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sexta-feira, janeiro 01, 2010

Leda e o Cisne revolucionário

Até 31 de Janeiro estará patente na Cordoaria Nacional em Lisboa, a exposição sobre Alberto Korda, o fotógrafo cubano que foi autir do retrato mais reproduzido no mundo – o guerrilheiro heróico – Ernesto “Che” Guevara.

A mostra, intitulada “Korda, Conhecido Desconhe- cido”, apresenta cerca de 200 fotografias retiradas dos arquivos pessoais do autor, versando sobre as criações de moda nos Studios Korda (a primeira ocupação do fotógrafo) para depois prosseguir pela “beleza da mulher”, por retratos do povo, do mar e, finalmente, os lideres revolucionários. A este último incómodo os patrocinadores (a Câmara Municipal de Lisboa) não se poderiam, naturalmente, furtar. Esta exposição é uma visão redutora, que pretende tornar invisível, pessoalizando os intervenientes da revolução popular que conquistou Havana no dia 1 de Janeiro de 1959. Faz hoje precisamente 51 anos.
O filme exibido em paralelo na Cordoaria é também parcial, uma vez que cria artificialmente uma “ilha Korda” (por via do tal famoso retrato) no meio do mar agitado da Cuba revolucionária, enquanto ignora outros autores de imagem, trabalhadores genuínos e não ícones dos Media. A mostra atinge finalmente o clímax com a inscrição na parede de um slide que desperta deveras a atenção: Alberto Korda teria morrido em Paris (em 2001) nos braços de uma jovem trinta anos mais nova que ele – ao que Fidel teria comentado “esse é mesmo o Korda que eu sempre conheci”.
Pois é, estes revolucionários são lixados, só querem é cobrir
.

Leda e O Cisne, Corregio, 1531, GemaldeGalerie Staatliche, Berlim

Lamenta-se, mas o verdadeiro objecto documental não é o que se apresenta na exposição “Korda, Desconhecido&Tal”. O objecto que deveria estar a ser projectado seria “KordaVision, Uma revelação Cubana”, um documentário do realizador cubano Hector Cruz Sandoval de 2005. Alberto Diaz Gutierrez Korda viveu de facto esses anos loucos 50 e 60, do rum e da moda sob a ditadura de Fulgêncio Batista, o que não impediu que viesse a ser nomeado o fotográfico oficial da revolução. Mas em conjunto com ele cresceram também grandes repórteres de imagem como, entre outros, Raúl CorralesLiborio Noval e Roberto Salas, que são aqui recebidos pelo Comandante Fidel Castro - enfim, trabalhos de um colectivo que reúne imagens poderosas que causaram grande impacto por todo o mundo. Minudências que decerto não interessam aos promotores publicitários mais interessados em ícones para t-shirts

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(legendado em castelhano)

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