Deborah Jeane Palfrey, a CEO da empresa Pamela Martin & Associates, tinha prometido não voltar a passar nem um minuto mais na cadeia. Sentia-se bem protegida. Embora a empresa se assemelhasse aos inúmeros escritórios de advocacia e também às centenas de agências que fazem lobie junto das instituições da capital americana, tinha uma particularidade: era uma rede de prostituição, de alto nível frequentada por políticos influentes da capital dos EUA; a parte das autoridades que não estariam alegadamente envolvidas, para a acalmar a mais que puritana opinião pública, divulgaram que a empresa, em 13 anos de funcionamento gerou um negócio de cerca de 2 mil milhões de dólares, mas que a dona seria presa e condenada. Começaram aí os problemas para o Poder. Madame Palfrey ameaçou divulgar uma lista de cerca de 15 mil clientes, um escândalo, uma vez que atingiria inúmeros colaboradores de alto nível da administração Bush.
Who will end this vicious cycle of questions with no answers?
A justiça insistiu e Palfrey começou por leiloar para a imprensa as gravações do seu atendedor electrónico. Depois da detenção os calafrios continuaram quando em Maio de 2007 começou a divulgar a lista dos envolvidos, alegando que precisaria deles como testemunhas de defesa. Da lista fariam parte um "economista do governo Bush, o chefe de um centro de estudos privados conservador, um renomado executivo-chefe e funcionários do Pentágono". Caíram os primeiros nomes, a começar pelo Chefe da Polícia da cidade Ed Norris que, por razões de segurança das altas individualidades que desejavam copular, o encarregaram de providenciar o transporte da meninas aos locais indicados – seguidos dos frequentadores de prostitutas: o Governador Ehrlich, o Congressista Duke Cunningham, o senador do estado de Louisiana David Vitter, Harlan Ullman estratega do Pentágono autor da doutrina do "choque e pavor", que vem sendo aplicada no Afeganistão e no Iraque, Dick Morris, ex-conselheiro de Bill Clinton actualmente comentarista de TV, já indiciado noutra rede de prostituição em 1996, Randall L. Tobias vice-secretário de Estado e, ironicamente, responsável pela política de ajuda financeira a programas de abstinência e contra a prostituição em países pobres através da Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID), o fornecedor privado de material para a indústria de Defesa Brent Wilkes e "Dusty" Foggo, Director executivo da CIA; no âmbito desta estranha (ou talvez não) ligação o senador republicano Jerry Lewis, o chefe da poderosa “House Appropriations Committee” seria investigado. O procurador Jonathan Luna envolvido no esquema de corrupção suicidou-se; o assistente de Luna, Thomas DiBiagio foi encontrado morto com 36 punhaladas, a polícia local disse que foi suicidio, a policia federal disse que foi homicidio. Então a juiza do "hookergate" Gladys Kessler proibiu a ré de divulgar mais nomes.
Seria fácil à nossa desenxabida imprensa fazer esta pequena lista e organizar a sequência dos acontecimentos (mas o que diria a nossa Maria?), no entanto resolveram aviar a coisa de modo simplificado, até porque, se assim não fosse, levar-nos-ia à pergunta sem resposta mais importante de todas: da lista faria parte o vice-presidente “Dick” Cheney. Eis por que razão Deborah Jeane Palfrey apareceu morta nas traseiras de um armazém em Tarpon Springs na Flórida. O caso não oferece dúvidas: foi suicidio; provavelmente assistido, mas suicídio.
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