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quinta-feira, outubro 09, 2014

Inflação, Crédito, Desenvolvimento

"Em 2013 apenas cerca de 7% das transações foram realizadas com empresas ou agentes da Economia real, enquanto 93% se fizeram entre instituições financeiras" (Manuel Maria Carrilho)

Algumas noções básicas de Economia Politica que deixaram de ser ensinadas nos centros de formação de funcionários para servir a burguesia, aka, as Escolas.

O que representa uma nota de banco?, antigamente impressa pelo Banco de Portugal e onde estava escrito “o Tesouro Nacional pagará em ouro ao portador a quantia de X”?. O principio da decadência económica do Ocidente começa com o fim da convertibilidade da moeda em ouro. O que o dinheiro impresso em papel-moeda doravante exprime é simplesmente um “direito de haver” de mercadorias, bens e serviços de livre escolha do portador. 1. Mas a que preço? Aqui colocam-se duas outras questões: 2. E se os bens ou serviços de escolha do portador da nota/promissória de pagamento não existirem à venda porque a produção já foi toda absorvida pelas compras feitas pelos outros?, como é que se efectiva o direito de haver? e 3. Quando o Estado emite e distribui esse direito de haver fá-lo em quantidade compatível e proporcional com o volume dos bens e serviços que hão-se ser havidos?
Nestas três perguntas está contida toda a explicação do que é a inflação. Numa situação em que foram criados direitos de haver em quantidade maior que as mercadorias, bens e serviços que podem ser “havidos” a preços vigentes, os preços sobem porque o direito de compra que lhes foi prometido é disputado entre os vários portadores de notas que licitam bens que não existem. É aquilo a que os "economistas do conto-do-vigário chamam de mercado a funcionar”.
Indispensável para se compreender a inflação, a maior emissão de “direitos de haver” em relação aos bens produzidos, é a de que a produção de um país não é ilimitada, só podendo aliás crescer de forma lenta (3 a 7 por cento) de um ano para o outro. Na medida em que a produção é escassa, os direitos de haver tornaram-se abundantes, incentivados pela exportação de capitais, o principio do imperialismo que subjuga os povos conforme teorizou Lenine. Um dos pontos-chave na criação do Banco Central de emissão do Euro é a contenção da inflação a um valor máximo de 2 por cento. O segundo ponto dos estatutos do BCE é a imposição de um limite de endividamento de 60 por cento em relação a tudo o que é produzido em cada país. Se a emissão de dinheiro para uns é ilimitada, (imagine-se a liberdade dos emissores da moeda global que é o dólar) o consumo de bens e usufruto de serviços para outros é limitado. Simplesmente porque o consumo depende dos factores de produção existentes. E com que é que se produz? primeiro que tudo com Trabalho (mão-de-obra simples ou qualificada), com matérias-primas, com energia (eléctrica, carvão, renováveis), com conhecimento (know-how), com infraestruturas de transporte (ferrovias, estradas, via aérea) e com máquinas e ferramentas (capital fixo acumulado medido pela unidade de valor base que é o Trabalho). Estes factores de produção existem em quantidade limitada, são escassos, mas podem ser obtidos pagando mais, isto é, arrancando-os a outro produtor ao qual estavam a servir, o que equivale a dizer que a produção do primeiro se vai fazer à custa da redução da produção do segundo. Considerando a economia de um país no seu conjunto, percebe-se que essa disputa dos factores de produção entre patrões (ou entre Estados ou regiões) faz subir os preços das coisas, mas não aumenta o volume total da produção de modo a que todos os possam pagar... (continua)

1 comentário:

Anónimo disse...

Boas!

O papel-moeda exprime apenas a nova forma de escravatura...

Abraço
voz