o DN entrevistou Luis Campos e Cunha (sem link, para que ninguém desconfie que) o ex-governante é um “crítico do custo das grandes obras". Para ele, Portugal deveria ter outras prioridades, acrescentando que “o Governo erra quando dá por adquirida a consolidação das contas públicas”. Efectivamente continua-se a gastar mais que aquilo que se produz, o que levará a velhas e novas formas de endividamento que as gerações vindouras estão condenadas a pagar; condenadas à nascença ao esclavagismo tributário para pagar lucros imediatos de projectos estranhos às nossas necessidades.
Mas as coisas são o que são; um construtor produz obras, e se estas são efectuadas segundo os interesses específicos de uma ínfima parte da sociedade, estamos em presença de um crime de lesa património que se exerce sobre a grande maioria da população.
"Um filósofo produz ideias, um poeta versos, um padre sermões, um professor manuais etc. Um criminoso produz crimes. Se considerarmos um pouco mais de perto a relação que existe entre este ramo da produção e o conjunto da sociedade, revelaremos muitos preconceitos. O criminoso não produz apenas crimes, mas ainda o direito penal, o professor que dá cursos sobre o direito penal e até o inevitável manual onde esse professor condensa o seu ensinamento sobre a verdade. Há, pois, aumento da riqueza nacional, sem levarmos em conta o prazer do autor.
O criminoso produz ainda a organização da polícia e da justiça penal, os agentes, juízes, carrascos jurados, diversas profissões que constituem outras categorias da divisão social do trabalho, desenvolvendo as faculdades de espírito, criando novas necessidades e novas maneiras de satisfazê-las. Somente a tortura possibilitou as mais engenhosas invenções mecânicas e ocupa uma multidão de honestos trabalhadores na produção desses instrumentos.
"O criminoso produz uma impressão, que pode ser moral, ou trágica; desta forma ele auxilia o movimento dos sentimentos morais e estéticos do público. Além dos manuais de direito penal, do código penal e dos legisladores, ele produz arte, literatura, romances e mesmo tragédias. O criminoso traz uma diversão à monotonia da vida burguesa, defende-a do marasmo e faz nascer essa tensão inquieta, essa mobilidade do espírito sem a qual o estímulo da concorrência acabaria por embotar.
O criminoso dá, pois, novo impulso às forças produtivas..."
(Karl Marx)
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