d conta, tal como o Seabra se prestou a fazer na CML.
Nota: a frase citada "é preciso tudo mudar para tudo ficar igual" é da autoria de Giuseppe de Lampedusa, usada no seu livro o Leopardo. É o sobrinho do Principe de Salinas que no filme com o mesmo nome é representado pelo Burt Lancaster, que diz ao tio (BL) que se vai alistar no exército de Garibaldi.
carissimo,
não sei se reparou, a frase que citei de G. Tomasi de Lampedusa foi alvo de chacota geral à tempos quando pela boca de uma locutora foi atribuida ao Burt Lancaster... em seguida falo em equivoco. Peço desculpa se não deu para entender que era ironia
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