“Que Fazer” perante a Crise?
Primeiro que tudo há que compreendê-la. Esta é uma crise herdada dos estilhaços da “social-democracia” europeia que em Portugal desaguou no pós 25 de Novembro sobre Mário Soares que, perante o actual reforço intervencionista do Estado, pergunta com a maior lata deste mundo “onde estão agora os neoliberais?” – por acaso não tem um espelho retroactivo onde se possa (re)ver a assinar as vultosas letras de crédito com que hipotecou o país às doutrinas do FMI? (ele sabe que a moeda de troca impôs a abertura de mercado aos voláteis investimentos especulativos (as estradas do Cavaco, automóveis de topo, rotundas camarárias e as acções de formação do Torres Couto), a desregulamentação financeira, etc. foram o 1º passo dos males que sofremos agora). “Onde estão os neoliberais” senhor ex-PR?, que falta de pudor; Repare, se calhar o modelo mais acabado está na figura do chefe, (ou coach?) saído do seu american- modificado partido de vendilhões de banha da cobra. Repare no que diz VPV: “numa palavra, os patrões querem Sócrates”
Jorge Gómez Barata: “Apesar das reservas ideológicas derivadas das posições de classe com os matizes conhecidos, desde os finais do século XIX que a intectualidade europeia assumiu as teses de Karl Marx nos campos da Economia Politica e da Sociologia”. Estudam-nas para melhor as poderem canibalizar e destruir.
O mesmo não ocorreu com Lenine que, ao liderar a Revolução Bolchevique foi estigmatizado e a quem o Ocidente, incluindo a chamada “esquerda social democrata” não reconhece méritos científicos. A sua produção intelectual relacionou-se com tarefas concretas da edificação socialista, o enfrentamento da contra-revolução paga, que ironia, pelos regimes sociais democratas europeus e os desvios internos do movimento revolucionário – “O Estado e a Revolução” e “O Imperialismo, Estádio Superior do Capitalismo” (1916 em plena 1ª grande guerra) são obras fundamentais e ferramentas teóricas para entender a actual crise do sistema capitalista. Os economistas de formação marxista sabem que as crises do capitalismo não são acidentes, casualidades ou conjunturas infaustas, mas apenas os resultados naturais e inevitáveis do modo de operar do sistema. Marx não conheceu a anarquia nem a desregulamentação, o crescimento (fuga desordenada em frente) pelo desperdício das sociedades de consumo, nem a arquitectura monetária e financeira internacional - a sua obra abrangia apenas a economia real, agora modificada pela especulação, assente em políticas económicas impostas baseadas no endividamento massivo e em dívidas gigantescas criadas.
Lenine teorizou, a partir das macaquices do judeu social democrata alemão Rudolf Hilferding, as caracteristícas essenciais de um novo estádio do capitalismo que denominou “Imperialismo”, cujas estruturas de exploração não estavam presentes no período de vida de Marx. É necessário compreender que os países não são peões autónomos que se movem pela sua própria cabeça num tabuleiro de xadrez onde existem outras peças muito mais poderosas cuja posse determina as regras do jogo. É um embuste recorrente, os comentadores oficiais induzirem as pessoas a pensar que os males (ou bens) se devem ao nosso comportamento ou a causas internas ("somos todos responsáveis” disse Cavaco)
Henry Paulson, a rainha do tabuleiro, afirmou ontem que, apesar da “ajuda” do Estado aos banqueiros privados a crise irá perdurar: “são precisos os esforços de todos numa perspectiva bi-partidária para enfrentar os maus tempos que aí vêm”, ou seja, cortes nos direitos adquiridos, inflação milhões de desempregados. Ora isto, a ideia de coligação dos 2 partidos que integram o sistema de pensamento único, é todo um programa ditatorial imposto; significa dizer que os zombies alinhados com os neocons terão de aceitar governos das 2 maiores facções do bloco central (como sempre), o P”S” sem maioria absoluta coligado com o P”SD” para “defenderem os nossos interesses nacionais” – que já sabemos mais ou menos como funcionam: mal Paulson tinha finalizado a alocução e o senador Henry Waxman denunciava no Congresso que os executivos de ponta da empresa AIG, resgatada pelo Estado para se livrar da falência com a quantia de 85 mil milhões de dólares, foram, mal receberam a garantia do dinheiro, passar uma semana de férias num resort de luxo, o St. Regis Monarch Beach na Califórnia, onde, a 1000 dólares por noite, gastaram mais de 440 mil dólares. Nós sabemos como funciona o esquema mafioso de assalto aos bens públicos e como se processa o trânsito de toda a ralé de figurões parapolíticos entre o público e o privado. Vão às massagens, à manicura, servem-se de toda a espécie de mordomias e apresentam a conta aos contribuintes através das “empresas de aspecto público” cujos executivos dominaram o aparelho de Estado. A corrupção dos colarinhos brancos, como não tinha nada a ver com a Produção, também não foi teorizada por Marx – naquele tempo o lúmpen ia direitinho parar ao xelindró.
(continua)
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