Pesquisar neste blogue

sábado, março 15, 2008

A Era do Vazio (II)

A “entrevista ao quotidiano” do primeiro ministro foi um pseudo acontecimento. Com mensagens subliminares eficazes, “buxas” metidas à laia de publicidade pelo meio, como nas novelas da TVI com os champôs: o livrito de Timothy Gaston Ash de título inglês “Free World - os Estados Unidos a Europa e o Futuro do Ocidente” despreocupadamente deixado em cima da secretária, meticulosamente focado em grande plano pela câmara. E como existe na função comunicacional uma metodologia e um dirigismo bafiento que tresanda a neocons, sua excelência o presidente da república também faz “a mesma rábula do quotidiano – os dias do presidente” no sitio internet de Belém – presidente e 1º ministro são uma fotocópia um do outro na subserviência às cenas de tap-dance bushistas em Washington.

Estes objectos mediáticos, são fait-divers, distraem as pessoas com alcoviteirices e encaminha-as psicologicamente para um ethos onde se emocionam com o acessório: a parker, o café, as 11 horas do relógio, o jogging,“o zangado”, saudades da Carla Bruni, a secretária tímida que nem é boazona, enfim, uns tipos como nós, embora um bocadinho sacanas. Acedermos ao universo de gente tão importante, é um prémio de satisfação directa na época da felicidade de massas. Claro que, pelo ridículo do falso nevoeiro, toda a gente percebe que se trata de um embuste. Uma encenação. Topados, como seria de esperar a malta diverte-se que nem uns perdidos a desbroncar pormenores. O Poder abusou da generalização do código humoristico na performance dos actores – nas sociedades sempre existiu historicamente a gargalhada espontânea, o grotesco do riso dos bobos na Idade Média, a paródia dos cultos aos dogmas religiosos, a grosseria contra as putas. Mas a partir da Idade Clássica o cómico tornou-se civilizado, os excessos e as exuberâncias são desvalorizados, a basófia é um comportamento vil e desprezado, precisamente para persuadir os tolos com a superficialidade da mensagem virtual, escondendo a obscenidade das práticas concretas sobre as vítimas.
ps:
mas aqueles cromos, alternativos, que em boa verdade adoramos são os de mensagens lineares e tácticas explícitas: "agora vamos ali treinar os rapazes que vão jogar no Torneio Coca-Cola (sic) e os jogadores que se recusem a assumir as directivas do treinador são colocados em lista de transferências" uau!
.

Sem comentários: