O melhor remédio para a cura da ingenuidade dos que pensam que lá por clicarem uma vez num boletim de voto (num sistema inquinado pela cúpula) a sua intervenção irá alterar os desígnios prévios dos promotores da votação.
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O projecto mais votado no
Orçamento Participativo da Câmara Municipal de Lisboa foi o da transformação do Cinema Europa num centro cultural de serviço público. Exercendo o direito formal de
cidadania participativa (em 10% do total envolvido), mal informada e desconhecendo as bases rudimentares para uma tomada de decisão, um ajuntamento precário de idiotas bem intencionados (bem à maneira das multidões transitórias em Negri)
votou na transformação de um edifício que não é propriedade municipal; e como a autarquia não tem nem terá orçamento para adquirir o prédio – hoje o executivo da CML veio anunciar que
o Cinema Europa será demolido para no seu lugar nascer uma torre de condomínios de luxo com piscinas no roof-top – mas obrigando o promotor imobiliário a reservar um pequeno espaço no rés-do-chão numa loja arrendada à Câmara destinada a um “centro cultural” -
respeitando-se assim a vontade do povo.
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