Mesmo que fosse verdade, o fim da recessão técnica não significa mais empregos. Situação que, como se comentou ontem sobre os votos de bom ano do PR aos portugueses, gera conflitos e tensões sociais - "o flagelo do desemprego que atingiu este ano o valor mais alto desde há muitos anos (10,2% em Novenbro de acordo com os dados do Eurostat) deverá persistir ao longo do ano de 2010. Ninguém quer fazer previsões, mas é pouco provável que a taxa de desemprego baixe dos dois digitos ao longo de 2010 (...) a avaliar pela história económica recente, os postos de trabalho apenas começam a ser gerados entre um ano e um ano e meio após o país sair da recessão. E Portugal ainda está mergulhado nela" (Visão).
A produção industrial em Portugal continua a baixar: baixou 7,6 por cento em Novembro. Se esta tendência se mantiver, como se vai manter, conforme notou o economista Carlos Pereira da Silva, o desemprego atingirá rapidamente os 15% logo que o governo retirar as ajudas à formação profissional. Atendendo que o número de não inscritos no fundo de desemprego ronda os 170 mil, a taxa ultrapassará de facto os 20 por cento!
O mundo maravilhoso onde os interesses dos patrões e dos trabalhadores se harmonizam não existe - seria como a ilusão de salvação do bem pela vida eterna para a Igreja, aviões privados e resorts de luxo, para todos e não apenas para a clientela de Cavaco. Mas mesmo com a casa às moscas ambas as instituições continuam a dizer missa. Falando de emprego, o curioso é que uma associação improdutiva como a ICAR, que nada faz excepto controlar a passividade social perante o ataque da classe dominante às classes trabalhadoras, função para a qual é muito convenientemente remunerada pelo Estado, se arroge a botar faladura sobre o entendimento entre os representantes dessas mesmas classes exploradoras, como faz o bispo designado pelos deuses para Lisboa:
"o endividamento público e a regionalização são exemplos de situações que exigiam um entendimento entre os partidos"
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