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sexta-feira, março 21, 2008

assim na terra como no céu

"Nenhum tempo litúrgico é tão marcado pelo silêncio como este que antecede e prenuncia os trágicos passos do calvário, a via sacra e a morte (...) etc.etc. Ele sabia que tinha chegado o fim e o principio (...)"
Maria José Nogueira Pinto, ex-militante de um minúsculo grupo partidário que aparece sempre em todo o lado sem que ninguém perceba lá muito bem porquê (DN.20/3) - é uma extraordinária estória esta, a crucificação, a subida aos céus e a ressurreição.

Quando muitos de nós pensam racionalmente no potencial do céu, o espaço exterior em termos de utilização pelas gerações futuras, pensamos no mundo das telecomunicações mundiais, navegação de satélites e exploração cientifica. O Comando Espacial Norte Americano, contudo, pensa em Armas - pensando que os conflitos no espaço e as guerras combatidas a partir do espaço são inevitáveis, o presidente-facínora apelou às agências especializadas para desenvolver armamento no espaço exterior, provocando uma corrida às armas que deverá custar aos Estados Unidos (e às subservientes vítimas do costume) triliões de dólares e pode vir a determinar o desaparecimento do bicho homem da face da terra. (o Ómega, no esotérico pensamento da Zézinha)
(para aprofundar o tema: ver resumo de artigos sobre armas nucleares)
Os pés na igreja - 3

“Nas conversas adultas que tivera com o pai, longe da moleza verbal do seu irmão Albert, ficara-lhe a noção clara de que matar os vestígios do Espírito Santo que existem no corpo de cada um era o início de uma outra existência que coincidia com o abandono de terrenos neutrais.
Nos pântanos os motores não funcionam, esta expressão que o pai Frederich Buchmann lhe dissera no mesmo dia em que fizera a primeira comunhão, estava ele ainda vestido de uma maneira em que se sentia completamente idiota, apenas para satisfazer as ideias cristãs da mãe, essa expressão ouvida apenas a alguns metros da porta da igreja, marcara-o, e ao longo do seu crescimento, ano após ano, olhava de novo para essa frase, entendendo-a de modo mais claro.
E ainda cedo, aos treze anos, disse à mãe, com aquele tom de quem não admite uma segunda frase a seguir à sua: nunca mais ponho os pés numa igreja” (*)

encenada sobre o "Naufrágio da Medusa" de Géricault

As relações possíveis entre o corpo do homem e o Espírito Santo – 4

“Claro que afundar ou eliminar o Espírito Santo que alguém, sem autorização, colocara no seu organismo, não era tão fácil quanto a decisão de nunca mais entrar numa igreja. É que no fundo se tratava de um mecanismo concreto debaixo de um nome sugestivo: o Espírito Santo fora transformado pelos filósofos da Igreja numa espécie de proteína da fraternidade, proteína não humana, pelo contrário, feita de uma outra substância, de uma outra qualidade, efeito de um raciocínio perfeitamente humilhante para os humanos, mas que estas, pensava Lenz, estupidamente agradeciam com sorrisos vagos.
O que em ti é mais digno não te pertence, tinha dito a Igreja, com a invenção desse Espírito não humano que Frederich Buchmann dizia ocupar um espaço onde antes nada faltava. O Espírito Santo era um excesso, uma substância especializada numa função que não era indispensável à existência. Era igual, numa máquina que cumpre perfeitamente os objectivos e satisfaz as necessidades da sua força e do seu movimento, a colocar um segundo motor em funcionamento autónomo, mas sem ligação com qualquer ligação com a restante estrutura do mecanismo. Ou seja: nem sequer é uma peça que pode substituir outra que falhe, é uma outra peça.
Pense-se em dois homens de dois países que apenas falam a sua língua natal, incompreensível para o outro, e que fechados na mesma sala têm a tarefa de construir um discurso. Dessa sala sairão dois discursos autónomos, independentes, eventualmente até com preposições inimigas, declarações de guerra explicitas, ou então um desses homens terá de sair da sal, assumindo o abandono do território comum. Eis, para Lenz, as relações possíveis entre o corpo do homem e isso a que chamavam Espírito Santo”

(*) Gonçalo M. Tavares, in “Aprender a rezar na era da técnica

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