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Inaugura hoje o
Doc Lisboa, sob a égide gráfica de uma glosa do artista chinês mais badalado da actualidade (
Yue Minjun) ao famoso quadro de Goya (mas desta vez
uma execução sem armas). Por ironia (ou descuido) a edição deste ano conta com uma forte presença do cinema israelita. A obra de abertura é uma espécie de musical (!) censurado em Israel, o que não deve ser difícil -
"Z32" um documentário de co-produção franco-israelita realizado por Avi Mograbi - diz o texto de apresentação:
"Um soldado israelita de uma unidade de elite procura perdão para os seus actos depois de ter participado numa missão onde foram mortos diversos palestinianos inocentes. A sua namorada, que já ouviu a história vezes sem conta, recusa reconhecer as atenuantes do crime em que ele participou. Um realizador de documentários dá-lhe a oportunidade de contar a sua história
sem ter de assumir responsabilidades.
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“
Z32” centra-se na difícil fronteira que reside entre o
testemunho perturbador e a sua representação artística" - a arte como manipulação? Em
Israel a frase "
dispara e depois chora!" (yorim vebochim) é uma expressão muito comum usada para criticar o destino dos soldados em missões de ocupação, os quais
devem saber melhor que ninguém que estão a perpretar crimes de guerra, levando em linha de conta que esta malta também se diverte depois da hora de serviço - veremos se o exercício nos serve para distinguir entre
o que é o Sionismo como doutrina de um Estado religioso (e a sua diferença em relação à
barragem que é feita em nome do Anti-Semitismo) e as tão propaladas doutrinas pacifistas de boas intenções de uma 3ª via impossivel, mergulhada no fanatismo interno mas de fachada democrática - onde, como muito bem lembra o folheto: "ninguém se sente obrigado a assumir responsabilidades"
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