Um ficcionista gringo publicou há dois anos na revista neocon transAtlântico (a versão nacional faliu) um artigo com o titulo “estará o Google a fazer de nós estúpidos?” O que é que a Internet nos está a fazer aos miolos? As pesquisas na Internet podem facilitar-nos a vida, ou por outro lado estamos a perder a capacidade de concentração?
Nicholas Carr: “Você salta de um site para o outro, recebe várias mensagens ao mesmo tempo, é chamado pelo Twitter, pelo Facebook ou pelo Mensager. Isso desenvolve um novo tipo de intelecto, mais adaptado a lidar com as múltiplas funções simultâneas, mas que está a perder a capacidade de se concentrar, ler atentamente ou pensar com profundidade. Isso é resultado da dependência crescente em relação à Internet. Essa forma de pensar vai reduzir a nossa habilidade para pensar contemplativamente. Consequências? – a riqueza da nossa cultura não é apenas a quantidade de informação que se consegue juntar. Tem a ver com os indivíduos pensarem profundamente sobre a informação, avaliarem os dados que recebem e não se deixarem bombardear passivamente por vários estímulos”. (revista Sábado)
Concluindo, temos acesso em quantidade à informação, mas o resultado poderá ser mais pobre. E os culpados não são a Internet, o Google, nem os sites corporativos que são uma mera extensão do jornalismo de empresa gerida pelo patrão. Há outras causas. Por exemplo, a Amazon vende o Kindle por 186,50 euros, mas o Estado português acrescenta à comercialização mais 40 euros de taxas alfandegárias. Mesmo que o consumidor se disponha a pagar 227 euros para escolher 1.500 livros (que é a capacidade descarregável do aparelho) entre os 400 mil disponíveis, em língua portuguesa há apenas um autor à escolha: Paulo Coelho.
Quer isto dizer que os espertinhos que se propõem ser “cultos” dentro do anglo-americanismo, pagam com língua de palmo a sua própria alienação. É dentro desta óptica de torcer os pepinos logo desde pequeninos que se desenvolve o negócio de Estado em redor dos computadores Magalhães nas escolas. Outra bizarria ainda mais espantosa na “cultura nacional” é o facto de ser preciso pagar para ler Pacheco Pereira (!) ou por exemplo os bloggers para acederem a um programa de comentários como o Haloscan tenham de passar a pagar uma anuidade. (É por essa razão que temporariamente os comentários estão aqui desactivados). Nestes pontos Nicholas Carr tem razão, a Internet pode fazer dos maus utilizadores gente estúpida, se na era da liberdade de informação internacionalista se dispuserem a pagar a sobrevivência económica das elites nacionais.
Quer isto dizer que os espertinhos que se propõem ser “cultos” dentro do anglo-americanismo, pagam com língua de palmo a sua própria alienação. É dentro desta óptica de torcer os pepinos logo desde pequeninos que se desenvolve o negócio de Estado em redor dos computadores Magalhães nas escolas. Outra bizarria ainda mais espantosa na “cultura nacional” é o facto de ser preciso pagar para ler Pacheco Pereira (!) ou por exemplo os bloggers para acederem a um programa de comentários como o Haloscan tenham de passar a pagar uma anuidade. (É por essa razão que temporariamente os comentários estão aqui desactivados). Nestes pontos Nicholas Carr tem razão, a Internet pode fazer dos maus utilizadores gente estúpida, se na era da liberdade de informação internacionalista se dispuserem a pagar a sobrevivência económica das elites nacionais.
Relacionado, mas que não cabe nos "kindles":
"Bens Comuns na Era digital: a economia dos bens comuns tem na Internet um dos campos mais férteis para a multiplicação de experiências de disponibilização de conteúdos à escala global. A associação Wikimedia Portugal, recentemente criada, pretende alargar o universo digital dos conhecimentos de livre acesso em lingua portuguesa, tanto em texto como em imagem" (Walter Pimenta, no Le Monde Diplomatique)
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"Bens Comuns na Era digital: a economia dos bens comuns tem na Internet um dos campos mais férteis para a multiplicação de experiências de disponibilização de conteúdos à escala global. A associação Wikimedia Portugal, recentemente criada, pretende alargar o universo digital dos conhecimentos de livre acesso em lingua portuguesa, tanto em texto como em imagem" (Walter Pimenta, no Le Monde Diplomatique)
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