Os campos de refugiados árabes Palestinianos


Em apenas alguns meses, várias dezenas de massacres e de execuções sumárias foram recenseadas; 531 aldeias (num total de mil) destruídas ou reconvertidas para acolher imigrantes judeus; onze centros urbanos etnicamente mistos foram esvaziados dos seus habitantes árabes. Os palestinianos de Ramleh e de Lydda, cerca de 70 mil pessoas, incluindo crianças e velhos, foram expulsos em apenas algumas horas em Julho de 1948 segundo instruções de David Ben Gurion. Estes factos são referidos nas memórias (posteriormente censuradas) do ex-ministro Yitzhak Rabin à época oficial superior encarregado com Ygal Allon da operação de limpeza étnica.

A “transferência” (um eufemismo usado oficialmente para designar a expulsão) dos árabes autóctones (que na época eram duas vezes mais numerosos que os judeus, a maioria imigrante recente por via do Plano alemão Havaara) para fora das suas fronteiras obsecava os espiritos dos dirigentes sionistas. O Fundo Nacional Judaico apoderou-se de 300.000 hectares de terras propriedade de árabes no essencial entregues aos kibutzes. A 11 de Dezembro de 1948 a Assembleia Geral da ONU votou a resolução sobre o “direito ao regresso”, ao mesmo tempo que o Governo Israelita publica a Lei de Emergência relativa à “propriedade dos ausentes” que legaliza a anterior disposição de Junho sobre o “cultivo de terras abandonadas”. Depois da depuração étnica e as atrocidades cometidas, a espoliação dos bens, tudo isto sob o enorme silêncio da comunidade internacional.

São estes os factos ocorridos, “a vitória”, de que Israel celebra agora os seus 60 anos; vamos então deitar uma vista de olhos sobre o tipo de país que Israel realmente é – este é um filme a preto e branco, feito antes do Partido da Guerra Israelita ter tido sucesso em subverter o aparelho partidário dos Estados Unidos e os meios de comunicação, desde a imprensa aos audiovisuais. Quando se ouve a frase “campos de refugiados palestinianos” é este o significado, ano após ano, depois de centenas de milhares de Palestinianos, alvos de intimidação e violência, terem sido ilegalmente expulsos das suas terras para dar lugar ao nascimento da “nova nação” de Israel
“Sands of Sorrow” (1950) – Um povo convertido pela força e pelo terror em vagabundos sem-abrigo
28min,33seg
Foi a isto que chamaram o "conflito israelo-árabe". Apenas com a roupa que traziam no corpo e os parcos haveres que conseguiram carregar, os refugiados pensaram que se trataria de uma situação provisória, porém, pouco a pouco, ela converteu-se em permanente. Os palestinianos foram deixados ao abandono sem comida, água, sem cuidados médicos, condenados à morte. Ainda assim continuando posteriormente a ser alvo de perseguições e massacres, como o de Sabra e Chatila durante a invasão do Líbano em 1982 comandada por Ariel Sharon, desencadeada com pretextos que depois se revelaram falsos.

A guerra de 1948 não foi, como aqui ficou demonstrado, e ao contrário do que se disse, um combate de “David contra Golias” – Segundo correspondência enviada em Fevereiro de 1948 a Moshe Sharrett, três meses antes da guerra israelo-árabe (e da data da independência), Ben Gurion admitia que “nós estamos em condições de ocupar toda a Palestina, não tenho sobre isso qualquer dúvida" (algumas semanas antes tinham recebido entregas macissas de armamento feito chegar, via Praga, pela União Soviética). O que não o impediu de proclamar constantemente que Israel estava ameaçado por “um segundo holocausto” (!!!)
Fontes
“O Pecado Original de Israel” Dominique Vidal (ligação)
“The Birth of Israel, Myths and Realities” (ligação)
“Israel Confrontado com o seu Passado” Eric Rouleau (ligação)
“Le Monde Diplomatique” edição de Maio 2008 (ligação)
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