Ano novo, vida velha. “Terminámos o ano como começámos a década: sob a ameaça do terrorismo” – a frase é da ponta de lança delegada do sionismo em Portugal, Esther Mucznik – que continua: “porque a Al-Qaeda (traduzido literalmente: A-Rede islâmica) continua viva, embora fragilizada do ponto de vista militar”. Pois é, ultrapassando para já a discussão sobre o militarismo institucional numa situação em que a maioria das vítimas são civis, do ponto de vista das declarações de guerras religiosas, depois os outros é que são acusados de anti-semitismo.
Ninguém viu nada. Kurt Haskell, um dos passageiros do voo Delta 253 ao ser obrigado a ficar enclausurado numa sala após a evacuação forçada do terminal do aeroporto afirmou taxativamente: “Hoje é o dia em que eu me apercebi que o meu próprio país me está a mentir, a mim e a todos os americanos”. Isto sobre o tal tipo que foi surpreendido num caso de jet-stress numa casa de banho do avião. Do que se quer dar a ver, esconde-se que “ver” não é compreender. Tudo foi feito a partir de um único individuo (muito conveniente- mente árabe) e de uma super-seringa explosiva – e querem-nos fazer acreditar (a mim especialmente, que nem a mini-caixinha das pílulas para a loucura consigo fazer passar através dos “scaners” e apalpanços aeroportuários) que o puto Umar Farouk Abdulmutallab de 23 anos seria uma séria ameaça à civilização de índole yankee. Visto por outro prisma e por outros motivos, até será, não ele, o jovem privilegiado filho de banqueiro nigeriano (a quem bastou um curso de três meses num Instituto de língua árabe no Yémen para aprender a fabricar bombas (?), mas o verdadeiro perigo: a resistência interna das populações ocidentais aos crimes belicistas dos neoconservadores.
“uma vez que o povo esteja aterrorizado, existem condições para a imposição de um Estado policial, em nome da própria defesa desse povo” (Mae Brussel) “Se a tirania e a opressão se abaterem alguma vez sobre a nossa terra, isso só poderá ser feito em nome do combate a um inimigo estrangeiro” (James Madison)
A primeira pergunta que o inspector faz quando se depara com o crime é a clássica: quem beneficia com o conto de fadas bombista? Após a detenção as autoridades afirmaram imediatamente que Abdulmutallab tinha confessado ter recebido treino da “rede terrorista”. No dia seguinte, sábado dia 26, o senador judeu-neocon Joe Lieberman (o que cumprimenta Bush de duplo beijinho na face) veio pressuroso ao Senado recitar uma comunicação, concluindo com uma evidência: “O Iraque foi a guerra de ontem, o Afeganistão é a guerra de hoje. Se não agirmos preventivamente o Yémen será a guerra de amanhã”. Lieberman um dia depois admitiu em entrevista à Fox News que “as autoridades não estavam certas de que contactos teriam havido entre “o filho extremista do banqueiro” e que indivíduos no Yémen. Mas este “não temos a certeza” serviu na mesma como “facto concreto” para desencadear o primeiro impulso para os media corporativos começarem a rufar os tambores de uma nova guerra assente numa histeria absurda despejada sobre a população. Encerrou-se durante horas o ponto mais visível da mitologia do medo, a praça de Time Square em New York. As novas regras de segurança espalharam o pânico nos aeroportos (1).
No domingo dia 27 Obama enviou o secretário da Defesa Brennan (o mesmo de Bush) ao local para vender a ideia do ataque a partir do Yémen. A secretária de Estado para os negócios estrangeiros Clinton certificou de seguida o alarme comunicando que “a instabilidade no Yémen constitui uma ameaça global". Gordon Brown fez o coro apropriado (como Blair fez com Bush) com a sugestão de criação de uma brigada anti-terrorista à escala global; e até o nosso moço de fretes Luís Amado concluiu que “o Iémen fica perto de mais de Portugal para não nos preocuparmos”. Passados dez dias os Estados Unidos suspenderam a repatriação dos 91 yemenitas que se encontram presos em Guantanamo.
No final de tanto aparato, conclui-se que as verdadeiras razões da nova empreitada belicista se ficam a dever ao facto de a Lei de Excepção decretada durante o mandato de George W. Bush que alterou o “Patriotic Act” com medidas draconianas sobre segurança expirava no final do ano por decisão do Congresso, uma vez que eram inconstitucionais. Era preciso acontecer algo para que existissem razões para prorrogar a alteração da lei. E o que aconteceu foi um embuste, ou como se diz nos EUA uma operação de “false flag” como tantas outras. Todos os intervenientes oficiais no caso do “falhado-terrorista-da-seringa-explosiva-escondida-nas-virilhas” mentem – e de uma forma tão primata que têm servido como objecto de chacota a meio mundo.
Aliando a este facto outra intenção, Webster Tarpley, no RússiaToday dismistificou rapidamente os propósitos das administrações dois-em-um Obama/Bush ao citar a Al-Qaeda, uma criação da CIA como grupo de pressão na área de acção dos interesses norte americanos:“o falso acto terrorista do qual decorre o ataque ao Yémen, um dos paise mais pobres do mundo, decorre da vingança pelo atentado de um agente duplo que limpou recentemente de cena sete agentes da CIA no Afeganistão”.
Dir-se-á mais. Se as coisas aconteceram com a mesma lógica de acção da célula terrorista que operou no Yémen em 2008, Israel está, como sempre, comprometido nas grandes questões de terrorismo de Estado. Na célula terrorista que foi descoberta em Outubro de 2008 a análise de dados de um computador do grupo da jihad islâmica de Abdullah Fadhel Bassam al-Haidari tinha ligações a uma agência dos serviços secretos israelita (fonte)
1 comentário:
A Nova Inquisição ( A caça às bruxas moderna).
Esse período caracterizado pela doutrina "Mundo Livre x Terror, que dá margem a todo tipo de abuso criminoso por parte de seus idealizadores, será causa de vergonha para as gerações futuras, no contexto da civilização global.
Os postos de fronteira atuais são controlados por carrascos zelosos, prontos para ativarem os alarmes da histeria, ovelhas bonachonas que são da "doutina" em questão. Sem falar na prostituta midiática, comadre ávida de pano para seus fuxicos, de preferência aqueles com temas de um contos de fadas bem estrombóticos que costuram em seus tablóides sensasionalistas.
Quando os livros de História já registrarem com detalhes as manobras do Ocidente e seu posto avançado na Palestina, só nos restará algum resquício de pena pelos inocentes engolfados no roldão da farsa cujo 11/09/2001 foi o "start" dos senhores da guerra encastelados na América do Norte.
É com pesar que assistimos impotentes ao assassínio de inocentes no Oriente Médio.
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